Itajaí

MP vai investigar fechamento de usina de reciclagem

Coopermar foi fechada após denunciar irregularidades na coleta de lixo hospitalar pela empresa Ambiental

Lixo reciclável de BC gerava renda para 15 famílias
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A promotoria do Meio Ambiente de Balneário Camboriú vai apurar as causas do embargo que proíbe a “usina” de reciclagem Coopermar (Cooperativa de Materiais Recicláveis de BC) de receber material reciclável coletado na cidade pela empresa Ambiental, que é a concessionária do serviço. Segundo o presidente da Coopermar, Cléber Maciel, desde a sexta-feira passada os caminhões da empresa não levam os resíduos para o terreno onde a cooperativa trabalha. “Ligamos para saber o que estava acontecendo e fomos informados que a vigilância Sanitária os teria informado de um embargo e que o resíduo reciclável coletado não poderia mais ser trazido para cá”, contou. O DIARINHO teve acesso ao auto de infração da vigilância sanitária, que confirma a interdição do local. Segundo informações do gabinete do promotor Isaac Newton Belota Sabbá Guimarães, o Ministério Público vai oficiar a Vigilância para que responda dúvidas e esclareça detalhes sobre a decisão. Enquanto a cooperativa não consegue trabalhar, as 15 famílias que dependem dos cerca de R$ 850 mensais com o trabalho de separação, prensagem e venda dos recicláveis ficarão sem renda. “Nós nem fomos notificados dessa proibição. O que sabemos é pela imprensa ou pela própria empresa. E agora estamos todos sem trabalhar e sem ter como viver”, reclama Cléber. Ontem, juntamente com um grupo dos cooperados, ele foi à Univali em Itajaí pedir o apoio da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP), mantida pela universidade, para tocar a cooperativa. A usina onde a Coopermar trabalha fica na Várzea do Ranchinho e foi cedida pela prefeitura de Balneário há cerca de oito anos. Mas a estrutura existe há cerca de 30 anos. É por lá que os cooperados fazem a separação e a reciclagem em condições precárias de trabalho, como já foi mostrado pela reportagem do DIARINHO publicada no dia 21 de agosto. Sem qualquer apoio A Coopermar não estaria tendo qualquer apoio da prefeitura para conseguir as licenças para funcionamento. “Nos últimos meses, recebemos pelo menos quatro visitas de órgãos da prefeitura para nos fiscalizar. A última foi no dia 25 do mês passado quando nos entregaram uma autuação dizendo que voltariam em 10 dias. Depois disso, só soubemos do fechamento porque paramos de receber o material. Parece perseguição”, solta Cléber. Para ele, as insistentes fiscalizações começaram depois que a Coopermar denunciou para a prefeitura estaria recebendo no local resíduo hospitalar misturado aos da coleta seletiva. O engenheiro ambiental Wagner Fernando Morona, responsável pelo licenciamento ambiental da Coopermar, diz que há anos luta para conseguir com a prefeitura de Balneário Camboriú o contrato de cessão do uso do terreno. Segundo ele, falta apenas esse documento para conseguir o licenciamento ambiental na Fatma. “É muito desesperador. Eles dizem que a Coopermar não está regularizada, mas está sim, temos Ca Junta, ata da assembleia validada. Não tem porque a prefeitura nunca permite que esse documento seja liberado”, critica. O caso também chamou a atenção do Observatório Social de Balneário Camboriú, que vai colocar o assunto em pauta em sua próxima reunião. Famílias correm o risco de voltar às ruas Edson Ferreira tem 50 anos. Há quase nove trabalha na Coopermar e vive exclusivamente da renda que tira da reciclagem. Praticamente não sabe o que é fazer outra coisa na vida. Antes de se unir à cooperativa, trabalhava como catador nas ruas de Balneário. Hoje, é vice-presidente da Coopermar. Casado, tem um filho de 29 anos, o Edson Júnior, que também vive do que recebe na Coopermar. Juntos, os dois levam cerca de R$ 1500 para casa todos os meses. “A gente ganha para sobreviver. Na minha vida eu não comprei terreno, nem casa. O que a gente recebe dá para o básico, para comer. É uma injustiça o que a prefeitura está fazendo com a gente”, desabafa. Edson e a esposa, dividem o terreno que moram no bairro dos Municípios com o filho e a nora que está grávida de oito meses. “Nossa neta vai chegar nesse momento difícil. Se a cooperativa não reabrir, a gente vai ter que voltar a ser catador na rua porque deixar de trabalhar a gente não pode”, conta. A rotina do pai e do filho é praticamente a mesma dos outros 13 cooperados. Acordam muito cedo e esperam a carona de Cléber, o presidente da Coopermar, que busca os trabalhadores em casa com o carro que eles receberam com apoio do Ministério Público. O trabalho pesado começa pontualmente às 8h30 e segue até às 17h30. “Se eu pudesse falar com o prefeito eu ia perguntar por que uma cidade tão rica como Balneário faz isso com a gente? A cidade precisa do nosso trabalho e eu não entendo porque a gente trabalha nessas condições desde o começo”, reclama. Segundo ele, só existe um barracão, mesmo que mal estruturado no terreno, porque a promotoria do meio ambiente os ajudou depois de um incêndio que queimou uma velha estrutura, em dezembro do ano passado. Cléber Maciel, que preside a Coopermar, tem uma história parecida. Mas em vez de um filho, tem seis. “Quatro menores e dois maiores”, como conta. Na tarde de ontem, ele estava com seu filho Tom, que também vive da renda da cooperativa, na Univali buscando apoio para convencer a prefeitura de Balneário. “A gente só não pode é parar de lutar porque eu não quero nem pensar o que vai ser de nós sem essa renda depois de tanto trabalho para manter a cooperativa”, desabafa. O que diz a prefeitura Por e-mail, a assessoria de imprensa da prefeitura de Balneário Camboriú informou que a Vigilância Sanitária interditou a usina de reciclagem de lixo porque a Coopermar tem problemas na documentação, não há um contrato com a Ambiental para recebimento dos resíduos, falta o licenciamento ambiental e há condições inadequadas de trabalho e de armazenamento de lixo. Segundo ainda a prefeitura, a Coopermar só vai conseguir o contrato de cessão do terreno se estiver legalizada. A prefeitura ainda informa que planejou ações que envolverão a cooperativa no gerenciamento dos resíduos produzidos em Balneário Camboriú. Uma delas será a construção do Centro de Valorização de Materiais, construído pela concessionária Ambiental e administrado pelo Poder Público em parceria com cooperativas. Por enquanto, o lixo reciclável de Balneário Camboriú está sendo encaminhado para duas cooperativas de recicladores na cidade vizinha de Camboriú.




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