STF
Ambientalistas comemoram decisão que brecou investida contra as áreas de manguezais
Gilberto Manzoni, de Penha, e Cleo Veríssimo, de Barra Velha, frisam importância da proteção dos manguezais
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



Ambientalistas da região celebraram a decisão, por unanimidade, do Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou a inconstitucionalidade da resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), acerca de proteção a áreas de manguezais, dunas e de restingas.
O conselho havia revogado três resoluções do órgão, e despertou a reação de ativistas do meio ambiente como Gilberto Manzoni, de Penha, e Cleo Veríssimo, de Barra Velha, preocupados com o ataque a normas que tratam de licenciamento de empreendimentos de irrigação, dos parâmetros de áreas de preservação permanente (APPs) e seus limites, de reservatórios artificiais e o regime de uso do entorno, além dos limites dessas APPs.
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Com a decisão, a vigência e eficácia das normas voltou a valer, após decisão em sessão virtual dia 13 de dezembro que pôs freio nas ações dos ex-ministro Ricardo Salles, do Meio Ambiente, que propôs em abril de 2020 “passar a boiada” em normas ambientais. Anteriormente, o plenário já havia referendado medidas liminares concedidas pela relatora das ações, ministra Rosa Weber, para suspender os efeitos da norma.
Para a ministra Rosa Weber, a revogação sinalizava para a dispensa de licenciamento para empreendimentos de irrigação, mesmo quando potencialmente causadores de danos ambientais.
Segundo ela, a medida configura descumprimento, pelo poder público, do seu dever de atuar no sentido de preservar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo dos ecossistemas, o que é previsto na Constituição.
Para Cleo Veríssimo, do projeto Mãe Terra, voltado a ações ambientais na Quinta dos Açorianos, em Barra Velha, a decisão do Supremo mostra que o STF ainda tem condições de agir de maneira independente.
Na visão dela, o manguezal, por exemplo, é um espaço de biodiversidade importante, retém sedimentos, evita erosão, entre inúmeras outras vantagens ambientais, e não poderia se precarizar as legislações de proteção nestes espaços. “O Supremo ainda segue sendo nesse caso a voz do equilíbrio, porque o Conama já está dominado por interesses financeiros”, opinou a ambientalista ao DIARINHO.
O oceanógrafo, professor, maricultor e ambientalista, Gilberto Manzoni, da Univali, também aprovou a decisão. “Sabemos, por exemplo, que o camarão se alimenta no mangue. Os peixes, também, estão nos mangues, é um ecossistema a ser preservado, devido à questão dos gases, do efeito estufa, da absorção de carbono”, detalha. “O mangue mantém a sustentabilidade na pesca, em nível climático, e é até uma riqueza turística. O ecossistema pode se tornar atrativo se explorado com manejo sustentável, como ocorre em cidades do nordeste”.
Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.