Há muitos anos a cidade de Itajaí (SC) discute a ocupação da Praia Brava que, atualmente, é uma das áreas com maior potencial urbanístico do Litoral Norte catarinense. A temporada de verão nem chegou e, recentemente, a Praia voltou a ser manchete de notícias negativas, quando jovens ocuparam algumas ruas do bairro para realizar uma festa clandestina em meio a uma pandemia gravíssima. E paradoxalmente a festa é na rua não na praia...
Todos sabemos que, há anos, moradores, surfistas, turistas e outros frequentadores da Brava, convivem com a falta de segurança no bairro. Quem vive ali também reclama da algazarra e do som alto e fora de hora, do lixo deixado sobre a área de restinga. Questões ligadas à infraestrutura e zoneamento urbano também são pautas importantes e devem estar inclusas no processo de revisão do Plano Diretor do Município.
A Brava tem potencial para se tornar um dos melhores lugares do mundo para se viver. Está localizada numa região estratégica, possui natureza exuberante e vocação nata para o turismo e o entretenimento. Seus bares e restaurantes ja se destacam tornando sua vida noturna a mais vibrante da região. Seus empreendimentos já trazem características muito interessantes como inovação, design e sustentabilidade.
Aos poucos, o bairro vem deixando o isolamento para trás e se integrando às regiões vizinhas. Vias importantes foram pavimentadas, os acessos foram melhorados, uma passarela passou a interligar Brava Norte e Brava Sul. Estas obras vêm ajudando a democratizar o espaço que, pela dificuldade de acesso, anos atrás era mais desfrutado por quem utilizasse um veículo automotor. É fácil perceber, atualmente, o aumento de pedestres e ciclistas de todas as idades que circulam e realizam atividades físicas e de lazer ao longo de toda a orla.
Com isso Praia Brava já se tornou uma alternativa a Balneário Camboriú. Até porque seus moradores e frequentadores querem um ocupação mais equilibrada e planejada. E temos a oportunidade de realizar exatamente isso. Projetos de qualidade mas que não alterem as características que nos fazem amar este local.
Regras de zoneamento urbano mais claras trarão maior segurança jurídica a novos investimentos que, por sua vez, fomentarão novos negócios e a criação de novos empregos na região. A movimentação econômica resultante deste processo adicionará aumento significativo na arrecadação municipal. Estes novos recursos podem ser investidos em outras pastas importantes de Itajaí, tais como saúde, educação, segurança, arte e cultura e até na própria infraestrutura das demais áreas da cidade.
Um exemplo de como essa evolução pode continuar foi acordo de cooperação, firmado entre a administração municipal e o Sinduscon, permitiu a elaboração de projetos executivos de urbanismo, pavimentação e drenagem pluvial de vias localizadas na Praia Brava. O projeto vai compor o “Programa Itajaí 2040: Moderna e Sustentável” e propõe alternativas viáveis e sustentáveis para o desenvolvimento do bairro.
É de ações como essas que carecemos. Parcerias público-privadas bem intencionadas e efetivas que tragam alternativas positivas à sociedade, são bem-vindas. É preciso reconhecer o potencial da Brava e enxergar o desenvolvimento do bairro como um aliado da natureza, que poderá proteger suas áreas verdes de ocupações irregulares, invasões em áreas de risco e de preservação - como já ocorre nas proximidades da Lagoa do Cassino. Somente uma ocupação legal e organizada vai trazer a vida que pode entregar a tranquilidade e a segurança que os moradores, comerciantes, frequentadores e turistas da Brava esperam e merecem. A oportunidade esta aí. O futuro da Brava em nossas mãos.
Celso Eduardo Rauen
Presidente da APROBRAVA