A temperatura mais baixa do ano em Itajaí e região foi registrada na segunda-feira (4,5ºC), mas ontem, quando os termômetros da Epagri/Ciram marcaram 4,6ºC, parecia que o dia estava ainda mais gelado. O fato rolou por causa da sensação térmica, que foi de 2ºC. Pra se ter uma ideia da friaca braba, na praia Central de Balneário Camboriú, acostumada a receber uma carrada de turistas pra aproveitar o sol e o calor durante o verão, os termômetros apontavam apenas 1ºC por volta das 7h.

O climatologista Sergey Alex de Araújo, coordenador do laboratório de climatologia da Univali, conta que as sensações térmicas mais baixas são sentidas em áreas abertas, como a rural e a beira-mar. Ele exemplifica dizendo que no centro da city peixeira, ontem, a temperatura mínima ficou em torno de 7ºC, com a sensação térmica de 4,9ºC. “Tem carro, gente circulando e isso interfere”, diz.

Sobre o termômetro da praia do Balneário ter marcado 1ºC, Sergey explica que estes trambolhos não condizem com a realidade e geralmente refletem a sensação térmica e não a temperatura. “Alguns são virados ao sol, fazendo com que a temperatura aumente, e outros ligados no próprio ferro [suporte], que também interfere na temperatura”, conta o sabichão.

A mínima na Maravilha do Atlântico ontem foi de 5,4ºC. Em toda a Santa & Bela, a cidade que mais sofreu com os termômetros quase congelando foi, mais uma vez, Urupema. Lá, os moradores tiveram que enfrentar 6,9ºC abaixo de zero.

Vem aí um “calorzinho”

As temperaturas vão aumentar um pouquinho ao longo da semana e Sergey garante que hoje já não fará tanto frio como nos últimos dois dias. “Acredito que amanhã a massa de ar perde um pouquinho a força”. A previsão é que a mínima seja de 6ºC a 8ºC e a máxima fique entre 16ºC e 18ºC, até sexta-feira. A nebulosidade vai variar durante o dia e na semana que vem as temperaturas devem subir um pouco mais. Felizmente, o sol seguirá brilhando, o que certamente amenizará a friaca durante os dias.

Receitas diferentes pra se proteger da geleira

Por causa do solzinho de ontem, algumas pessoas tiveram coragem de sair de casa pra dar uma caminhada na praia de Balneário Camboriú. Foi o caso do juiz aposentado Donaldo Fleith, 69 anos. “Hoje [terça] tá melhor do que ontem”, acredita. Mas pra se proteger do vento gelado, seu Donaldo se agasalhou bem e manteve o ritmo do exercício.

Até turista se arriscou a botar o pezinho na rua na Maravilha. O administrador Moisés Cruz, 49, veio de Brasília pela primeira vez e deu dicara com um inverno rigoroso. Ele tava a passeio com o filho João Pedro, de seis anos. E o garoto, não acostumado com as baixas temperaturas, mesmo usando touca, luva e bastante agasalho, soltou: “Tá muito frio”.

Na city peixeira, a friaca também continua castigando o povão, que faz de tudo pra não virar picolé. O carioca Paulo Cesar Veras Pereira, 51, mora há 26 anos no bairro São Vicente e revela que já pediu ajuda pra esposa, que é peixeira, pra enfrentar a geleira da região. “Sou do Rio, que é bem mais quente, mas minha mulher nasceu aqui e sempre me dá umas dicas. Uso duas calças, três blusas, duas meias e sempre tomo um café reforçado antes de sair de casa pra poder aguentar”, conta Paulo.

Quem também abusa do cafezinho pra não congelar são as médicas Cristiane Ramos, 34, e Renata Waltrick, 24. “Além das roupas, um cafezinho bem quente ajuda bastante. Normalmente, tomava duas xícaras por dia, mas agora, nesse frio, eu tomo quatro”, destaca a dotora Cristiane. “Além do café quente, a gente não para no trabalho, vive correndo”, completa Renata.