Coluna Fato&Comentário
Por Edison d'Ávila -
Praça Vidal Ramos ou Largo da Matriz Velha
Tiveram início, noticia a imprensa, as obras de reurbanização da Praça Vidal Ramos, antigo Largo da Matriz Velha de Itajaí, lugar histórico em que nasceu a cidade.
O local estava mesmo a reclamar a atenção da municipalidade, pois eram precárias suas condições de conservação. Qualquer transeunte ou turista, que por ali caminhasse, acabrunhava-se com a má apresentação da praça.
O Largo da Matriz Velha se originou da doação que fizeram José Coelho da Rocha e sua mulher Maria Coelho da Rocha, antigos moradores das margens do rio Itajaí-açu, de uma porção de terra, medindo trinta braças de frente, por sessenta braças de fundos, fronteira à margem direita do rio, no lugar chamado “Estaleiro”, para ali ser construídos a Capela do Santíssimo Sacramento e um cemitério. Em torno dos quais, surgiria o aglomerado urbano que deu origem à cidade de Itajaí. Isso, em 1824.
A Capela depois se converteu na primeira Igreja Matriz e hoje é a Igreja da Imaculada Conceição. O cemitério, construído aos fundos da Igreja, em 1863 dali foi transferido e todo o espaço, atrás e na frente, converteu-se em enorme descampado coberto de areial até a margem do rio e com touças de capim de entremeio. A todo esse logradouro público se denominou Largo da Matriz, quando após a instalação do Município em 1860 foram dados nomes às primeiras vias públicas da Vila de Itajaí.
O primeiro ajardinamento do local foi obra de uma entidade comunitária – o Centro Aformoseador de Itajaí – em 1906, com árvores e canteiros de flores, conforme uma planta mandada do Rio de Janeiro pelo então Ministro Lauro Müller. Em 1913, passou a se chamar Praça Vidal Ramos.
A primeira urbanização mandada fazer pela municipalidade se deu em 1936 e atendeu às duas áreas. Foi quando a parte da frente da praça ajardinada recebeu o nome de Jardim Lauro Müller e a área atrás da Matriz ficou denominada Jardim Bruno Malburg. A urbanização teve grande efeito estético e paisagístico, com muitos canteiros, árvores, lago e uma ponte, pela qual costumavam atravessar as moças em footing e que, por isso, os enamorados a chamavam de “Ponte dos Suspiros”. Já nos anos de 1950, no Jardim Bruno Malburg foi construída uma fonte decorativa a jorrar água do bico duma ave aquática. A oposição, por chacota, logo apelidou o novo equipamento público de “a marreca do Seu Paulo”, para zoar com o prefeito que o construiu.
Digressões jocosas à parte, a Praça Vidal Ramos ou Largo da Matriz Velha, portanto, é o sítio histórico onde nasceu Itajaí, em que se encontra a mais antiga edificação da cidade, a Igrejinha da Imaculada Conceição, e se erguem três marcos históricos notáveis: o monumento a Lauro Severiano Müller, de 1935, obra do escultor Antonino de Mattos, a herma à dona Elizabeth Malburg, de 1969, o único monumento dedicado a uma mulher em Itajaí, cuja cabeça, obra do escultor Teichmann, furtada há anos, precisa ser recolocada, e o Marco Zero, obra da artista plástica Márcia d´Ávila, de 2004, assinalando a importância do lugar onde Itajaí teve começo.