SAÚDE

Aumenta a procura por melatonina após liberação de venda sem receita

“Hormônio do sono” pode ser usado como suplemento alimentar diz Anvisa; 65% da população têm problemas pra dormir

Dispensa de prescrição vale pra maiores de 19 anos e consumo diário de até 0,21 mg (Foto. João Batista)
Dispensa de prescrição vale pra maiores de 19 anos e consumo diário de até 0,21 mg (Foto. João Batista)
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Com liberação recente pela agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a melatonina, conhecida como “hormônio do sono”, está sendo vendida nas farmácias convencionais desde dezembro como suplemento alimentar. A decisão dispensa a necessidade de receita médica pra pessoas com idade igual ou acima de 19 anos e pro consumo diário de até 0,21 mg da substância.
A prescrição segue valendo pra crianças e uso de doses maiores, mas a mudança nas regras já reflete em maior procura do produto nas farmácias, tanto por quem já usava o hormônio como por novos usuários. Em Itajaí, os estabelecimentos registram alta pelo suplemento, com tendência de as vendas aumentarem com o lançamento de novos produtos à base do componente e maior conhecimento da população.
A melatonina é produzida por uma glândula no cérebro para regular o sono e o funcionamento do organismo durante à noite. Presente também em alguns alimentos, ela pode ser produzida em laboratório, vendida em comprimidos, gotas ou pastilhas. Antes do aval da Anvisa, a venda era restrita às farmácias de manipulação, que preparavam a melatonina conforme a receita médica. Muita gente comprava a medicação em viagens ao exterior - nos Estados Unidos ela é vendida em qualquer farmácia.
De acordo com a farmacêutica Tatiane Furlan Capelin, da rede Farmais, a procura aumentou cerca de 20% na loja da avenida Marcos Konder, de clientes que não usavam a substância. Ela comenta que a dosagem liberada sem receita é muito baixa e ainda limita o interesse, mas acredita numa procura crescente, considerando que caberá ao usuário respeitar a recomendação de consumo diário.  
Na loja da rede, a caixa com 60 comprimidos de melatonina sai por R$ 34,90. A versão em gotas, com 30 ml, custa R$ 55. Seis gotas correspondem ao limite de 0,21 mg/dia. Tatiane relata que as pessoas que não conhecem o produto e procuram por remédios pra dormir pedem orientações sobre o uso da melatonina.
Ela lembra que, antes da liberação no Brasil, os suplementos com a substância já eram usados no país, mas comprados do exterior ou no mercado clandestino. Nos Estados Unidos e países da Europa é possível comprar doses maiores sem receita, até 10 mg.

 

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Ajuda na qualidade do sono

A liberação da Anvisa considerou a necessidade de reposição do hormônio, aprovando a venda nas farmácias em geral como suplemento alimentar. A falta de melatonina ou a baixa produção da substância, provocada pela exposição à luz à noite, algumas doenças ou pelo avançar da idade, prejudicam a qualidade do sono.
Também foi considerado o interesse dos consumidores e do setor produtivo na ampliação da oferta de produtos com melatonina e que a substância é usada como suplemento e medicamento em diversos países. A indicação do produto para tratamento de distúrbios do sono, porém, não é consenso entre médicos e pesquisadores, que pregam cautela e acompanhamento no uso.
Como suplemento, no Brasil a melatonina se enquadra na categoria de produtos pra complementação da dieta de pessoas saudáveis com substâncias presentes naturalmente nos alimentos. A liberação da Anvisa com indicação de dosagem até 0,21 mg trata da média do que seria produzido diariamente pelo próprio organismo.  
Entre as regras, o órgão ainda determinou que as embalagens tenham aviso de que a substância não pode ser usada por grávidas, mães de recém-nascidos, crianças e “pessoas envolvidas em atividades que requerem atenção constante”. Pra pessoas com alguma doença ou que tomam remédios, a orientação é que um médico seja consultado antes do uso do produto por conta própria.

 

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Especialista alerta sobre riscos do uso sem avaliação médica

Apesar da liberação do produto, especialistas defendem cautela no uso. De acordo com a endocrinologista Caroline Ferrari Barbieri, professora do curso de Medicina da Univali, o adequado é que a melatonina seja prescrita por um médico, após a avaliação do paciente e com acompanhamento posterior.
Ela destaca que a substância é procurada principalmente pelo efeito benéfico contra a insônia. A maior preocupação dos médicos, observa, é que a liberação sem receita pode estimular a automedicação, mesmo que se trate de uma suplementação.
“A automedicação é uma prática arriscada. Corre-se o risco de se usar a melatonina numa dose maior que a recomendada e apresentar efeitos colaterais ou intoxicação”, alerta. Entre os efeitos possíveis, em geral devido as doses mais altas, estão dor de cabeça, sono fragmentado, aumento de pesadelos, tontura, náuseas e sonolência durante o dia.
“Outro problema da procura e obtenção espontânea pelo paciente é que a falta de uma correta avaliação médica pode deixar de diagnosticar outras situações ou doenças que possam estar interferindo em uma boa qualidade do sono”, avalia.
Ela ressalta que muitos casos de insônia podem ser resolvidos sem medicação, com uma boa higiene do sono. Os cuidados envolvem evitar a exposição à luz – inclusive de telas ou celulares – por duas horas antes de dormir e o consumo de café perto da hora de se deitar.
Já doenças como a apneia do sono e a síndrome das pernas inquietasnão se resolvem sem o tratamento da causa. “Por isso, mesmo sem a obrigatoriedade de receita médica, é fundamental buscar orientação especializada antes de fazer uso de suplementação da melatonina”, completa.

 

Estímulo aos laboratórios

A procura do produto nas farmácias deve ser mais notada também porque muitos médicos não se sentiam confortáveis em prescrever a melatonina manipulada. Outro fator é que pessoas que usavam o hormônio manipulado agora estão comprando os produtos disponíveis nas drogarias.
Foi o que percebeu a farmacêutica Cláudia Dezengrini, da Preço Popular. “Tá tendo mais procura, mas é o pessoal que já mandava manipular”, relata. A aprovação pela Anvisa também estimula a chegada de novas marcas do suplemento no mercado.
Laboratórios tradicionais como Neoquímica e Catarinense têm o produto. Marcas como Puravida, do ramo de alimentação saudável e produtos naturais, estão lançando seus suplementos com melatonina, com venda pela internet.
Segundo dados da associação Brasileira do Sono, 65% da população tem problemas pra dormir. Apesar da incidência, outra pesquisa revelou que apenas 7% dos brasileiros procuram ajuda médica pra avaliar a dificuldade no sono.




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