Fragata da marinha
Navio de guerra construído em Itajaí é inédito no Brasil
Lançamento da Fragata Tamandaré aconteceu nesta sexta-feira com a presença do presidente Lula
João Batista [editores@diarinho.com.br]



Com poucas palavras, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou na sexta-feira do lançamento da primeira das quatro fragatas do programa Fragatas Classe Tamandaré, da Marinha do Brasil. A cerimônia realizada no Thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul, no bairro Cordeiros, em Itajaí, marcou o início de uma nova fase na construção naval brasileira. O navio batizado como Tamandaré será lançado ao mar nos próximos dias.
Antes de tratar sobre o projeto das fragatas, Lula pediu um minuto de silêncio em respeito às vítimas da queda do avião da Voepass em Vinhedo (SP), que ocorreu enquanto ele participava da cerimônia e matou mais de 60 pessoas. O presidente estava acompanhado de ministros como José Múcio (Defesa) e Rui Costa (Casa Civil), além de outras autoridades.
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O evento contou com a presença de militares e dos deputados estaduais Fabiano da Luz e Padre Pedro Baldissera (PT), e do presidente do Sebrae, Décio Lima, que articulou a visita do presidente ao estado. O prefeito em exercício de Itajaí, Marcelo Sodré (PDT), representou o município na solenidade.
A fragata Tamandaré, que recebeu a inscrição F200, foi batizada por Vera Brennand, esposa do ministro da Defesa, José Múcio, seguindo a tradição naval de quebrar uma garrafa de champanhe no casco do navio. A previsão é que a embarcação seja incorporada à frota da Marinha em 2025, após passar por uma série de testes e adaptações, incluindo a instalação de radares, sonares e armamentos.
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Lula destacou que a construção da fragata representa um avanço na modernização tecnológica das Forças Armadas e fortalece a base industrial de defesa do Brasil. “O Brasil está no caminho certo para fortalecer sua soberania”, afirmou o presidente. Ele ainda expressou seu desejo de que o navio simbolize a busca pela paz, destacando que o projeto não vai parar nas quatro fragatas previstas, o que gerará novos empregos e oportunidades para a comunidade local.
Consórcio mira novos contratos após projeto de R$ 11 bilhões
As demais fragatas do programa serão entregues até 2028. A segunda, Jerônimo Albuquerque (F201), deve ser lançada em 2026, seguida da Cunha Moreira (F202) em 2027 e da Mariz e Barros (F203) em 2028. O projeto, considerado o mais inovador da construção naval no Brasil, envolve investimento de R$ 11 bilhões e é fruto de parceria entre a Marinha do Brasil e o consórcio Águas Azuis, formado pela Thyssenkrupp Marine Systems, Embraer e Atech, com gestão da estatal Emgepron.
O diretor-presidente do consórcio, Fernando Queiroz, informou que o projeto já está 50% concluído e destacou a eficiência na execução, indicando que o consórcio buscará novos contratos após a conclusão das quatro fragatas.
A fragata Tamandaré será lançada na água nos próximos dias por meio da operação chamada “load out”. Após essa etapa, o navio retornará ao cais para a finalização dos acabamentos e a instalação de armamentos, antes de iniciar a prova de mar. A tripulação, composta por cerca de 130 militares, já está em treinamento especializado para operar a embarcação, que será comandada pelo capitão de fragata Gustavo Cabral Thomé.
A fragata terá como missão marcar presença na “Amazônia Azul”, atuando na proteção da zona costeira, das ilhas oceânicas e das infraestruturas marítimas estratégicas, como o pré-sal.
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Lula comenta ausência do governador Jorginho na inauguração do Contorno Viário: “tem gente que pensa pequeno”

O discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) durante a inauguração do Contorno Viário da Grande Florianópolis, antes de vir para Itajaí, não deixou de dar uma alfinetada na ausência do governador de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL). O governador delegou a tarefa à vice-governadora, Marilisa Boehm (PL). O prefeito de Florianópolis, Topázio Neto (PL), também não foi.
Lula disse que costuma ser recebido pelo prefeito e o governador nas cidades e estados que visita. “Esse governador que está aqui, eu não o conheço, portanto não posso falar mal, mas ele perdeu a oportunidade de participar da inauguração da obra mais importante do estado de Santa Catarina. Eu não consigo entender... A governadora [vice] está vendo, se [Jorginho] viesse aqui seria tratado com respeito, ia fazer o discurso que ele quisesse, ninguém ia controlar o que ele fosse falar, e o prefeito a mesma coisa. Lamentavelmente, tem gente que pensa pequeno, tem gente que age pequeno e não enxerga a necessidade do povo brasileiro”, discursou Lula.
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O governador Jorginho Mello utilizou as redes sociais para justificar a ausência. “Inaugurar uma obra privada atrasada há 12 anos? Isso não precisa de palanque nem de faixa. O contorno viário da Grande Florianópolis já deveria ter sido liberado há dias. Aguardo o dia em que o governo federal venha destravar obras públicas que são de inteira responsabilidade de Brasília, como a BR 470. Não estarei nesta inauguração. Estou no encontro do Cosud, no Espírito Santo, que reúne os governadores de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul e Espírito Santo. Aqui discutimos ações e políticas conjuntas para que os estados possam se ajudar cada vez mais”, justificou.
Jorginho disse que o governo federal não contribuiu financeiramente para o contorno viário, cuja execução estava prevista no contrato com a Arteris Litoral Sul, concessionária responsável pelo trecho da BR 101. A obra, anunciada em 2008 pelo governo Lula, tem 50 km de extensão, custou R$ 3,9 bilhões e promete reduzir o tempo de trânsito em até 1h20 na região da capital, com velocidade máxima de 100 km/h e 44 radares ao longo da via.
Segundo Lula, em um ano e oito meses de governo, sua gestão conseguiu concluir mais de 50% da obra que faltavam. Lula ainda agradeceu aos ministros e disse que quem tem projeto de governo para o Brasil, não precisa de obras individuais para destacar individualmente o trabalho de alguém.
Conheça a embarcação feita em Itajaí
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- A fragata Tamandaré é baseada no modelo alemão Meko 100 e tem 107,2 metros de comprimento, 15,95 metros de largura e 20,2 metros de altura.
- Com um peso de 3,5 mil toneladas, ela pode abrigar 130 tripulantes.
- O navio atinge a velocidade de 25 nós (47 km/h) e tem autonomia para 5500 milhas náuticas (10.186 km).
- Conta com pista para aviões, hangar para helicóptero, radares, sonares e armamentos de última geração.
- O nome homenageia o almirante Joaquim Marques Lisboa, Marquês de Tamandaré, patrono da Marinha do Brasil.
João Batista
João Batista; jornalista no DIARINHO, formado pela Faculdade Ielusc (Joinville), com atuação em midia impressa e jornalismo digital, focado em notícias locais e matérias especiais.