Por Alfa Bile - alfabile@gmail.com
Fotógrafo, poeta e escritor. Autor do livro Lume, suas obras Fine Art já decoram hotéis como Hilton e Mercure. Publicado pela National Geographic e DJI Global @alfabile | @alfabilegaleria
Publicado 17/12/2025 12:04
Há dias em que o peso do mundo não se manifesta apenas nas costas que se arqueiam, mas na mente que se esgota. Não é só o calor lá fora que castiga; é a batalha interna, o caminho sem norte que percorremos com as solas em brasa no asfalto da vida.
O poema de hoje é um retrato dessa exaustão mental e emocional. Ele nasce do esgotamento de suportar momentos difíceis, daquela sensação de caminhar sobre uma estrada ferida, desejando ardentemente um refúgio. É o lamento silencioso de quem anseia por um oásis de paz onde o coração, dolorido e só, possa finalmente desarmar.
Solas em Brasa
Por Alfa Bile
📍 Itajaí, 16 de dezembro de 2025
Sinto o peso do mundo.
Costas se arqueiam, olhos ardem.
Diante de mim, um abismo.
Caminho sem norte.
Tenho a pele curtida de sol.
Coração dolorido, só.
Passo a passo,
solas em brasa
na estrada ferida.
O verão castiga.
A tarde se esvai.
Vejo cores pela via:
uma árvore frondosa,
muros altos —
onde não se escuta o lamento.
O tempo passa.
Horas pesadas.
Só queria estar lá.
Onde meus desejos floresçam.
Minha paz descanse.
Onde minha criança brinque.
Sem medo.
Sem dor.
Quando o poema fala de "solas em brasa", não se refere apenas ao asfalto físico, mas à fricção constante das preocupações, à ardência das angústias que consomem a nossa energia vital. As "horas pesadas" são o tempo que se arrasta quando a mente está em sobrecarga, e o "abismo" à frente simboliza o vazio e a incerteza que nos roubam o norte.
E é nesse cenário de esgotamento que surge a busca por um lugar onde "meus desejos floresçam", onde a "paz descanse" e, crucialmente, onde "minha criança brinque sem medo, sem dor". É o desejo primordial de reencontrar a leveza e a segurança de um tempo onde a alma não estava tão castigada.
Que este poema sirva como um lembrete de que todos nós, em algum momento, sentimos o peso invisível de um mundo complexo. E que o reconhecimento dessa dor é o primeiro passo para encontrar a nossa própria árvore frondosa, o nosso oásis particular de paz.
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Publicado 16/12/2025 19:48