Com a conclusão da análise, aprovação dos estudos e definição de orçamento, o estado pretende iniciar conversas com as prefeituras de Itajaí e Navegantes e empresas dos terminais portuários, visando os próximos passos pra tirar o projeto do papel. Essas tratativas são esperadas pra outubro.
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O secretário estadual de Portos, Aeroportos e Ferrovias, Beto Martins, esteve em Itajaí nesta semana para o evento de anúncio de investimentos do BNDES em Santa Catarina e falou com exclusividade ao DIARINHO sobre o andamento do projeto da hidrovia. Ele destacou que os avanços no processo, que estava na secretaria de Infraestrutura, atendem determinação do governador Jorginho Mello (PL).
O secretário lembra que o estado tinha um projeto, mas já muito defasado, sendo necessário atualizar os estudos. A primeira versão foi entregue pela empresa responsável na semana passada e agora passa por análise dos técnicos da secretaria. O trabalho deve ser concluído na semana que vem e pode indicar ajustes pra versão final.
“Eles estão debruçados em cima disso, fazendo uma avaliação para ver se o que nós colocamos no edital está cumprido na apresentação desse projeto. Uma vez realmente de acordo, nós vamos receber formalmente o projeto e aí vamos ter um orçamento concreto”, comentou. “Isso vai ser a base para a gente poder definir a captação desse recurso”, frisa.
Beto adianta que o estado não deve assumir 100% a obra, devendo contar com parcerias com os municípios envolvidos e empresas que serão beneficiadas com o projeto. A participação dos setores público e privado é o que será discutido após a definição dos custos de execução.
“Nós vamos agora, com o orçamento em mãos, com o projeto em mãos, reunir os principais atores, que são a cidade de Itajaí, a cidade de Navegantes, os empresários desses terminais que têm interesse direto nessa solução”, diz. “Claro que o governo do estado vai participar. Com quanto e de que forma, nós vamos definir com esses atores”, destaca o secretário.
Implantação depende de aprofundamento do canal
A hidrovia abrange o trecho do rio Itajaí-açu até a ponte da BR 101, entre Itajaí e Navegantes, somando cerca de 10 quilômetros que poderiam ser usados pra transporte de cargas e passageiros. A discussão do projeto acontece há anos, mas a obra nunca foi viabilizada.
Estudos anteriores apontam que a hidrovia tem potencial de se estender até Blumenau, chegando a 70 quilômetros de via navegável. No trecho da BR 101 até a foz, a hidrovia poderia receber embarcações maiores, com o aprofundamento do canal. Segundo a Fiesc, o projeto ajudaria no escoamento da produção industrial da região e desafogaria as rodovias.
A hidrovia faz parte da criação de um sistema integrado de transporte entre os modais rodoviário, ferroviário e aquaviário na região, com foco na atividade portuária e estímulo à navegação de cabotagem. A dragagem a montante do porto é uma das necessidades pra hidrovia virar realidade. A ideia é deixar o trecho com 10 metros de profundidade, adequando o canal que hoje tem pontos entre quatro e oito metros.
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A retomada do projeto começou no ano passado, com a contratação dos estudos ambientais e de viabilidade técnica que vão servir de base pra elaboração do projeto executivo para a dragagem. Os estudos foram feitos pela Acquaplan, envolvendo a atualização de levantamentos hidrográficos para um diagnóstico da situação do rio, apontando as ações e investimentos necessários.
Segundo o estado, a dragagem do rio acima do porto vai ampliar o canal navegável e melhorar o acesso aos Terminais de Uso Privado (TUPs) e aos estaleiros da região. A obra também ajudaria na prevenção de enchentes. Segundo estudos da Defesa Civil, o aprofundamento do canal melhorará a vazão do rio, reduzindo os efeitos das cheias para a população e atividade portuária.