A denúncia foi feita por um jornalista e uma advogada de Criciúma, listando em 157 páginas uma série de alegações, entre desvio de função do cargo público e abuso de autoridade.

A denúncia foi feita por um jornalista e uma advogada de Criciúma, listando em 157 páginas uma série de alegações, entre desvio de função do cargo público e abuso de autoridade.

A representação também foi levada ao Ministério Público (MPSC) e à promotoria eleitoral (MPE). O pedido está centrado no suposto uso da estrutura da Polícia Civil e do prestígio institucional do cargo pra autopromoção e articulação política.

O documento considera que o chefão da Polícia Civil é pré-candidato a deputado estadual em 2026 e já teria participado de reuniões com lideranças do PL em cidades do sul de Santa Catarina, algumas delas em horário de expediente.

O documento cita reuniões em Nova Veneza, Balneário Gaivota e Sombrio entre julho e agosto, em agenda que seria de “dobradinha eleitoral” com um deputado do PL.

A denúncia cita eventos em seis cidades da Associação de Municípios Região de Laguna (Amurel), em setembro, que seriam de pré-campanha, embora oficialmente anunciados como pra “ouvir a comunidade”.

O pedido de impeachment ainda registra uma entrevista dada em setembro pelo delegado Ulisses, conforme a denúncia, que teria feito promessas típicas de campanha eleitoral, tratando também de obras e repasse de recursos.

As manifestações do delegado, segundo os autores da denúncia, sempre seriam usando indevidamente a imagem da Polícia Civil e o cargo na instituição.

O delegado teria até criado um lema pra campanha: “Aqui o bambu ronca! Linha dura contra o crime”, já usado em materiais de divulgação junto a apoiadores. A frase também é usada em postagens de Ulisses nas redes sociais.

Cópias de conversas e postagens, vídeos e transcrições de declarações públicas, além de nomes de testemunhas, foram juntadas na denúncia pra comprovar as acusações. 

Pela denúncia, as práticas desrespeitam princípios constitucionais, entre moralidade e impessoalidade, além de leis que proíbem que agentes públicos usem símbolos do estado pra promoção pessoal, implicando em atos de improbidade administrativa e crimes de responsabilidade.

As acusações serão analisadas pela Alesc, que pode arquivar ou dar andamento ao pedido, abrindo processo administrativo. A denúncia pede que o delegado seja afastado durante o processo. “Ao agir como pré-candidato em exercício do cargo, o delegado-geral transformou a Polícia Civil em instrumento de visibilidade pessoal, comprometendo a neutralidade da instituição”, destacam os autores.

O delegado ainda não se manifestou oficialmente sobre a denúncia. Em postagem na quinta-feira, ele deixou uma indireta no ar, informando que o recorde de prisões e quedas nos crimes no estado está “incomodando muita gente”.

“Eu já afastei policial da função, já prendi político, pedófilo, traficante, faccionado e corrupto. Não tenho medo de ameaça, perseguição e sacanagem. Eu conheço os interesses individuais, políticos e criminosos dos bandidos. Eles não querem uma polícia forte”, escreveu.