Itapema
Ato em defesa da professora Dalila bombou
Professora foi afastada de conselho por amparar moradores de rua; prefeitura silencia sobre críticas de “ação higienista”
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]





Ativistas sociais, lideranças, sindicalistas e a comunidade participaram de um ato público em defesa da professora aposentada Dalila Maria Pedrini, no sábado. Ela foi afastada de suas funções junto à assistência social de Itapema após ser acusada de “acobertar criminosos” por defender moradores de rua da cidade.
O ato, pacífico, iniciou na região da Feirinha da Meia Praia, na rua 230, e Dalila discursou num trio elétrico. O ato teve ainda conotação literária, pois serviu para o lançamento do livro de Dalila, “Fé e Política”, que retrata lutas relacionadas às comunidades eclesiais de base da Igreja Católica, obra assinada por Dalila e também por Wagner Lopes Correia e Maria Isabel Lopes Correia.
Dalila foi suspensa do conselho municipal de asssistência social de Itapema, mas não teria tido direito a dar sua versão dos fatos.
Dalila é professora, doutora em serviço Social, lecionou em universidades e tem expressão nacional em políticas públicas sociais. Ela integrou o conselho nacional de Assistência Social na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No discurso, ela pediu justiça, ao lado de uma aliada importante: Eunice Gomes de Souza, a própria presidente do conselho de assistência. Representantes das populações de rua, movimentos ecológicos, movimentos sociais e de direitos das mulheres também estiveram no ato, que reuniu cerca de 300 pessoas.
“Não houve bandeira de partido, mas sim conotação política de movimentos sociais”, falou a professora à reportagem. “O que a comunidade quis mostrar foi que entende que fui afastada ilegalmente, por amparar moradores de rua. Ora, foi ação individual minha; não tem a ver com o conselho de assistência, nem poderia gerar uma expulsão”, reforçou.
Continua depois da publicidade
A expulsão rolou após a professora acolher dois catadores de material reciclável em um imóvel de sua propriedade, já que Itapema não dispõe de abrigo para sem-tetos. A situação agravou-se após o mês de outubro, quando os sem-teto acolhidos temporariamente pela professora, em sua casa, foram presos, sem qualquer motivação legal, segundo acusa Dalila. "Eles estavam em fase de confecção de novos documentos," conta.
A prefeita, que teria maioria no conselho de assistência Social, teria silenciado diante da expulsão da professora do órgão. Entidades sindicais e partidos políticos de Itapema lançaram nota de apoio à professora. Mais de 20 universidades também manifestaram apoio – universitários do curso de Serviço Social da universidade Federal do Paraná (UFPR), por exemplo, assinaram moção à professora.
Continua depois da publicidade
Eduardo Firgiardini, um dos conselheiros ligados ao governo de Nilza Simas, informou que a expulsão ocorreu por cinco votos contra três, e caso a professsora realmente entre na justiça visando uma possível reintegração, “é direito dela”.