Coluna Fato&Comentário
Por Edison d'Ávila -
Rua Pedro Ferreira ou do Commercio - certas histórias
O DIARINHO noticiou que a rua Pedro Ferreira foi fechada para obras de reurbanização. Pois então se veja. Desde que foi calçada com pedras nos anos de 1950 e da colocação de asfalto no início de 2000, vem a ser a primeira requalificação urbanística dessa que é uma das duas primeiras e mais antigas vias públicas da cidade. A outra é a rua Lauro Müller.
As duas ruas surgiram naturalmente, à medida que os primeiros moradores foram se estabelecendo junto da margem direita do rio Itajaí-açu, perto de sua foz, ao se formar o aglomerado urbano, depois da criação do Curato do Santíssimo Sacramento em 1824, que deu origem à cidade de Itajaí.
A capela do Santíssimo Sacramento e Nossa Senhora da Conceição, a atual Igrejinha da Imaculada Conceição, demarcou o centro do novo povoado, tendo à frente o largo ou praça e nos fundos, o cemitério. A partir dali, formou-se um caminho para o sul, que é a rua Lauro Müller; e, para o norte outro, a antiga “rua do Commercio”, hoje Pedro Ferreira. Sempre de frente para a praia do rio, sem qualquer alinhamento, ali estavam construídas nas primeiras décadas do século XIX tão só quatro modestas casas, todas de taipa, duas cobertas de palhas e duas com telhas. Nenhum comerciante ainda se instalara na rua por essa época. Os quatro moradores eram um mestre carpinteiro de ribeira, o primeiro remador que fazia a travessia do rio, um sitiante e o cirurgião, único profissional de saúde residente em Itajaí.
Na segunda metade do século XIX, a exportação de madeira pelo porto alavancara o comércio, o movimento econômico cresceu, o município foi instalado em 1860 e aquele antigo caminho para o norte recebeu o primeiro nome: “rua do Commercio”. Isto porque agora, na rua, haviam se estabelecido comerciantes de grosso trato, como então se dizia. Aqueles que exportavam, importavam e tinham seus próprios navios. Ali estavam sedes de grandes empresas como Companhia Malburg, Bauer & Cia, Liberato & Irmãos.
Nessa rua estiveram sediadas também outras empresas, bancos, órgãos públicos, clubes, lojas, bares que a tornavam referência na geografia da cidade de anos passados: Almeida & Voigt, G. Miranda, Navegação Costeira, C.N. Almirante Barroso, Bloco dos XX, Casa Paroquial, Colégio Paroquial São Luiz (origem do Colégio São José), Posto de Saúde, Fiscalização do Porto, Fórum, Cartórios Almeida, Krobel, Cesar, Jornal do Povo, jornal A Nação, Banco Nacional do Comércio, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Pátria Cia. de Seguros, Papelaria Rangel, Foto Juca, Malburg Palace Hotel, Caiçaras Clube, Bar Dinamarca e Texas Bar (bares referenciais da boemia).
A “rua do Commercio”, depois de 1889, foi renomeada “rua Pedro Ferreira” em homenagem ao médico e líder político de Itajaí. E por falar em política, a rua teve importância política também, notadamente durante a Revolução Federalista de 1893, porque ali residiam os principais líderes federalistas itajaienses: Emanoel Pereira Liberato, Antônio Pereira Liberato e Manoel Antônio Fontes. A casa deste último ficou sendo o quartel-general de Gumercindo Saraiva, enquanto o líder maragato ocupava com suas tropas a cidade. Também foi no final da rua, na esquina com a rua Silva, que esses revolucionários degolaram o comerciante itajaiense Procópio José de Bayer.
 
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