O relógio marcava 13h e o número de pessoas no balcão da revistaria só aumentava. Todas elas estavam em busca da mesma coisa: os álbuns e figurinhas que estampam os jogadores e seleções que, em novembro, protagonizarão a maior festa do futebol mundial. A febre dos itens é antiga, assim como o hábito de colecioná-los durante os meses que precedem a disputa pela taça.

Este ano, no entanto, é diferente. A comerciante Daniela Maggio, que possui uma banca de revistas no centro de Balneário Camboriú, diz que o movimento é atípico, muito mais intenso em comparação aos anos anteriores.

“Se você tivesse vindo mais cedo, às 11h, teria que ficar pelo menos uma hora esperando. Não dava para entrar, tinha muita fila. Chegou uma hora que pensei que ia surtar! Cheguei a falar para alguns meninos que não poderia atendê-los naquele momento e eles foram esperando, que nem fila de supermercado!”, narra.

Muito disso, segundo Daniela, é pela presença de um público mais jovem, que vai em peso comprar as figurinhas.

“Como eu trabalho com isso há muito tempo, notei que antes dessa Copa vinham mais adultos do que crianças para comprar as figurinhas. Sempre teve muitos pais com os filhos vindo, mas nessa, em especial, são os adolescentes. Na faixa de 12 a 17, 18 anos, são os que mais estão fazendo. É o que reparo. Não sei se é pela divulgação, mas é o que estou percebendo”, explica.

Exemplos são os estudantes Pedro Henrique Sippel e Alexandre van Erven, de 15 e 16 anos. Os meninos dizem que completam álbuns desde a Copa de 2014, a que aconteceu no Brasil e culminou na vexatória queda frente à Alemanha.

“Eu completei o de 2014, o de 2018 e estou vindo agora comprar o de 2022 [risos]”, disse Pedro.

Os jovens mostraram, acima de tudo, entusiasmo para presenciar a Copa do Mundo e poder ver os ídolos em ação. “Estou muito ansioso mesmo, e a expectativa agora é ver a seleção campeã, finalmente!”, diz Alexandre, que ainda não era nascido quando a Canarinho levantou a taça pela última vez.

Mas o hobby não se restringe aos mais jovens. A hoteleira Daniela Giaretta, de 30 anos, diz que é a primeira vez que coleciona algo, e conta com a ajuda da mãe, de 77 anos, para posicionar as figurinhas.

“Eu vim, comprei o álbum e as figurinhas, e minha mãe achou o máximo. Ela pegou e espalhou na mesa todas as figurinhas. Aí ela organiza por times e eu vou colando. Já estamos com ele pelo menos 70% completo. Mas nunca colecionei nada! É a primeira vez que faço algo deste gênero”, diz.

Quando a bola rola?

A peleja começa oficialmente no dia 21 de novembro, quando Senegal e Holanda se enfrentam às 7h no horário de Brasília. A cerimônia oficial de abertura rola um pouco mais tarde, às 13h, antes do jogo entre Equador e Catar, país sede da copa. Já a seleção brasileira estreia no dia 24 de novembro, contra a Sérvia, às 16h.