Itajaí
Protesto contra a alta da carne
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Não só os consumidores se assustaram com a alta no preço da carne. Em Itajaí, até açougues estão na bronca contra o aumento repassado pelos fornecedores e que acabam prejudicando as vendas. As carnes populares, consumidas pelo povão, foram as que mais aumentaram de preço. O comerciante Antônio Carlos da Silva, dono da Casa de Carnes Aline, na rua Conceição, bairro São João, encontrou um jeito de protestar com uma mensagem de repúdio colocada na frente da fachada do comércio. “Não podemos aceitar a exportação de todas as carnes e o brasileiro ficar sem”, diz uma das faixas contra os “preços absurdos”, na fachada do açougue, um dos mais famosos de Itajaí. A mensagem faz referência ao motivo pra elevação dos preços, que envolve principalmente o aumento da exportação da carne pra China, num acordo recente do governo brasileiro com aquele país asiático. A venda de carne pra China, sem que haja uma segurança de fornecimento no mercado interno, reduziu a oferta do produto e aumento do preço pro cliente brasileiro. Antônio conta que teve a ideia de colocar a faixa após receber o valor do reajuste. “Quase enfartei com o preço da carne na terça-feira”, relata. Ele diz que a faixa de repúdio é um desabafo e também uma forma de esclarecer o consumidor. “Os clientes acham que a gente tá abusando e explorando”, diz. Antônio explica que tá tentando manter os preços atrativos pro consumidor, reduzindo o lucro. Mesmo assim, a alta repassada é tão braba que as vendas no balcão diminuíram 40%, informou. O preço salgado afeta todos os cortes. O aumento chega ao dobro do valor, no caso do coxão mole, que passou de R$ 16 pra R$ 32 o quilo, ou do acém, que passou de R$ 10 pra R$ 19 o quilo. Outros cortes, de carnes mais nobres, tiveram reajuste entre 80 e 90%. E a cotação com o fornecedor aumenta durante o dia, com valores diferentes pela manhã e à tarde, reduzindo o poder de negociação dos açougues. “Não tem desconto nenhum,” frisa Antônio. O protesto de Antônio chamou atenção de outros mercados e açougues da cidade, que também prometem colocar faixas semelhantes, segundo disse o comerciante. Ele informa que há locais já faltando alguns cortes de carne e que o aumento do preço do produto está elevando o valor da carne suína e do frango, bem como do ovo e da salsicha. “Os clientes vão partindo pra outros produtos”, analisa. O açougueiro ainda informa que o problema afeta os produtores, que estariam já abatendo novilhos pra atender a demanda. Ela alerta que os preços podem aumentar ainda mais porque a procura por carne é maior no fim do ano devido às festas. “Foi numa época ruim”, completa.