Itajaí
Deputada acusa MPF de atacar Instituto Federal
Ministério Público estaria promovendo perseguição política a diretores de campus
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]



O instituto Federal Catarinense (IFC), considerado uma referência nacional de educação técnica em todo o país, está no meio de uma polêmica das grandes. A direção do campus de Abelardo Luz, no oeste de Santa Catarina, foi afastada pela justiça a pedido do ministério Público Federal (MPF), que acusa o MST de mandar na instituição. A ação do MPF foi denunciada esta semana no congresso Nacional como “perseguição política” e a advogacia Geral da União (AGU) prepara a defesa do caso. Em fevereiro deste ano o MPF começou a investigar o campus do IFC de Abelardo Luz. O instituto “seria controlado por membros do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)”, alega o MPF. Na semana passada, com uma ordem judicial, os procuradores federais tomaram os computadores e os celulares do diretor e do coordenador pedagógico do IFSC de Abelardo Luz, Ricardo Scopel Velho e Maicon Fontanive. Também lhes entregaram a ordem judicial para se afastarem do cargo. Na nota oficial do MPF, ele usa como prova fotos de uma atividade do MST dentro do espaço onde fica o IFC e fotos com bandeiras do movimento penduradas numa parede. Também fala, na denúncia, que o campus não tem muro e nem vigilância. Ou seja, que estaria desguarnecido de segurança. O MPF ainda fala de indícios de fraude nos concursos públicos do instituto. “Havendo inclusive suspeitas de possível direcionamento de concurso público para a aprovação de integrantes do MST para o cargo de professor”, fala a nota oficial do ministério Público, sem dizer que “indícios” são esses. O caso repercutiu na câmara federal. A deputada Maria do Rosário (PT/RS) acusou o MPF de perseguição política e chamou a ação de absurda. “O instituto foi atacado através de uma ação onde se interviu dentro dos seus espaços e na sua reitoria, porque a denúncia falsa e absurda de que esse instituto mantém um diálogo com o movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra”, detonou. DB Fotos antigas e desconhecimento das funções do IFC O professor Ricardo Velho, diretor afastado do campus do IFC de Abelardo Luz, se diz espantado com a ação. Segundo ele, ainda tenta entender o que está acontecendo. “Tivemos aceso aos autos apenas na quarta-feira. Ainda tá em análise pela procuradoria do Instituto e estamos encaminhando para a AGU [Advogacia Geral da União] para fazer a defesa”, contou ao DIARINHO, por telefone. Ele disse que, pelo que entendeu, o MPF e a Justiça acreditam haver ingerência do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) na direção do campus, o que não seria verdade. “O campus funciona absolutamente dentro das políticas educacionais já previstas pela instituição, no que compete ao que a gente chama de ‘educação do campo’”, afirma. O IFC, ressalta Ricardo, funciona dentro de um do assentamento do Incra, órgão federal que atua pela reforma agrária. Por isso, todo a política educacional é voltada ao tema. “Tanto as ações educacionais quanto ao ensino, pesquisa e extensão do IFC precisam estar inseridos aos arranjos produtivos locais”, afirma. “No caso de Abelardo Luiz, 53% da economia da cidade gira em torno dos 24 assentamentos que existem na cidade, todos do Incra”, ressalta. Mobilização pelo instituto A fotos que o MPF usa, segundo ele, são antigas, de uma ação do MST antes do IFC ocupar de vez o espaço, que pertence à prefeitura da cidade. As fotos, que estão no site do IFC, mostram a direção do movimento, que é legalizado e tem CNPJ, defendendo a construção de um instituto federal nos assentamentos da região. As fotos, segundo ele, também seriam de atividades de formação agrária do MST, feitas antes de 2015 e que tinham parceria com instituições e órgãos governamentais, como Udesc, secretaria estadual de Educação, CNPq e ministério do Desenvolvimento Agrário. “Essa ação mostra a falta de compreensão da justiça em relação à política de reforma agrária do próprio executivo através do Incra”, opina o diretor afastado. Quanto à falta de muro no IFC, ele ressalta que desde o ano passado há cortes de verbas federais. O sistema eletrônico de vigilância já foi licitado. Ele não vê nenhuma irregularide ou crime no fato do campus, que fica numa comunidade agrícola, não ter cercas ou muros. Ricardo é formado em ciências sociais e mestre em sociologia política. Ele é servidor efetivo do IFC e, como todos os professores do instituto, precisou fazer um concurso federal para ser admitido.