Publicado 16/12/2025 10:45
Alterado 16/12/2025 10:47
Um incidente chamou a atenção na tarde de segunda-feira na Câmara Municipal de Poços de Caldas, em Minas Gerais. Um homem causou tumulto ao arremessar bombas na calçada em frente à casa legislativa.
Apesar do susto, não houve registro de feridos nem de danos materiais. O episódio, no entanto, acendeu um alerta que vai além do barulho provocado pelos artefatos.
A ação foi motivada pela situação de saúde do pai do homem, um idoso de 71 anos que precisa de internação hospitalar. Segundo ele, o pai está há 11 meses com duas sondas, aguardando uma solução.
Durante o dia, o homem buscou ajuda em diferentes pontos. Pela manhã, esteve na câmara e foi atendido pela assessoria do vereador Tiago Braz (Rede). À tarde, retornou e foi recebido pela assessoria da vereadora Meiriele Maximino (União Brasil). Resposta concreta, porém, não veio.
Visivelmente alterado após um dia inteiro de tentativas frustradas, o desespero acabou virando protesto.
O homem contou que a situação do pai está na Santa Casa sem retorno há quase um ano.
“Meu pai me criou a vida inteira, agora chegou a hora de eu cuidar dele. Mas ninguém resolve”, desabafou. Questionou a demora e criticou a burocracia que, segundo ele, empurra o problema de um setor para outro. “Na hora de pedir voto, todo mundo fala que vai melhorar a saúde”, reclamou.
Nada justifica a violência. Bombas não resolvem filas, não aceleram processos e colocam pessoas em risco. Esse limite precisa ser dito com clareza.
Mas também é difícil ignorar o pano de fundo do episódio. O ato não nasce do nada. É reflexo de pautas sensíveis que ficam meses — às vezes anos — sem resposta. É o retrato de um sistema lento, burocrático e pouco humano, que empurra famílias para o limite emocional.
Quando o diálogo falha, quando a resposta não vem e quando a sensação de abandono se acumula, o risco é esse: o desespero fala mais alto. Não explica, não absolve — mas ajuda a entender.
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Publicado 16/12/2025 19:48