A parada de Itajaí da maior regata transoceânica do mundo movimentou a cidade por 26 dias, entre 29 de março e 23 de abril de 2023. O evento recebeu um público de 381 mil pessoas, sendo 51% moradores e outros 49% de turistas, vindos do próprio estado, dos vizinhos Paraná e Rio Grande do Sul, além de cidades de outros estados e de outros países.
O estudo da movimentação financeira levou em conta a arrecadação de impostos municipais (R$ 6,9 milhões) e estaduais (R$ 5,3 milhões) e o impacto no setor de hotelaria, de R$ 9,5 milhões, com ocupação recorde de 71% em abril, além de outros setores da economia beneficiados pelo evento. O retorno econômico, conforme o relatório, representa quase 10 vezes o investimento na festa, de R$ 19,2 milhões.
O balanço também destacou as ações de sustentabilidade, que viraram um dos pilares na organização da festa. O evento fez a reciclagem de 60 toneladas de resíduos. O uso de copos reutilizáveis e embalagens recicláveis evitou o descarte de 500 mil copos e 300 mil garrafas, em medida que reforçou o compromisso de Itajaí no acordo com a ONU pela proteção dos oceanos. Mais oito mil litros de lixo orgânico foram pra compostagem, quase metade do total gerado.
Próxima edição
O secretário de Turismo de Itajaí, Thiago Morastoni, lembrou que a expectativa era de um impacto em torno de R$ 130 milhões. Para ele, o resultado “surpreendente” tem a ver, além da movimentação ligada ao evento, com a feira de negócios que rolou no Centreventos, com expositores da construção civil e do mercado náutico, imobiliário e do vestuário.
“Tudo isso fez com que o impacto econômico se tornasse muito grande, superando as nossas expectativas iniciais e superando em muito todas as edições anteriores do evento que, gradativamente, geraram muita movimentação econômica, além de visibilidade turística para a cidade e para o Estado”, comentou, informando que o relatório já foi compartilhado com a organização internacional da Ocean Race.
O balanço será usado pras definições da participação da cidade na próxima edição da regata, da qual Itajaí e Santa Catarina tem tratativas em andamento pra assinatura do contrato. O impacto de mídia para a competição é um dos pontos analisados pela organização. O evento em Itajaí teve alcance de 4 milhões nas transmissões ao vivo da TV internacional e 244 milhões na TV nacional aberta.
“Não são somente os dados, mas é uma soma de coisas que credenciam a cidade com muita tranquilidade para as próximas edições. Primeiro, a expertise que foi construída ao longo de quatro edições. Segundo, todo o impacto que acabou causando, não só na economia e na promoção turística da cidade e do estado, mas inclusive da própria marca da The Ocean Race”, analisa o secretário.
Parceria com estado
O secretário Estadual de Turismo e presidente do Itajaí Stopover, Evandro Neiva, destacou que os números mostram a evolução do evento. Ele ressaltou que havia uma previsão de alta nos indicadores, mas o balanço superou as expectativas.
“Nós estamos muito satisfeitos com o resultado do evento, com a experiência dos visitantes e dos expositores e com a Comissão Internacional [da The Ocean Race] também, da imagem que levaram da cidade de Itajaí”, comentou.
Evandro adiantou que o estado seguirá parceiro para a próxima edição, com melhorias e inovações na organização. “Os números estão aí para comprovar a importância do evento em si, a importância desse evento estar aqui em Itajaí e fomentar toda essa indústria náutica do estado de Santa Catarina”, frisou.
Secretário alfinetou os vereadores
Na apresentação dos números, o secretário estadual Evandro Neiva analisou que o evento é fruto de maturidade política que passou por diferentes gestões em Itajaí e no governo do estado. Ele comentou esperar que o mesmo entendimento siga no próximo governo de Itajaí pra que a Ocean Race continue crescendo.
Evandro defendeu que a parada da The Ocean Race é um “case de sucesso” em Santa Catarina e no Brasil e não pode ser tratado como uma “festa de quermesse”. A manifestação fez referência aos vereadores que questionaram a prestação de contas da Marejada e não votaram o projeto da festa pra este ano. Ironicamente, o secretário agradeceu “todos os vereadores” que foram na apresentação do relatório.
“Muita gente trata isso como se fosse uma festa de quermesse, assim como trataram a Marejada. Esses eventos são da cidade, eles mudam o destino e mudaram Itajaí. Então, quem não quer mudar a cidade, que saia dela ou que tenha a hombridade de vir acompanhar de verdade um planejamento e a execução. Eu posso falar, nenhum vereador esteve aqui no planejamento de uma Marejada ou de uma Ocean Race”, criticou.