Ela conta que pagou R$ 10 mil de entrada para a construção da casa que precisava receber até o fim de outubro. O acordo previa parcelas mensais de quase R$ 3 mil. Segundo ela, depois do pagamento só algumas tábuas apareceram no terreno. “Registramos o boletim de ocorrência contra ele, mas sabemos que já tem mais de 20 pessoas enganadas e pode haver muito mais gente que ainda não denunciou. Esse homem vive trocando de cidade pra continuar aplicando golpes, e por isso queremos alertar a população e identificar novas vítimas”, disse.
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Buscando outras pessoas na mesma situação, ela encontrou um post publicado em 2022 num grupo de vendas no Facebook. O relato cita pagamento antecipado, obras paradas e prejuízo semelhante. No texto, a autora afirma que o suspeito seria “simpático, leva a pessoa ao erro e tira dinheiro adiantado” e que ele teria uma madeireira “como fachada”. A publicação também relata que o golpista assina contrato em cartório, envia poucas tábuas ao terreno e desaparece.
Nos comentários, moradores mencionam casos em Balneário Piçarras, Penha, Itajaí, Ilhota e cidades próximas. Ela diz que quer reunir o maior número de vítimas para fortalecer a investigação. “A gente precisa que mais pessoas façam BO. Sozinha é mais difícil”.
O que diz o acusado
Procurado pelo DIARINHO, o homem deu outra versão. Ele diz acreditar saber quem fez a denúncia e afirma que o caso “não configura golpe nenhum”. O construtor apresentou documentos à reportagem e o contrato mostrado por ele estava dentro do prazo previsto. “O contrato foi assinado no início de outubro para 90 dias. Estamos na metade do prazo ainda”, declarou.
Ele também afirma que recebeu menos do que o valor combinado como entrada. “Ela só deu 10 mil. O valor certo de entrada era 20 e poucos mil”, declarou, mostrando os valores no documento. Segundo ele, a obra chegou a ser iniciada, mas encontrou dificuldades no terreno. “É um banhado, um pântano. Não existe fazer uma casa em 30 dias num solo daquele”, afirmou.
O denunciado diz que entregou parte do material e que continua atendendo os clientes. “Golpe é quando o cara pega o dinheiro e some. A gente está no mesmo local”, afirmou. Ele também cita atrasos por chuva, falta de material e outras situações que, segundo ele, “são comuns em obras”. “O povo quer tudo rápido, do jeito deles”, declarou.
Sobre publicações antigas que circulam nas redes sociais com seu nome e fotos, o construtor afirma que pretende entrar com ações na Justiça. Ele diz que foi alvo de postagens que o chamavam de golpista. “Depois que espalham na internet, não tem como reparar o dano”, afirmou.
O homem também mencionou ter registrado boletim de ocorrência contra a pessoa que acredita ser a responsável pelas denúncias. De acordo com ele, a contratante teria feito ameaças para que ele terminasse a casa em 30 dias.
O que diz a Polícia Civil
A delegada responsável confirmou que o denunciado soma 59 boletins de ocorrência desde os primeiros registros. Os casos começaram no oeste e, a partir de 2021, chegaram ao litoral norte. Os relatos seguem o mesmo padrão: pagamento antecipado e obra que não avança.
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Segundo a Polícia Civil, parte das situações pode ser tratada como desacordo comercial, mas há vítimas que buscam responsabilização civil e criminal. Um inquérito está aberto em Balneário Piçarras. A orientação é que todos os BOs sejam registrados na mesma delegacia, para evitar investigações soltas.