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Eu e ela! Sempre juntos


Ah! Ela era uma criaturinha deliciosa. Como era doce! Um dia... Sem deixar recado, partiu. Ainda hoje, a lembrança de seu doce perfume me provoca arrepios.

Lembro-me de nossa infância. Juntos! Naquela época, se você falasse em iPad e iPhone, te colocavam em uma “camisa de força”. Fazíamos nossos próprios brinquedos. Cansei de desbastar a madeira para esculpir piões, moldar bilboquês... Montei circos usando madeira velha e lona de caminhão... Eu e ela! Sempre juntos.

...De nossa pré-adolescência. Juntos! No verão de 1963, John Kennedy morria em Dallas, no Texas, atingido por disparos certeiros de um atirador solitário. Foi arremessado, esvaindo-se em sangue, ao colo de Jackie Kennedy. Ah, bela Jackie! Foi uma cena forte, que ainda hoje choca o mundo civilizado. Eu e ela! Sempre juntos.

...De nossa adolescência. Juntos! Juntinhos, curtimos o festival de Woodstock, em 1969. Ouvimos os acordes da guitarra do deus negro, Jimmi Hendrix, e a voz rouca e sensual de Janis Joplin. Vivíamos a era hippie e o movimento da contracultura do final dos anos 60. Eu e ela! Sempre juntos.

...De nossa juventude. Juntos! Em dezembro de 1980, pouco antes do Natal, acompanhamos juntinhos, com imensa tristeza, a morte de outro John. Um atirador tresloucado feriu de morte John Lennon. Nunca mais “Imagine”... Eu e ela! Sempre juntos.

Quando ela partiu, sem nenhum aviso... Nenhuma explicação razoável... A depressão tomou conta de mim. Um dia, no auge do desespero, decidi dizer adeus ao mundo ingrato. Saí, na solidão da noite escura (pois clara não haveria de ser, afinal) e mergulhei no mar revolto. Com roupa e tudo. Por sorte, alguns notívagos presenciaram tudo e acionaram a brigada de bombeiros. Os bombeiros chegaram, munidos de um verdadeiro aparato bélico, para o difícil resgate noturno. Eu me debatia contra as ondas e no limite de minhas forças, gritei: “cadê o helicóptero, porra?” O comandante da brigada, do alto de sua experiência, respondeu: “calma, garoto! Tente ficar em pé”. Fiz o que ele pediu e, para minha surpresa, percebi que a água mal batia nos joelhos. Depois da tentativa frustrada de suicídio, para aliviar a profunda dor que me consumia a alma, passei a colecionar selos.

Agora, quando sou informado por amigos comuns que ela está voltando, a emoção vai tomando conta. Fico imaginando como vai ser reencontrá-la. Sei que não vou conseguir conter as lágrimas. Passada a emoção do reencontro, vou despi-la e lamber cada pedacinho de sua doce estrutura. E aí... Droga! Quem está me interrompendo? Ah, é a babaca da consciência. Trocamos palavras ásperas:

Consciência: “pornográfico. Que linguagem chula! Não tens vergonha? Bandido!”

Subconsciente: “não é verdade. E mesmo que fosse, estaria justificado. Sou sub, afinal.”

Consciência: “não justifica. Você é sub, mas poderia tentar ser alguém melhor do que é. O caráter não distingue classe.”

Subconsciente: “você diz isso porque é consciente. Não está exposta às fraquezas humanas.”

Consciência: “você também pode atingir esse estágio. Tudo mundo pode! Pense em coisas boas. Doces! Coisas que te proporcionem um prazer sem culpa.”

Subconsciente: “quem disse que me sinto culpado? Coisas doces! Ora, justamente por ela ser doce é que gosto de chupá-la.”

Consciência: “tá vendo? Não passas de um tarado. O DIARINHO não vai publicar essa pornografia.”

Subconsciente: “esse é o seu problema. És tão perfeccionista que sentes uma profunda sensação de culpa por isto. Não estou nem aí. Quando reencontrá-la vou chupá-la até fazê-la derreter. Não estou nem aí. E ponto final.”

Ah! Que bom que você está voltando, minha deliciosa bala Rin-tin-tin.

“Uma consciência culpada não necessita de nenhum acusador”.


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