Como é sabido, o Colégio São José se originou do antigo Colégio Paroquial, fundado pelo vigário de Itajaí, Padre José Foxius, em 1908, que em 1909 passou a ser dirigido pelas irmãs da Congregação da Divina Providência, as chamadas “irmãs alemãs”.
No começo do século XX, só havia na cidade duas únicas escolas públicas isoladas de mestres únicos, uma para meninos, outra para meninas, que mal atendiam a demanda por matrículas, tinham péssimas instalações e nenhum material didático. Desesperançados da melhoria da qualidade da educação pública, líderes comunitários luteranos e católicos, cada um de per si, criaram escolas para seus filhos. Os luteranos, a Escola Alemã de Itajaí em 1903 e os católicos, como se disse, o Colégio Paroquial, propriedade da paróquia.
Aconteceu que em 1940, pretendendo dar início à construção da nova Matriz de Itajaí, o vigário pôs à venda o Colégio Paroquial São José. Mas as “irmãs alemãs” não o quiseram comprar e a proposta foi feita às Irmãzinhas da Imaculada Conceição que, apesar de dificuldades, aceitaram-na.
Em janeiro de 1941, as novas proprietárias se instalaram na escola e abriram matrículas. Todavia, essas minguaram. O que teria havido? Elas, então, ficaram sabendo que a maioria dos pais não queria confiar seus filhos à educação ministrada por “irmãs colonas de Nova Trento”.
Essas famílias não acreditavam no perfil cultural e educacional das irmãs de uma congregação religiosa que não tinha sua matriz na culta Europa, como era o caso da Congregação da Divina Providência, cuja casa mãe ficava na Alemanha, de onde vinham livros, material didático, artístico e pessoal formado. As “irmãs alemãs” ofereciam antes aulas de piano, pintura e de alemão, o que muito agradava as famílias.
Estava posto, portanto, o desafio às brasileiras Irmãzinhas da Imaculada Conceição. Boas mestras religiosas, bons professores leigos se puseram de corpo e alma a trabalhar por educação de qualidade. Educação e também cultura foram ofertadas aos alunos como promessas de se fazer uma escola melhor.
E deram a volta por cima. Já no segundo semestre daquele ano, na Semana da Pátria, com o Salão Nobre do Colégio lotado de pais, a festa cívica, apresentada pelos alunos com esmero, arte e civismo, foi aplaudida com entusiasmo por todos. A situação havia mudado para melhor. As “irmãs colonas de Nova Trento” nada ficavam a dever às “irmãs alemãs”. Só não mais havia aulas de alemão. O que não fez falta: com a campanha de nacionalização deflagrada pelo regime getulista logo depois, falar alemão se tornara crime de lesa pátria!...
As oito décadas de boa Educação ofertada à larga parcela da juventude de Itajaí, pelo Colégio São José, só fazem comprovar essa conquista histórica.