Balneabilidade
Praia Brava tem pontos impróprios pela 1ª vez na temporada
Diretor do Semasa diz que pode estar ligado às correntes marítimas. Pesquisadora dá outra explicação
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]
O novo relatório semanal de balneabilidade do Instituto de Meio Ambiente (IMA) mostra a Praia Brava, em Itajaí, com três pontos impróprios para banho. Em dois locais, é a primeira vez na temporada que a praia aparece com as condições negativas, no trecho do posto 11 dos salva-vidas e em frente à rua Doca Rebello. O terceiro ponto é na saída da lagoa do Cassino, que aparece impróprio há três semanas.
Em Itajaí, são cinco pontos monitorados. O relatório aponta que apenas as praias de Cabeçudas e da Atalaia seguem próprias para banho. Nos dois locais, a balneabilidade se mantém adequada desde o início da temporada. A avaliação é feita com base nas amostras coletadas entre 9 e 10 de janeiro.
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O diretor de saneamento do Semasa, Victor Silvestre, analisa que o resultado para a Brava possa estar ligado às correntes marítimas. “Porque justamente no período mais crítico, ou seja, de maior geração de esgoto na Praia Brava, que foram a última e a primeira semana do ano, nós não tivemos nenhum problema”, acredita.
Victor lembra o histórico recente de contaminações no estado e na orla da região, desde Bombinhas, passando por Itapema até BC, com diversos pontos impróprios.
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“Fazendo uma análise da corrente marítima que foi predominante nessa última semana, o que justificaria isso seria o próprio transporte marítimos desses contaminantes que possam estar contaminando diretamente na Praia Brava”, comentou.
Nessa semana, quando foi feita a coleta do IMA, o diretor destaca que, além de uma população muito menor na Brava do que no final do ano, houve problemas de abastecimento de água que impactaram a Praia Brava. A situação persiste em alguns locais após os serviços feitos pela autarquia enquanto o sistema se recupera.
Sobre o ponto na saída da Lagoa do Cassino, que aparece impróprio nos últimos três relatórios, Victor explica que a balneabilidade eventualmente fica negativa no local porque cerca de 20% dos imóveis da região ainda não estão ligados à rede coletora. “Isso pode, de alguma forma, impactar na Lagoa do Cassino e, consequentemente, na balneabilidade da praia”, diz. Segundo o diretor, cerca de 200 autos de infração já foram expedidos na Brava dentro do programa “É só se ligar”, que busca a regularização de imóveis à rede coletora de esgoto do Semasa que está em operação no bairro.
Praia Central de BC segue com todos os pontos impróprios
Em Balneário Camboriú, a praia Central segue com todos os pontos monitorados em condições impróprias. Nos 15 trechos avaliados pelo IMA na cidade, estão com balneabilidade positiva apenas a região das praias agrestes, entre Laranjeiras, Taquaras, Estaleiro e Estaleirinho.
O relatório mostra que a situação melhorou em Bombinhas. A cidade, que tinha todos os nove pontos negativos na semana passada, agora aparece com dois trechos próprios: o ponto da rua Tiriba, na praia de Bombas, e o da praia de Zimbros, em frente à rua Rio Madeira. É a primeira vez na temporada que os pontos melhoram de condição.
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Na região, Porto Belo e Itapema são as duas únicas cidades que têm todos os trechos monitorados impróprios e Balneário Piçarras é a única que está com todos os pontos próprios. Em Navegantes, são três dos quatro pontos impróprios, mantendo a região da praia do Gravatá com condição poluída.
Em Penha, dos 11 trechos avaliados, cinco estão poluídos, incluindo trechos da praia Alegre e da Armação e a prainha de São Miguel. O único ponto que melhorou em relação ao relatório anterior foi na praia do Quilombo, no trecho em frente à rua Inês de Souza.
Pesquisadora alerta que ribeirão Ariribá e lagoa podem ser os culpados

Como a lagoa é um dos pontos mais críticos, pode ser que seja um dos responsáveis pela alteração da balneabilidade
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A oceanógrafa Déborah Ortiz Lugli Bernardes, professora da Univali e pesquisadora do Grupo de Estudos dos Ecossistemas Costeiros, considera que a lagoa do Cassino e o ribeirão Ariribá, que fica no limite de Itajaí com Balneário Camboriú, podem contribuir para o resultado negativo do teste de balneabilidade da praia.
O novo relatório semanal de balneabilidade do Instituto de Meio Ambiente (IMA) mostra a Praia Brava com três pontos impróprios para banho. Em dois locais, é a primeira vez na temporada que a praia aparece com as condições negativas, no trecho do posto 11 dos salva-vidas e em frente à rua Doca Rebello. O terceiro ponto é na saída da lagoa do Cassino, que aparece impróprio há três semanas.
Os dois pontos que passaram para impróprios ficam no trecho inicial da praia perto do ribeirão e outro justamente na saída da lagoa. Para a pesquisadora, o resultado pode estar relacionado à hidrodinâmica, trazendo a água poluída pra região, como apontou o Semasa, mas ela acredita que seja “bem mais provável” que a poluição seja do próprio Ariribá.
No caso da lagoa, ela observa que seria preciso verificar a conexão do ribeirão com o mar, o que afeta a praia. “Perto do Ariribá e da lagoa são os pontos mais críticos ali na Brava. Então sim, é mais provável que estes corpos hídricos sejam os responsáveis por esta alteração [na balneabilidade]”, comentou.
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Governo inicia reuniões com prefeituras
O Instituto do Meio Ambiente iniciou o cronograma de reuniões com os municípios para debater a melhoria da balneabilidade no litoral catarinense. Estão em discussão ações para aprimorar as coletas, o tratamento de esgoto e a drenagem pluvial.
“A ideia é construir um diálogo propositivo com as prefeituras para potencializar medidas que visam melhorar os índices de balneabilidade nas praias do estado”, explica o presidente do IMA, Daniel Vinicius Netto.
A primeira reunião foi realizada com os gestores de Florianópolis. Novos encontros serão marcados com equipes das outras 26 cidades do litoral onde o monitoramento é realizado. Em Balneário Camboriú, o município deve debater a frequência das coletas e a polêmica das coletas feitas mesmo após períodos de enxurradas.
Devido à metodologia, nesta temporada a praia Central de Balneário ainda não teve nenhum relatório semanal com os pontos monitorados em condições próprias. As análises foram mantidas mesmo durantes as fortes chuvas em novembro e dezembro, que deterioram a praia.