Coluna Fato&Comentário
Por Edison d'Ávila -
Em Itajaí, há 150 anos, voluntários da Pátria
Há 150 anos, no dia 1º de março de 1870, tinha fim a Guerra do Paraguai, ou Guerra da Tríplice Aliança, pela qual Brasil, Argentina e Uruguai se contrapuseram ao expansionismo bélico do marechal Francisco Solano López, presidente da República do Paraguai. Muito se tem escrito sobre as causas e razões desse conflito sangrento que envolveu países de relações tão próximas, causou a morte de milhares de soldados de todos os exércitos envolvidos e também de outros milhares de inocentes paraguaios civis, de todos os sexos e idades. Naquela altura, o governo do Império do Brasil, porque era o tempo da monarquia, para reforçar o efetivo do Exército Imperial, lançou proclamações conclamando brasileiros e quem aqui morasse a se alistar como “Voluntários da Pátria” na guerra contra López. Em Itajaí, a 7 de novembro de 1866, o presidente da Câmara Municipal, José Henriques Flôres, que dirigia o município, porque ainda não havia a figura do prefeito, também lançou manifesto conclamando os itajaienses “que estejam no caso de acudir ao reclamo do governo, a virem inscrever-se nesta Câmara, a fim de com seu contingente aumentarem-se as fileiras desses bravos que têm sabido mostrar ao tirano do Paraguai, que nos brasileiros encontrarão uma barreira a seus ambiciosos planos.” Do mesmo modo, em outra conclamação do dia 21 de fevereiro de 1867, a Câmara Municipal convidou “aos seus munícipes, para concorrem-se com alguns de seus escravos para o exército, dando aos mesmos a liberdade de se oferecer gratuitamente.” No Arquivo Público de Itajaí, pesquisadores não se encontraram documento que indicasse o número de “Voluntários da Pátria” alistados na Vila do Santíssimo Sacramento de Itajaí. Mas o memorialista Carlos Henrique Müller atesta que foram “Voluntários da Pátria” de Itajaí: João Constantino da Costa, Cypriano Manoel da Rocha (residente no Brilhante), Adriano dos Santos, João Augusto de Carvalho e Miguel, sem sobrenome (seria um escravizado?). Outro “Voluntário da Pátria” foi o imigrante alemão Carlos Hugo Praun, ancestral da conhecida família itajaiense. Carlos Hugo se alistou na Colônia Blumenau, onde então residia. De lá, partiu para a guerra em 5 de outubro de 1865, juntamente com outros 55 voluntários. Praun lutou nos combates em território paraguaio, onde foi ferido, do que resultou ter ficado coxo de uma das pernas. Conheceu pessoalmente D. Pedro II, o Conde d´Eu, os generais Osório e Mitre. Quando retornou da guerra, Carlos Hugo Praun fixou residência em Itajaí, aqui se casou, deixou grande descendência e participou da fundação da Comunidade Evangélica de Confissão Luterana. Em seu túmulo, no Cemitério Municipal da Fazenda, no epitáfio está inscrito: “Aqui dorme o sono eterno Carlos Hugo Praun, veterano da Guerra do Paraguai.”