Superlotação da ONG Viva Bicho dificulta o trabalho da causa animal
Sede se tornou pequena para atender a alta demanda de BC. Custo de manutenção do espaço é alto
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
Custo fixo de manutenção da estrutura é alto (Fotos: Joca Baggio)
Viva Bicho é uma das entidades pioneiras em defesa da causa animal em Balneário Camboriú (Fotos: Joca Baggio)
Viva Bicho é uma das entidades pioneiras em defesa da causa animal em BC, mas enfrenta problemas pra se manter funcionando
(Fotos: Joca Baggio)
Por Joca Baggio
A ONG Viva Bicho passa por dificuldades para manter as atividades em Balneário Camboriú. O principal problema é a superlotação: hoje a instituição abriga cerca de 900 cães e gatos, enquanto ...
A ONG Viva Bicho passa por dificuldades para manter as atividades em Balneário Camboriú. O principal problema é a superlotação: hoje a instituição abriga cerca de 900 cães e gatos, enquanto a capacidade é para até 300 animais. Isso resulta em falta de espaço para os animais, aumento nos custos de manutenção e sobrecarrega os 20 colaboradores da instituição, entre médicos veterinários e assistentes, tratadores e atendentes. A redução no número dos voluntários é outro problema, aliado à precariedade das instalações.
A organização não governamental tem hoje um custo mensal de manutenção que gira em torno de R$ 150 mil, sendo que a prefeitura de BC contribui com aproximadamente 80% desse valor. Os 20% restantes vem de doações da comunidade. Patrícia Debrassi, secretária da ONG, explica que o valor gasto dá apenas para cobrir custos com alimentação, funcionários, castrações, medicamentos e a clínica veterinária. “Para se ter uma ideia, cada tratador hoje precisa atender 100 animais,” explica.
Os recursos vêm do programa Abraço Animal, que reverte mais de R$ 1,2 milhão por ano para a ONG. Os valores são destinados para a manutenção do abrigo, pagamento de funcionários, castração, atendimento veterinário e compra de ração. “Somente com castração, a prefeitura gastou R$ 258 mil em 2022. A ração, abrigo e preventivo de doenças e infecções custaram mais R$ 900 mil”, explica a secretária de Meio Ambiente de BC, Maria Heloiza Furtado Lenzi.
Sonho da sede própria
A Viva Bicho não tem uma sede própria. A ONG está instalada desde a sua fundação, que foi em 2003, em um terreno em meio à morraria no bairro Nova Esperança de propriedade da empresa Casetex Concreto, que foi cedido para a entidade sem custos. Porém, isso também é motivo de preocupação para os dirigentes, uma vez que não é descartada a possibilidade de um pedido repentino de devolução do terreno. A voluntária acrescenta que o ideal seria que a ONG tivesse um terreno próprio, o que possibilitaria a reorganização da estrutura do canil dentro das novas políticas públicas que hoje norteiam as diretrizes para a causa animal.
Entre as alternativas da entidade para resolver esse impasse estaria uma parceria entre o município e iniciativa privada para a aquisição do terreno e construção da nova sede. “A Viva Bicho hoje é formada por puxadinhos feitos de acordo com as doações que recebemos. Com o potencial das empresas da construção civil, por exemplo, poderíamos ter uma estrutura padrão Balneário Camboriú, que garantisse qualidade de vida aos animais que vivem aqui”, sugere Patrícia.
Abandono animal é o maior problema
Ações mais efetivas das forças de segurança na tentativa de frear o abandono na cidade, programas de conscientização e campanhas para estimular a adoção são sugestões dos dirigentes da ONG como alternativa para reduzir a superlotação.
Patrícia Debrassi conta que o abandono cresce a cada ano. Exemplo disso foram alguns filhotes resgatados que a Polícia Ambiental entregou na ONG durante o curto tempo em que a reportagem do DIARINHO esteve no local.
A secretária do Meio Ambiente de BC reforça que a Viva Bicho e o poder público não podem abrigar todos os animais abandonados. “Nos deparamos todos os dias com a irresponsabilidade das pessoas, inclusive de outras cidades, que se aproveitam das ações aqui desenvolvidas para abandonar animais em BC”, diz Maria Heloisa.
Outro problema é a dificuldade no adoção de animais adultos ou com alguma deficiência. “Os filhotes, os de pequeno e médio porte encaminhamos com facilidade. O problema é a rejeição que os animais adultos enfrentam em nossas campanhas de adoção”, lamenta Patrícia.
Adoção comunitária é uma alternativa
Patrícia sugere a criação de uma campanha para a adoção de cães comunitários por empresas, escolas e instituições governamentais e não governamentais como uma alternativa para reduzir as taxas de ocupação da Viva Bicho. “Temos vários animais adultos, muitos que foram vítimas de maus tratos, atropelamentos ou até com sequelas de doenças, que estão totalmente reabilitados”, diz.
Patrícia sugere ainda como garoto-propaganda da causa o Berlim, vira-latas comunitário caramelo de BC que conquistou seguidores e amigos humanos em todos os cantos, depois de estourar nas redes sociais.
“Já pensou transformarmos Balneário Camboriú em uma cidade referência no país e no mundo com relação à adoção da política de cães comunitários para minimizar o problema do abandono?”, sonha Patrícia. Ela já tem mente, inclusive, o nome da campanha: #BCcaocomunitario.
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