Barra Velha
Pesquisa sobre antigo cemitério da lagoa é apresentada na USP
Professora Angelita Borba de Souza documentou a história do cemitério na Quinta dos Açorianos, desativado em 1929
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
A mais ampla pesquisa acadêmica já feita sobre o cemitério antigo da lagoa de Barra Velha foi exposta pela primeira vez num evento de pesquisa nacional. A professora catarinense e mestre em Patrimônio Cultural, Angelita Borba de Souza, marcou presença nesta semana no 11º Encontro Nacional da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (Abec), no Centro Mariantônia, da Universidade de São Paulo (USP).
O evento foi promovido com o apoio do Departamento de Antropologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) e do Laboratório do Núcleo de Antropologia Urbana (LabNAU), ambos da USP, com o tema central “A trajetória do Patrimônio Cultural Funerário no Brasil e os 20 anos de atuação da Abec”, e promoveu debates sobre antigos e novos formatos cemiteriais, ritos e práticas funerárias, incluindo, ainda, perspectivas do setor funerário.
Angelita participou do evento como parte de seus estudos de doutorado, que = cursa na Univille, sob a orientação da professora-doutora Ilanil Coelho. A extensão da pesquisa de Angelita, desenvolvida originalmente para seu mestrado, em 2016, é relacionada à história e à transferência do antigo cemitério da lagoa. O trabalho original trouxe explicações religiosas, políticas, econômicas e sanitárias para contextualizar a transferência para o atual cemitério do centro, na rua Pedro Alcântara de Freitas. A mudança foi há 95 anos, ou seja, em 1929.
Angelita investigou não apenas a história do cemitério e seus rituais fúnebres, mas também os relacionou com o local e a história de Barra Velha e região, problematizando este bem cultural como patrimônio a partir de memórias, e fazendo uma reflexão crítica sobre os limites éticos envolvendo a morte em determinadas sociedades.
Reação da comunidade
A reação dos barra-velhenses frente à transferência do cemitério e de outros grupos que passaram pelo mesmo processo também foi pesquisada.
“A transferência do antigo cemitério da lagoa de Barra Velha não foi um fato isolado, decidido em comunidade e sem reações, pois há indícios de que moradores reagiram à novidade, recusando-se a adotar o novo local. Anos após o abandono do antigo cemitério, ideias ligadas ao turismo municipal e à especulação imobiliária foram os possíveis responsáveis pelo enterro dos vestígios que teimavam lembrar que o local era um antigo cemitério”, explica.
Além de Santa Catarina, foram apresentados trabalhos da região Amazônica, do Maranhão e do Rio de Janeiro, entre outros.