Itajaí
O silêncio do governo dura até segunda
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

O retorno do governador Carlos Moisés da Silva ao cargo, depois do descanso em Laguna por 15 dias, nesta segunda-feira (20), será marcado por uma série de articulações, como o objetivo de esclarecer a posição sobre a equiparação dos salários dos procuradores do Estado aos da Assembleia, que não deve ser resumida a uma nota oficial já divulgada. O ideal passaria por ele ocupar o mesmo espaço dado ao vivo ao denunciante, o defensor público Ralf Zimmer Júnior, que participou de programas de TV, situação que garante atingir uma grande escala de moradores do Estado. Calar-se ou valer-se tão somente das redes sociais será um erro de estratégia de Moisés, que também deve se reunir com advogados, procuradores do Estado e assessores para, em um primeiro momento, encaminhar seus argumentos de defesa à Assembleia, juntamente com os da vice Daniela Reinehr e do secretário Jorge Eduardo Tasca (Administração). Em suma, Moisés deve falar ao maior número de catarinenses possível, esclarecer e, se necessário, revelar o quanto está por trás da manobra que não se encerra em uma leitura jurídica controversa, que ignora a necessidade de cumprimento de sentenças transitado em julgado sobre o assunto. DA FRENTE POPULAR O projeto é longo, envolve as eleições de 2020 e de 2022, e reúne PT, PDT, PSOL e PCdoB que fizeram a terceira reunião da Frente Popular de Santa Catarina, uma reedição da ação coordenada de esquerda. A ideia é unir esforços nos principais municípios do Estado para lançar candidaturas em coligação à prefeitura com o critério de quem estiver melhor indica o prefeiturável. Na foto, além do presidente estadual do PT, o ex-deputado Décio Lima, que foi o anfitrião na nova sede do partido em Florianópolis, o secretário nacional do PDT, o ex-deputado Manoel Dias; o ex-vice-prefeito, deputado e atual vereador Afrânio Boppré, da Capital, que representou o PSOL; o ex-vereador João Ghizoni, que representou o PCdoB; os petistas da executiva estadual Luciano Boico e Zeca; e o representante da direção estadual do PDT, Mauricio de Conti. Pano de fundo Eleição municipal, o corporativismo do defensor público, o apelo de segmentos do funcionalismo por reajuste salarial, a votação da Minirreforma da Previdência na Assembleia, que afeta algumas categorias do serviço público tal qual no âmbito federal, e até, no pior cenário, o embate de votação do impeachment em plenário, circundam a série de obstáculos que precisam ser vencidos pelo governador. Um bom caminho seria lembrar que, em última instância, a ação de crime de responsabilidade, protocolada por Zimmer Júnior, mira em uma nova eleição para o governo do Estado, para ratificar um desejo de revanche a partir do fato de que Moisés bateu de frente com tantas estruturas outrora mal-acostumadas pelo Poder Executivo, com benefícios, regalias e privilégios, que isso atrairia uma avalanche de apoiadores à causa. Em números A composição da comissão especial, com nove deputados, que será responsável pelo parecer favorável ou contrário à sequência do processo de impeachment de Moisés, deve ter configuração semelhante à da CPI da Ponte Hercílio Luz. Lá estavam dois deputados do MDB e dois do PSL (as duas maiores bancadas), enquanto PSD, PT, PP, PSB e PSDB indicaram um integrante cada, mas o cálculo da nova comissão considerará os blocos parlamentares, em processo de agrupamento, e ainda que houve pelo menos duas mudanças nas bancadas: Bruno Souza deixou o PSB e foi para o NOVO (os pessebistas são apenas dois agora), e Ivan Naatz sai do PV para encorpar o PL, que ficará com quatro cadeiras em plenário, mesmo número das dos petistas. Posição 1 Líder do a Assembleia e um dos quatro parlamentares que romperam com Moisés, o deputado Sargento Lima considera “uma pena” Santa Catarina estar passando pelo pedido de impedimento do governador e conclui: “O Estado não merece isso”. Para Lima, Moisés acumula uma série de erros, como conseguir transformar situação em oposição, um isolamento desnecessário, cercar-se de pessoas completamente desconhecidas da base que o elegeu, além do distanciamento da direita Bolsonarista. Posição 2 Ainda na avaliação dos equívocos do governador, o deputado pesselista, que rumará para a Aliança Pelo Brasil, afirma que “enfim, não sei se foram propositais (o que seria preocupante), ou não, todos estes acontecimentos, o certo é que vai precisar do apoio do Legislativo, e que este apoio venha de forma ‘republicana’, termo que ele (Moisés) mesmo gosta muito de usar.” Perguntado sobre quem pretende indicar para a comissão especial, Lima afirma, categórico: “Eu mesmo”. O outro nome, sem confirmação pelo líder, deve ser o da deputada Ana Caroline Campagnolo, também contrária a Moisés. Entre garfadas Já o líder do MDB, deputado Luiz Fernando Vampiro, que está no Balneário Rincão, não tem ideia dos nomes da maior bancada na Assembleia que deverão compor a Comissão Especial, momento que interessa ao governador Moisés. Vampiro declarou que este e outros assuntos serão debatidos pelos parlamentares na casa da deputada Ada de Luca, em Jurerê, Florianópolis, durante um jantar, na próxima terça (21). Sangue novo Por falar em PT, a experiente ex-deputada estadual, senadora e ministra dos governos Lula e Dilma, Ideli Salvatti, terá sangue-novo catarinense do partido ao seu lado na direção nacional do partido, únicas representantes de Santa Catarina. A arquiteta e urbanista Karine Collelo, de 25 anos, veio de Xanxerê, no Oeste do Estado, para oxigenar e debater a inclusão e a renovação, duas bandeiras da sigla, que passa por reestruturação, nada complicado para quem vem de uma família de militantes de esquerda e pertence ao Movimento Fortalecer o PT, conhecido por sugerir mudanças dentro da política interna partidária.