O levantamento é da Epagri, com dados das cooperativas Cooperja, de Jacinto Machado, e Coopervalesul, de Turvo, além de atacadistas. O engenheiro agrônomo Ricardo Martins, extensionista rural da Epagri em Maracajá, destaca que a alta na produção é explicada pelo aumento da área plantada e pelo fato de a maioria dos pomares estar na fase adulta.
Fatores climáticos, como as oscilações de temperatura, prejudicaram a produção. “Os números poderiam ter sido melhores se não tivéssemos enfrentado problemas climáticos como altas temperaturas e estresse hídrico, que prejudicaram o desenvolvimento de frutos com padrão comercial”, explica.
A maioria da produção foi vendida em centrais de distribuição como Ceagesp e Ceasa, sendo o mercado interno o principal consumidor. O Sul e Sudeste são os principais destinos, com pequena fatia de exportação pro Canadá.
Área cultivada de 300 hectares
O cultivo da pitaia em Santa Catarina iniciou em 2010 com as primeiras mudas plantadas pela família Feltrin, em Turvo. Desde então, a área de cultivo cresceu. De acordo com o levantamento da Epagri/Cepa realizado em 2022, a área plantada é de 300 hectares, número que se manteve na última safra.
A região sul do estado é responsável por 90% da produção em Santa Catarina, concentrada nos municípios de São João do Sul, Turvo, Jacinto Machado, Santa Rosa do Sul e Sombrio. A área de cultivo oscila em torno de 0,5 a 4 hectares nas propriedades. A Epagri destaca que a cultura tem se mostrado uma importante alternativa de renda à agricultura familiar da região.
O cultivo de pitaia é novo no país, com início da produção há cerca de 20 anos, em São Paulo. Santa Catarina se consolida como o segundo produtor nacional, sendo referência na região Sul. Os dois estados respondem por mais de 70% do volume de vendas nos Ceasas. Pará, Minas Gerais, Ceará, Paraná, Goiás e Espírito Santo vem crescendo na produção.
Potencial de produção
Em 2022, a Epagri lançou o primeiro livro sobre o cultivo de pitaia do país, reunindo informações técnicas de várias instituições de pesquisa do Brasil, com orientações para a produção. Com origem no México e países da América Central, típica de regiões de clima quente, a pitaia é uma fruta com grande potencial de cultivo em todas as regiões brasileiras. Hoje, a produção brasileira é insuficiente pra atender a demanda interna.
Faz bem mas custa caro
A Epagri destaca que as propriedades nutricionais e medicinais da fruta favorecem o uso para consumo ao natural e como matéria-prima para diversos produtos na indústria. A produção necessita de poucos insumos químicos, sendo opção para o cultivo orgânico e de agricultura familiar. “O aumento no consumo da pitaia vem sendo favorecido pela realização e divulgação de pesquisas dos benefícios da fruta, que se soma à mudança no hábito alimentar da população brasileira e à sua aparência atraente”, informa.
Os frutos da pitaia têm pouco tempo de conservação devido à grande quantidade de água. Para evitar o desperdício da fruta e aproveitar os nutrientes que ela possui, o Centro de Treinamento da Epagri em Itajaí desenvolveu preparações culinárias doces e salgadas usando como ingrediente a polpa e a casca.
Entre as receitas sugeridas estão quiche de cebola e casca de pitaia, pão com pitaia, bolo de pitaia, geleia e risoto com casca de pitaia. No Ceasa de SC, a fruta pode ser comprada a R$ 12 o quilo. Uma caixa com seis unidades custa R$ 72. Nos mercados, o valor pode passar dos R$ 20. Em São Paulo, o Ceasa tem preços entre R$ 27 e R$ 32 o quilo.
Pitaias vermelha, amarela e rosa
As três principais variedades são as que tem a casca rosa e a polpa vermelha, conhecida como pitaia vermelha, as de casca amarela com polpa branca, chamada de pitaia amarela, e as de casca rosa com polpa branca (pitaia branca), que é a mais comum e mais consumida.
Cada tipo tem suas propriedades, mas todas são procuradas pelos benefícios à saúde, como fonte de vitaminas e minerais e com sementes que ajudam a combater doenças cardiovasculares e a regular o intestino. A fruta tem baixíssimas calorias, fqueridinha de quem quer emagrecer, e combina com os dias de calor por ser suculenta.