Olho no futuro
Litoral terá que revisar os planos diretores
Ocupação territorial é planejada através do plano diretor
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Áreas territoriais distintas, vocações econômicas diferentes, mas um ponto determinante em comum: a necessidade de revisão nos planos diretores para a garantia de melhor planejamento urbano. Essa é a realidade da maioria dos municípios do litoral norte de Santa Catarina, que precisam repensar a ocupação territorial. É o que fazem as administrações de Balneário Camboriú e Itajaí, que estão em processo de revisão da legislação. Já o município de Camboriú, que acaba impactado pela alta densidade populacional de seu entorno, teve o plano diretor atualizado em 2017.
“Penso que quando se fala de temas das cidades, muitos aspectos devem ser discutidos e analisados para as tomadas de decisões do poder público e da sociedade em geral”, diz o arquiteto e coordenador do curso de Arquitetura da Univali, Carlos Alberto Barbosa de Souza. Segundo o especialista, tão ou mais importante que as revisões [que acontecem com certa frequência], deve ser a obediência ao estabelecido nesses planos. “O pensar ‘a cidade’ tem de ser coletivo, afinal, todos os seus moradores usufruem do território [ou pelo menos deveriam]”, diz o arquiteto.
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Quando a pauta é planejamento urbano, nenhum instrumento tem maior relevância que o plano diretor, previsto na política urbana brasileira, [Lei 10.257/2001]. Essa legislação tem, entre outras premissas, induzir o desenvolvimento sustentável e equilibrado, de modo a corrigir distorções históricas na ocupação urbana.
Realidade regional
Balneário Camboriú tem uma extensão territorial reduzida, o que leva a uma maior densidade, com concentração de edifícios de elevada altura e convergência de serviços e comércio nos andares térreos. Itajaí possui um território bem maior e tem sua ocupação distribuída em bairros mais distantes do centro, com uma densidade de habitantes menor. “Essas duas configurações têm aspectos positivos e negativos”, destaca Carlos Alberto.
O crescimento de Balneário, segundo o especialista, está ligado fortemente à construção civil e ao turismo. O espaço para construção, por mais altos que sejam os edifícios, é finito, frisa.
“Os limites territoriais de Balneário Comboriú, sua alta densidade e taxa de crescimento, versus um território tão reduzido e, de certa forma bem frágil, nos preocupam muito”, diz. Para minimizar o problema, ele sugere que a cidade pense em outras possibilidades econômicas, como a indústria do conhecimento e da criatividade e mesmo o setor de tecnologia.
Já Itajaí, por ter um território mais amplo e diversificado, tem sua matriz de crescimento e sustentabilidade maiores: a cidade aposta em alternativas além do porto. “Isso se refere à sustentabilidade econômica. Nos aspectos da sustentabilidade ambiental do território, ambas as cidades ainda não têm políticas claras e definidas”, diz Carlos Alberto.
O arquiteto complementa que as cidades de Camboriú e Itapema têm ligação direta com os municípios maiores [como Balneário Camboriú e Itajaí] e sofrem por movimentos pendulares em que os cidadãos se deslocam entre as cidades em busca de serviços e produtos, e muitas vezes têm suas economias fragilizadas. “A região metropolitana da foz do rio Itajaí-Açu tem uma população aproximada de 700 mil pessoas e é densamente povoada. “Além dos planos diretores locais, os planejamentos regionais e estratégicos é que teriam que orientar as ações mais regionais e fazerem parte dos planos de trabalho de cada prefeito. “Nisso as universidades poderiam contribuir com seu conhecimento,” opina.
Redação DIARINHO
Reportagens produzidas de forma colaborativa pela equipe de jornalistas do DIARINHO, com apuração interna e acompanhamento editorial da redação do jornal.