Festa do Peixe é cancelada pelo rolo da safra da tainha
Empresários do setor não farão doações de peixe para a prefeitura impossibilitando a realização da festa
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]
Edição 2022 teve a distribuição de 12 toneladas de peixe
(foto: Arquivo)
Sem doação de peixe pelos sindicatos, município não consegue realizar a festa para a população (Foto: Arquivo)
A tradicional Festa do Peixe de Itajaí não vai acontecer em 2023. A notícia foi dada pelo presidente do Sindicato dos Armadores e das Indústrias da Pesca de Itajaí e Região (Sindipi), Agnaldo Hilton dos Santos, e confirmada pelo secretário de Desenvolvimento Econômico de Itajaí, Thiago Morastoni, e pelo diretor de Pesca de Itajaí, Rodrigo Silveira. O motivo, segundo o setor pesqueiro, "é a falta de motivos para comemorar."
A Festa do Peixe iria encerrar a ExpoMar, Fórum Internacional de Pesca, que acontecerá no Centreventos nos dias 29 e 30 de junho, junto com a programação da Semana do Peixe. “A ideia era ...
A Festa do Peixe iria encerrar a ExpoMar, Fórum Internacional de Pesca, que acontecerá no Centreventos nos dias 29 e 30 de junho, junto com a programação da Semana do Peixe. “A ideia era terminar a Expomar com a Festa do Peixe, em homenagem aos pescadores e ao povo de Itajaí, mas infelizmente não tem como acontecer”, explicou Rodrigo.
As cerca de 12 toneladas de peixes distribuídas na festa são doadas pelos associados do Sindipi e do Sitrapesca à prefeitura, que organizava a estrutura. Era a única festa do calendário de Itajaí em que a comida e a bebida eram gratuitos à comunidade.
Este ano, os empresários informaram que não conseguiriam fazer doações de pescados. “Não seria possível arrecadar uma quantidade de pescado similar a edições passadas, inviabilizando a realização da Festa do Peixe neste ano. Na edição 2022 foram distribuídas 12 toneladas de pescados. Ficamos chateados... A Festa do Peixe é uma homenagem aos pescadores, mas o momento não é de comemoração. Justamente por essa redução na captura artesanal e proibição da captura industrial da tainha, pescado que é o símbolo e a essência da festa”, disse o secretário Thiago ao DIARINHO.
O Dia do Pescador é celebrado em 29 de junho. Sem a Festa do Peixe, estão mantidos campeonatos esportivos e ações de saúde nas empresas. “A festa seria a grande comemoração aos pescadores e à cidade. Mas não temos como comemorar com mil pescadores parados sem poder pescar tainha”, completou Rodrigo Silveira.
Setor lamenta proibição da pesca da tainha
O presidente do Sindipi, Agnaldo Hilton dos Santos, já havia adiantado ao DIARINHO que a Festa do Peixe seria cancelada. “Diante de todo o cenário, não há o que comemorar”, disse. O setor, segundo ele, está tendo que se reinventar sem a tradicional pesca da tainha. O órgão tentou entrar na justiça contra a portaria, mas não conseguiu a liberação judicial.
O presidente do Sindipi adianta que aproveitará a ExpoMar para discutir a pesca da tainha a longo prazo. “A gente se sente chateado, porque é uma captura totalmente organizada, os limites são menores do que a captura da tainha de outras modalidades. Somos a última modalidade a pescar e fomos surpreendidos com a publicação da portaria com cota zero. E lá no berçário, na Lagoa dos Patos, não é controlado. Infelizmente, tentamos buscar judicialmente e não conseguimos. Vamos ter a Comissão Permanente de Gestão em dezembro e vamos tentar mudar o cenário para que possamos em 2024 voltar a capturar”, completou Agnaldo.
Ele explica que por causa da proibição, os pescadores estão trabalhando com a captura de sardinha. “A gente espera que na sardinha possamos ter uma ótima safra, mas infelizmente mais de mil pescadores deixaram de pescar. Quem perde com isso é o consumidor”, acredita.
ExpoMar traz especialistas internacionais para discutir a pesca em Itajaí
O ex-ministro da pesca e presidente do IFC Brasil, Altemir Gregolin, e o presidente do Sindipi, Agnaldo Hilton dos Santos, estiveram no DIARINHO para divulgar a Expomar. Toda a programação é gratuita e o credenciamento já está disponível no site do evento.
O professor da Universidade de Washington, Ray Hilborn, é um dos conferencistas confirmados. Além do congresso internacional voltado à pesca, à maricultura e à logística, haverá ainda uma feira de negócios.
“É um evento de debates, análise de tendências, geração de conhecimento, construção de pautas comuns e negócios em uma atividade muito importante para o país e com potencial de expansão e de geração de trabalho, emprego e renda”, explica Altemir Gregolin.
A consultora chilena Doris Soto e o representante da FAO em Roma, Márcio Castro, também são destaques da programação, que traz ainda pesquisadores nacionais, representantes governamentais e executivos do setor pesqueiro. Serão debatidas estratégias para aumentar a competitividade e a sustentabilidade da indústria de processamento de pescado, tendências e desafios do mercado mundial, pesquisa, monitoramento de estoques e ordenamento pesqueiro.
“A pesca é um dos pilares econômicos de Santa Catarina que tem na região de Itajaí o maior polo pesqueiro industrial do Brasil. Se um evento dessa magnitude está sendo projetado não teria como não ser em Itajaí. Aqui temos as grandes indústrias e armadores, como também mão de obra especializada que envolve e fomenta vários setores da economia, além de uma robusta história de pesquisa acadêmica junto à Univali”, reforça Agnaldo.
Santa Catarina responde por cerca de 55% do mercado nacional da pesca, com aproximadamente 500 embarcações e 40 indústrias. O presidente do IFC destaca que a pesca reúne no país 16 mil trabalhadores na indústria e mais de 1 milhão de pescadores autônomos, resultando em mais de 400 milhões de dólares por ano apenas em valores de exportações.
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