Proteção às buraqueiras
Navegantes vai sinalizar ninhos de corujas na orla
Ação ganhou força após morador matar uma coruja com uma chinelada
Franciele Marcon [fran@diarinho.com.br]

A coruja-buraqueira é uma espécie comum nas áreas de restinga do litoral catarinense. A ave, de olhos amarelos e brilhantes, chama a atenção pela beleza. Recentemente, um caso de agressão à coruja, na orla de Navegantes, provocou uma notificação da ONG Greenpeace Vale do Itajaí à prefeitura de Navega.
Populares viram quando um homem arremessou um chinelo contra uma coruja. A ave morreu. Ele cometeu crime ambiental que está sendo investigado pela polícia Civil.
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A ocorrência ligou o alerta na equipe do Instituto Ambiental de Navegantes (IAN), que decidiu fazer uma campanha informativa à comunidade. Placas serão colocadas na orla identificando os ninhos das buraqueiras e também contando algumas curiosidades sobre a espécie.
O superintendente do IAN, Marcos Zaleski de Matos, explica que a identificação e o monitoramento dos ninhos foram feitos pela bióloga Alana Drielle Rocha. “Faremos a implantação de 13 placas personalizadas, recortadas no formato do animal, em diversos pontos das trilhas que dão acesso à praia, com informações sobre a espécie, incluindo as restrições quanto a aproximação dos ninhos”, diz.
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As placas devem começar a ser instaladas em junho. “É preciso que os moradores e banhistas saibam respeitar os espaços, apreciando a natureza sem interferir no seu habitat”, explica.
150 moradora da região
A bióloga Alana, que atua como professora e pesquisadora, acredita que em Balneário Camboriú (Interpraias), Itajaí (Praia Brava), Navegantes (toda orla) e Barra Velha (Praia da Península) vivam atualmente cerca de 150 corujas.
A informação faz parte do estudo feito entre 2016 e 2020, quando Alana fez um levantamento sobre a alimentação, caracterização corporal e comportamento de defesa das corujas.
“A coruja buraqueira é distribuída por todo o continente americano. Ela constrói seus ninhos no solo, como nas restingas das praias, nos terrenos amplos e em campos abertos. Elas vivem em casais e ou grupos familiares (pais e filhos) e se reproduzem uma vez ao ano durante os meses quentes, tendo de um a cinco filhotes”, explica.
A buraqueira tem hábitos diurnos e noturnos. Durante o dia, ela permanece em vigilância no ninho, e à noite sai pra caçar. “Por ser uma coruja comum, muitas pessoas acreditam que não precisam se preocupar com a preservação, o que não é verdade. Ao longo do estudo observei a redução no número de tocas e de indivíduos na região. Essa redução pode ser influenciada por diversos fatores, como a predação por cachorros, atropelamentos no período noturno, perda de habitat e perturbação externa”, comenta. Como a ave sai pra caçar à noite, muitas vezes acaba ofuscada pelos faróis dos carros e pode ser atropelada.
Mantenha distância
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A bióloga reforça que as pessoas devem se manter distantes das corujas. “São animais maravilhosos, mas não podemos e nem devemos capturá-los para tentativas de domesticação. O ambiente deles é a natureza, em liberdade, e devemos manter distância para não estressá-las”.
Alana sugere algumas medidas que podem ser tomadas pelo poder público para garantir a sobrevivência da espécie na região. Entre os cuidados está a manutenção da restinga, reduzir a velocidade dos carros perto de ambientes naturais e entender que a expansão urbana descontrolada pode destruir habitats de diversos animais.
Denúncias de crimes ambientais podem ser feiats ao IAN pelo telefone (47) 3185-2015, e-mail ian@navegantes.sc.gov.br ou diretamente na rua Itajaí, 230, no bairro São Domingos, das 13h às 19h.