Itajaí

Região recicla 3% do lixo que produz

Aterros são o destino do que poderia ser reciclado, causando prejuízo ambiental e financeiro para quem vive da reciclagem

Somente cinco das 10 cidades analisadas pelo DIARINHO fazem a coleta do lixo reciclável obedecendo ao Plano Nacional de Resíduos Sólidos. São elas Itajaí, Balneário Camboriú, Itapema, Porto Belo e Bombinhas. Barra Velha, Penha, Piçarras, Navegantes e Camboriú ainda coletam o que poderia ser reciclado e mandam para os respectivos aterros junto com o lixo comum. É dinheiro e meio ambiente jogados no lixo. Para se ter uma ideia do volume do problema, pelo menos 17 mil toneladas de lixo comum foram recolhidas em todas essas cidades no primeiro semestre de 2017. No mesmo período, apenas 551 toneladas de resíduos recicláveis foram coletadas seletivamente nas cinco cidades que implantaram o serviço. Isso representa apenas 3% do lixo comum gerado pelos cerca de 615 mil habitantes desses municípios. É como se para cada mil quilos de lixo, irrisórios 30 fossem de recicláveis coletados adequadamente. O problema da reciclagem do resíduo é amplo, complexo e não é culpa de uma única ponta. As prefeituras, as empresas contratadas para a coleta e a população não cumprem sua parte em cada etapa da cadeia e ajudam o país a jogar no lixo cerca de R$ 8 bilhões todos os anos que poderiam ser lucrados com a reciclagem. Isso sem falar nos danos ao meio ambiente com o acúmulo de resíduos nos aterros que poderiam ser reciclados ou ir para a compostagem, por exemplo. De qualquer maneira, as prefeituras são as primeiras que precisam fazer a lição de casa corretamente para que o lixo possa ter uma destinação adequada. Se o poder público municipal não oferece coleta seletiva, não há possibilidade de redução dos resíduos que entopem os aterros acabando com sua vida útil. Se elas não possuem seu próprio plano integrado para a gestão dos resíduos sólidos que respeite as diretrizes impostas pelo Plano Nacional ficam sem receber verba do governo federal para que possam investir no manejo do lixo produzido. E sem dinheiro se cria o círculo vicioso de desperdício e danos ao meio ambiente. Segundo a presidente do Instituto Eco Cidadão e coordenadora do programa Lixo Zero, Luciana Andréa, cerca de 60% de tudo o que é recolhido na coleta seletiva e que poderia ser reciclado volta para o aterro sanitário como lixo comum em Balneário Camboriú. “Volta porque não há apoio para que a cooperativa se estruture para receber todo o reciclável que é recolhido e porque as pessoas ainda não sabem separar corretamente. Junta-se caixa de leite suja com guardanapo, papel higiênico, isso forma uma meleca que inviabiliza qualquer reciclagem”, explica. Além disso, Luciana conta que muitos prédios de Balneário ainda não possuem estrutura de separação do lixo e quando isso acontece, algumas vezes, ele é misturado no próprio caminhão que faz as coletas. “A cooperativa já recebeu material cirúrgico com pedaço de tecido humano. Você não imagina o que chega lá”, garante. Entre as três cidades com maior volume de coleta de reciclável, Balneário Camboriú é a que menos recolhe numericamente: foram 144 toneladas/mês, contra 223 de Itapema e 182 de Itajaí. Usando da estimativa do Instituto Eco Cidadão, das 144 toneladas recolhidas por mês em média em BC apenas 58 teria a destinação correta por meio da reciclagem. As outras 86 toneladas recolhidas vão parar no aterro junto do lixo comum. Como Balneário Camboriú não dispõe de aterro sanitário, esse lixo todo vai parar no aterro da cidade vizinha, Itajaí. “A quantidade coletada é bem baixa ainda, mas temos que pensar que a maioria das cidades brasileiras ainda nem tem a coleta seletiva”, justifica a coordenadora de Projetos Especiais da Secretaria do Meio Ambiente de BC, Nayara Miotto Hirsch. Segundo ela, Balneário deve concluir o seu plano de gestão integrada em até 18 meses. Enquanto isso, fica sem receber verba do governo federal para investimentos na área de limpeza pública e manejo dos resíduos. Para resolver o problema, a prefeitura informou que está em negociação com a Amfri para execução do plano dentro das exigências. Em último caso, uma empresa especializada será contratada por meio de licitação. “A política é um primeiro passo, mas não basta só o plano. Temos que ter o envolvimento da população na separação correta, dos condomínios que possuam contentores próprios e temos que criar leis que punam quem não respeitar a separação”, diz. Outro problema a ser resolvido é o fim do contrato de concessão com a Ambiental no fim do ano. Segundo a prefeitura, uma comissão vai definir se o contrato será renovado ou se será aberta uma nova licitação.




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