Publicado 30/12/2025 12:12
Não foi agenda oficial. Não teve discurso. Não era ato político — ao menos no roteiro. Ainda assim, a presença de um ministro do Supremo Tribunal Federal em um encontro privado no litoral Sul de Santa Catarina não passou despercebida. Pelo contrário: virou assunto, gerou desconforto e provocou ruído político.
A casa, o anfitrião e os convidados
O cenário foi Balneário Rincão. O anfitrião, o empresário Ricardo Faria, conhecido nacionalmente como o “Rei do Ovo”. O convidado que roubou a cena: o ministro do STF Dias Toffoli.
O encontro, realizado na última sexta-feira, seguiu o formato já tradicional da confraternização anual promovida por Faria — a 12ª edição, segundo os próprios participantes. Entre 40 e 50 pessoas, segurança reforçada e uma orientação clara: nada de fotos. Mesmo assim, cliques geraram repercussão nas redes.
Quando não é político, mas parece
Mesmo descrito como um encontro de amigos, o evento reuniu figuras que dispensam apresentações no tabuleiro do poder catarinense. Estiveram lá o governador Jorginho Mello, deputados federais como Daniel Freitas e Carlos Chiodini, além do presidente da Alesc, Júlio Garcia.
Não é preciso rotular como ato político para reconhecer o peso simbólico da mesa.
O incômodo veio depois
A presença do ministro gerou burburinho interno e mal-estar entre alguns convidados. Tanto que Daniel Freitas correu às redes para deixar tudo “nos devidos lugares”: disse não ter relação com Toffoli, afirmou desconhecer sua presença no almoço e reforçou fidelidade ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Foi além: lembrou que assinou pedidos de impeachment contra o ministro Alexandre de Moraes.
Quando o esclarecimento vem rápido demais, é porque o barulho foi maior do que se esperava.
Timing não é detalhe
O detalhe que ninguém ignorou: a passagem de Toffoli pelo litoral ocorreu às vésperas da acareação marcada no caso do Banco Master. Nesta terça-feira, o ministro manteve a audiência envolvendo o presidente do Banco Central, Ailton de Aquino, além de Daniel Vorcaro e Paulo Henrique Costa.
Não se afirma relação. Mas política também vive de contexto — e de leitura.
No fim das contas
Não houve discurso, foto oficial ou ata. Mas houve presença. E, na política, presença nunca é neutra. Mesmo quando o convite é para um almoço entre amigos.
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