Itajaí
Arrancadão coloriu mar de Laranjeiras
Mais de 100 pescadores divididos em seis barcos disputaram o troféu de equipe mais rápida das canoas artesanais
Redação DIARINHO [editores@diarinho.com.br]




O mar liso da praia de Laranjeiras recebeu, na manhã de ontem, mais de 100 pescadores que se enfrentaram no 1º Arrancadão de Canoas Artesanais de Balneário Camboriú. Ao todo, seis canoas representando os ranchos das praias que vão de Laranjeiras a Estaleiro participaram da prova. A equipe do Pinho, com a canoa Gatinha Peladinha, levou a melhor depois da desclassificação do time de Laranjeiras, que teria contornado errado uma das boias gerando uma polêmica pós-prova. Estaleirinho comemorou a segunda colocação no quadro geral. Além do arrancadão de canoas, teve cabo de guerra, arremesso de tarrafa e muitas atrações musicais. Canoa é raiz! O evento que chamou a atenção dos turistas que curtiam o domingo na praia festeja a tradição das canoas e marca o encerramento da safra da tainha. “Queremos resgatar e fortalecer a cultura açoriana. Balneário é uma cidade turística, badalada por pessoas do mundo inteiro. Temos que ficar atentos para valorizar a cultura local”, disse um dos idealizadores do evento, o empresário e pescador de Laranjeiras, Joabe Linhares, 26 anos. Vinícius Domingo, 43 anos, é nativo de Taquaras, mas faz parte da equipe de pescadores da praia do Pinho há um ano. Fez sucesso ontem por ter vencido a prova e por conduzir a canoa que mais chamava atenção pelo sugestivo nome “Gatinha Peladinha”. Para ele, a competição foi mais difícil que a rotina da pesca da tainha em uma safra ruim. “A gente caiu na bobagem de ir para o cabo de guerra antes da prova de remo. Haja braço e haja fôlego”, disse logo depois de sair da canoa na prova final. Nesse primeiro ano de atividade, a equipe do Pinho que é formada por 15 pescadores tirou da água cerca de 3700 tainhas. Manoel Nascimento Pedro, 55 anos, mais conhecido como seu Maneca, é pescador há mais de duas décadas e é apontado pelos colegas como um dos mais experientes da região. Conta que era pedreiro, mas foi parar em um barco de pesca levado pela esposa que morava no Estaleiro e fazia parte da colônia de pescadores local. Lá, segundo ele, há uma das maiores comunidades de pesca de Balneário onde 30 pessoas se dividem em duas equipes, cada uma com duas canoas, para fazer o lanço da rede e capturar tainha. Ele confirma que a safra do ano foi de amargar. Safra ruim Segundo ele, o time do Estaleiro matou exatas 4434 tainhas, enquanto no ano passado o número ultrapassou os 17,8 mil peixes. “Faltou vento sul e sobrou mar ruim com muita ressaca”, explicou. Por isso, o evento também é válido para aliviar a frustração com a pesca. Segundo ele, a competição é importante não apenas para ele, mas para o futuro da pesca, lembrando dos filhos e netos. “Temos sofrido muito porque a pesca artesanal é cada vez menos valorizada. Falta apoio dos governos na fiscalização dos que pescam sem autorização e estragam nosso trabalho”, alerta. Para ele, a competição atrai políticos e turistas e gera a esperança de serem enxergados pelo poder público. “Se não nos valorizarem, a gente acaba logo”, arriscou. O seu Maneca da equipe de Laranjeiras, o pescador Manoel Pereira Filho, 62 anos, afirma ser filho de Balneário Camboriú. “Eu me criei nessas águas e é delas que tiro meu sustento há mais de 20 anos”, contou. Maneca gostou da brincadeira com as canoas, mas reclamou da safra fraca. Segundo ele, os 10 pescadores que formam a equipe tiraram d´água cerca de 1500 tainhas, a metade que pescaram no ano anterior. “Pelo menos vamos encerrar com festa e esperar que ano que vem seja melhor”, disse. mb n