ITAJAÍ
Ex-faxineira supera preconceitos e encara nova profissão
Jacira ostenta com orgulho as fotos do local onde trabalha e seu novo uniforme de serviço
Juvan Neto [editores@diarinho.com.br]

A moradora Jacira, de Itajaí, é mais do que uma trabalhadora – é uma vencedora. Foi ela mesma quem pediu para que o DIARINHO contasse sua história, que envolve enfrentamento de preconceitos, mudança tardia na carreira, qualificação e um novo desafio profissional.
Jacira iniciou sua vida profissional como faxineira – atividade que desenvolveu desde o início de sua trajetória no mercado de trabalho. Atuou em várias casas até chegar a um consultório odontológico – atividade com a qual se identificou.
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A então faxineira buscou a qualificação profissional e hoje é auxiliar de odontologia – função que ocupa com orgulho, seja nas fotos com o uniforme da clínica, seja ao falar sobre o que gosta de fazer.
Mas nem tudo foram flores no caminho de Jacira. Nos anos em que trabalhou como faxineira, ela confessa ter passado por constrangimentos por causa do preconceito de quem não acreditava em seu potencial.
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“Comecei a trabalhar numa clínica de odontologia fazendo faxina. Até aí tudo bem. Me esforcei e mudei de cargo, mas minhas colegas de trabalho, algumas, me maltratavam e segundo elas, meu lugar não era ali, vestida de jaleco”, detalhou à reportagem.
Essas supostas amigas chegaram a falar para Jacira que “quem era uma vez faxineira, sempre seria faxineira”, o que a magoou. “Falavam que eu era ridícula, faziam eu passar por constrangimentos todo dia. Me davam ordens e falavam que a própria dona da clínica mandava elas me dar ordens. E que eu tinha que obedecer”, recorda.
Com o tempo, a profissional acabou não suportando mais o peso das humilhações. “Pedi as contas”, relatou ao DIARINHO. “Aí falaram que ia ser muito difícil arrumar emprego nessa área, já que tenho 42 anos de idade. Falaram que de faxineira eu conseguiria, já que tinha muita experiência”, completa.
A trabalhadora não se intimidou. Hoje, trabalha em outra clínica, como auxiliar de odontologia. “Os donos sabem minha história, sabem que fui faxineira. Fui sincera na entrevista de emprego e deu tudo certo”.
Assédio moral
A passagem pela antiga clínica, sediada em Itajaí, foi marcada pelo assédio moral. “Na época, novembro do ano passado, falei com o dono referente a isso, mas ele não tomou providências. E eu achei muito errado”, conclui Jacira, que hoje, orgulha-se de continuar trabalhadora, mas fazendo uma atividade com a qual realmente se afina.