Coluna Fato&Comentário
Por Edison d'Ávila -
100 anos da “Pequena Pátria”
Muitos aqui em Itajaí estão acostumados a ouvir ou mesmo usam a expressão “a Pequena Pátria” ao se referir à cidade, de modo que esse carinhoso epíteto se lhe transformou em segundo nome.
Mas, quem sabe, existam também muitos que não saibam a origem, a autoria desse segundo nome de Itajaí. Pois, neste mês de outubro de 2020, estão a se completar cem anos do seu surgimento.
A gentil e amorosa expressão foi cunhada por Marcos Konder, então prefeito de Itajaí, em conferência que ele deu título e pronunciou na sessão solene da Câmara Municipal do dia 12 de outubro de 1920, em comemoração ao centenário de fundação de Itajaí.
Marcos Konder, o mais culto dos irmãos Konder, além do português, falava alemão e francês e tinha como assuntos seus preferidos política, economia e história. Dono de invejável biblioteca, foi membro do Instituto Histórico e Geográfico de Santa Catarina e da Academia Catarinense de Letras. Depois de pesquisa em documentos do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, no Rio de Janeiro, passou a atribuir a Antônio Menezes de Vasconcelos Drummond a fundação de Itajaí. Então, em outubro de 1920, fez realizar três dias de festas e comemorações alusivas aos cem anos da chegada de Drummond ao Vale do Itajaí; que ele entendia ser também da fundação de Itajaí.
A conferência se reporta de início aos fatos históricos ligados a Vasconcelos Drummond, segue com uma bem feita retrospectiva da história da administração do município de Itajaí desde sua instalação em 1860 e se conclui com primorosas páginas de grande literariedade e extraordinário culto à terra natal. É nessa altura que Marcos Konder afirma:
“Quem não ama a sua família, o seu lar, a sua terra natal, não pode amar o seu Estado, o seu País, a sua Pátria.”
A antológica conferência “A Pequena Pátria” foi editada em livro, a primeira vez, em 1923, pela Editora Companhia Melhoramentos de São Paulo; em 1958, teve a segunda edição pela Tipografia e Livraria Blumenauense S/A; a Fundação Catarinense de Cultura patrocinou a terceira edição em 1982; a quarta edição, em 2003, pela Fundação Genésio Miranda Lins/Prefeitura de Itajaí, e, em 2012, a Papa Terra Editora lançou uma edição fac-similar.
Em “A Pequena Pátria”, Marcos Konder diz do profundo amor que dedica à sua terra natal, sua “Pequena Pátria”, e termina numa prece de exaltada devoção:
“Ave! Itajaí formoso! Terra de nossos pais, berço nosso e de nossos filhos! Bendito sejas torrão natal, fonte de nossas alegrias, urna sagrada de nossas dores, bendito sejas no céu e na terra, ó esplêndido, ó sublime, ó sacrossanto Itajaí!”