SAÚDE
Itajaí lidera casos de fungo contagioso; aumento entre animais é de 500%
Cidade está no topo das infecções humanas e registra avanço acelerado da doença em felinos
Camila Diel [gomescamila18@gmail.com]

Itajaí é um dos municípios com maior número de casos de esporotricose em Santa Catarina. O alerta foi feito pela Secretaria de Estado da Saúde na última semana. Junto com Joinville, a cidade lidera as notificações da doença em humanos.
De acordo com a Vigilância Epidemiológica, o avanço da doença tem sido preocupante. Entre 2022 e maio de 2025, foram registradas 177 suspeitas em pessoas. Dessas, 73 foram confirmadas — taxa de 41% de positividade.
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Avanço acelerado entre os gatos
O crescimento da esporotricose entre os felinos é ainda mais expressivo. No mesmo período, o município teve 515 suspeitas da doença em gatos, com 322 confirmações — taxa de 62%.
O salto chama atenção: em 2022, foram apenas 19 casos confirmados em gatos. Já em 2024, esse número subiu para 119, representando aumento de mais de 500%. Só nos cinco primeiros meses de 2025, o município já contabilizou 86 gatos com diagnóstico positivo, o equivalente a 72% de todos os casos registrados no ano anterior.
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O que é a esporotricose
A esporotricose é uma infecção causada por um fungo presente no solo, em plantas e em matéria orgânica em decomposição. Afeta principalmente os gatos, mas também pode ser transmitida para humanos, geralmente por arranhões, mordidas ou contato com secreções de animais doentes.
Em humanos, o principal sintoma é o surgimento de feridas na pele, especialmente nas mãos, braços ou rosto. Essas lesões demoram a cicatrizar.
Causas do aumento de casos
A Secretaria de Estado da Saúde relaciona o aumento ao clima quente e úmido da região, à alta densidade populacional e ao número crescente de gatos com acesso às ruas.
“O avanço da esporotricose está associado ao abandono de felinos e à falta de diagnóstico precoce. Os tutores devem buscar atendimento veterinário ao perceber qualquer ferida suspeita no animal. Além disso, é fundamental evitar o contato direto com gatos doentes sem a devida proteção”, alerta o infectologista Fábio Gaudenzi, superintendente de Vigilância em Saúde.
Orientação: gatos dentro de casa e castração
A diretora-presidente do Instituto Itajaí Sustentável (Inis), Maria Heloisa Lenzi, reforça que a responsabilidade dos tutores é essencial para o controle da doença.
“Esses casos são sérios porque a esporotricose é altamente contagiosa, inclusive para humanos. O alerta é para que as pessoas não deixem seus felinos nas ruas. O ideal é colocar telas nas janelas e manter o animal castrado. No Inis, oferecemos castração gratuita para famílias com renda de até três salários mínimos. Quem tem renda maior também deve castrar seus animais e evitar que fiquem expostos”, destaca Maria Heloisa.
Treinamento e atendimento nos postinhos
Para conter o avanço da doença, a prefeitura intensificou a capacitação dos profissionais das Unidades Básicas de Saúde (UBS). No bairro Cordeiros, todas as cinco unidades já concluíram o treinamento. Em Espinheiros, as quatro UBS devem finalizar a capacitação até o início de julho.
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A população tem recebido orientações diretas nas unidades de saúde. Pessoas com feridas que não cicatrizam, especialmente após contato com gatos, devem procurar a UBS mais próxima. Já os tutores de animais com suspeita da doença devem levar os pets ao veterinário para avaliação, notificação do caso e início imediato do tratamento.
A prefeitura distribui folders e cartazes nas unidades de saúde com informações sobre os sintomas da esporotricose, formas de prevenção e cuidados para evitar a propagação.
Mais informações podem ser obtidas com a Vigilância Epidemiológica de Itajaí pelo telefone (47) 3249-5572.