Itajaí
Ferry-boat fatura quase R$ 1 milhão por mês
Faturamento é com passagens e repasse do Passe Livre. Empresa não confirma
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]

Os dados atuais do contrato de travessia do ferry entre Itajaí e Navegantes, de acordo com a secretaria Estadual de Infraestrutura e Mobilidade, mostram que a NGI Sul, responsável pelo serviço, tem um faturamento perto de R$ 665 mil por mês, além do repasse de R$ 200 mil pagos, limpinhos e mensalmente, pelo governo do estado pra custear o programa Passe Livre. A empresa preferiu não confirmar os números. Conforme o DIARINHO publicou ontem, o governo estadual fará a revisão das condições atuais do contrato, também alvo de uma ação civil do ministério Público. A empresa opera sem qualquer processo licitatório. Uma licitação, além de democratizar o acesso de outras empresas na disputa do serviço, também deveria estipular os critérios para o cálculo e reajuste das tarifas. Atualmente, os valores da passagem do ferri variam de R$ 1,45 pra pedestre a R$ 14,20 pra caminhões. Carros pagam R$ 9,05 e motos, R$ 2,30 (sem contar o carona). As tarifas são fixadas e reajustadas com autorização do Estado. Conforme a empresa, cerca de 15 mil pessoas passam diariamente na travessia do ferry, o que dá em torno de 450 mil passageiros por mês. A movimentação envolve pedestres e quem passa de bicicleta, moto e carro. A NGI Sul ressalta, no entanto, que nem todos são pagantes, considerando que há as gratuidades para trabalhadores, estudantes e idosos, além de descontos. Segundo a secretaria de Infraestrutura, são 173 mil pessoas beneficiadas mensalmente pelo Passe Livre, sendo 144 mil trabalhadores e 29 mil estudantes. Conforme o órgão, responsável pela autorização do serviço, passam todo mês pelo ferri 34 mil bicicletas, 68 mil motocicletas e 192 mil pessoas, entre pedestres e motoristas de carros. Nem empresa e nem o governo, no entanto, informaram o número exato de carros. Mas de acordo com a secretaria de Segurança da prefeitura de Navegantes, a média é de três mil veículos por dia fazendo a travessia, o que dá em torno de 90 mil carros por mês. O município informa que a demanda aumenta de três a quatro vezes, passando dos 10 mil carros, quando a BR-101 tranca por ponta de acidentes ou obras e os motoristas cortam caminho por Navegantes, gerando as polêmicas filas no centro da cidade. Empresa se explica Paulo Henrique Weidle, administrador da NGI Sul, argumenta que a empresa também arca com parte do custeio do programa Passe Livre. Na travessia de motos, bicicletas e pedestres do programa, ele conta que a empresa recebe só R$ 1,25 da tarifa. No caso das motos, exemplifica, o custeio passa dos 45% do bilhete. O restante é a NGI que “paga”. Paulo avalia que o programa é prejudicial pra empresa, defendendo que o Estado deveria rever a verba destinada. “Se parar pra verificar, muitos beneficiados recebem vale-transporte da empresa que trabalham”, pondera. Só entre 2009 e 2013, segundo levantamento do ministério Público de Navegantes, que contesta o subsídio do passe livre, foram quase R$ 8 milhões em repasses. A promotoria aponta a falta de contrapartida da empresa, já “agraciada” com a autorização de tocar o serviço sem pagar nada e cobra licitação do Estado. “Se MP entende que a contrapartida da empresa com a sociedade é pouca, estamos abertos a melhorar isso. Somos parte da sociedade e queremos uma região bem desenvolvida”, afirma Paulo Henrique.
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