Balneário Camboriú
Tentativa de resgate de leão-marinho gera denúncia de maus tratos
Animal apareceu, na tarde de sábado, no costão da praia de Taquaras
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



O atendimento veterinário a um leão-marinho, que apareceu na tarde de sábado, na praia de Taquaras, em Balneário Camboriú, foi criticado por uma testemunha que denuncia suposto mau trato ao animal. A tentativa de contenção, com redes e puçás, feita naquela situação, no entanto, é considerada correta pelo conselho Regional de Medicina Veterinária.
O bicho teria se ferido na tentativa das equipes da polícia Militar Ambiental e da guarda Ambiental em conter o leão-marinho com as redes. O animal foi encontrado, pela equipe do projeto de Monitoramento de Praias da Univali, com as nadadeiras feridas. A tentativa de contenção teria sido justamente pra tratar o ferimento, conforme o projeto.
Um vídeo, que circula nas redes sociais, mostra o momento em que os policiais e guardas tentam conter o animal. Redes de malhas e do tipo puçás são jogadas em cima do leão marinho, que fica agitado e tenta fugir. Ainda com um puçá na cabeça, ele tomba e rola pelo gramado perto do costão.
Mesmo com a resistência do animal, os agentes insistem em prender com as redes o leão marinho, que fica ainda mais agitado. Os guardas também tentam a contenção com pranchas de madeiras. O animal se desvencilha até escorregar pelo costão e cair na água, onde sobe numa pedra pra descansar, antes de voltar a nadar.
“Esse vídeo demonstra o despreparo e amadorismo da equipe de salvamento, que quase matou o animal”, diz o denunciante. Com a divulgação das imagens, o procedimento das equipes gerou ainda mais críticas.
Magro e ferido
O animal foi identificado como um leão-marinho-do-Sul adulto, que estava com batimentos cardíacos e respiração normal para a espécie. De acordo com a equipe técnica da Univali, que esteve no local, o leão-marinho estava muito magro e com as nadadeiras feridas.
A secretaria de Meio Ambiente informou que a tentativa de captura do animal foi para tratar de ferimento do leão-marinho, que continua sob monitoramento, segundo nota do projeto de Monitoramento de Praias da Univali, que coordenou a ação.
Conforme o projeto, foi realizada uma tentativa de contenção física do mamífero, em parceria com a polícia Militar Ambiental e a guarda Municipal, para administração de medicamentos e coleta de amostras biológicas.
“O animal estava bastante responsivo, impedindo a contenção. A disposição física indica que o quadro clínico não é grave. Apesar disso, a equipe da Univali (Unidade Penha) continuará monitorando o animal em caso de retorno ao costão para descanso”, informou.
A comandante do pelotão da PM Ambiental de Balneário Camboriú, tenente Brianna Tosetto de Souza, ressaltou que a guarnição só prestou apoio ao projeto de monitoramento da Univali, que solicitou a ajuda. A informação recebida era de que o animal estava doente, muito magro e com sarna.
A ajuda foi solicitada diante da necessidade de imobilizar o animal pra aplicação de remédio e coleta de sangue. O leão-marinho não seria retirado do local, mas liberado em seguida. “Mas não foi possível a contenção. A partir do momento em que foi verificado que poderia machucar o animal, o pessoal se afastou”, disse.
“Procedimento padrão”, diz veterinária
A médica veterinária da comissão de Animais Silvestres do conselho Regional de Medicina Veterinária de Santa Catarina (CRMV-SC), Marzia Antonelli, explica que, pra contenção de grandes mamíferos aquáticos, como no caso do leão-marinho, é indicado o uso de puçás e redes.
“Não é indicado fazer uma sedação porque é muito arriscado o animal fugir pra água, como aconteceu nesse caso, e estar anestesiado. Ele pode se afogar, se ele for anestesiado e correr pra água”, destaca.
Marzia comenta que o procedimento correto é fazer uma barreira com escudos, se aproximar com a rede, fazer a contenção com puçás e, depois, tentar conter pra fazer o exame clínico. Não é recomendado levar esses animais direto pro centro de reabilitação sem uma avaliação clinica antes, em campo, com o animal contido, como os agentes tentaram fazer em Taquaras.
“O que aconteceu errado é que ele escapou, mas isso pode acontecer, principalmente pela irregularidade do local, num declive, próximo ao costão e à água. Mas é o procedimento padrão mesmo”, esclareceu.