Itajaí registrou no primeiro semestre desse ano acidentes com 98 motociclistas. Esses números dizem respeito aos motoqueiros que silanharam sozinhos. Com o tempo chuvoso e as obras nas ruas, o cenário só piora. O vendedor Felipe Leonardo Vieira, 25 anos, entrou pra lista dos acidentados.

O rapaz tombou na rua Joaquim Falco Uriarte, na Vila Operária, quando ia pro trampo, no dia 15. Na city vizinha, Navega, perrengue do mesmo tipo rolou ontem pela manhã. Janaina Zarilli, 21 anos, caiu sozinha na avenida Conselheiro João Gaya, centro dengo-dengoso. Os mototaxistas tão cabreiros. Segundo eles, é preciso desacelerar pra conseguir chegar ao destino com segurança.

Motoqueiro desde os 18, Felipe foi parar no chão por causa de uma lajota desalinhada. O trecho da Vila sequer tava em obras, mas o calçamento tá longe do ideal. Felipe machucou o joelho e quebrou o braço esquerdo. O motoqueiro diz que sempre anda com receio e acha o trânsito perigoso. “Com areia na pista, a gente corre o risco de cair na hora da frenagem”, comenta.

Profiças

Os mototaxistas peixeiros também tão preocupados com a vida no trânsito. Silvano Sidney de Borda, 38, diz que as obras do Semasa por toda a cidade são xaropes. Mas as considera um mal necessário. “Nós já temos a malandragem, logo que vemos areia na pista, já reduzimos a velocidade pra não frear em seco e correr o risco de cair. A chuva também atrapalha”, detalha Silvano, mototaxista há 12 anos.

Pra Silvio Carlos Fonseca, 52 anos e há 13 na função, o pior de tudo são as ruas interditadas. “A gente tem que deixar as pessoas longe. O passageiro reclama porque não o deixamos no lugar solicitado. Fica muito difícil pra gente andar nesse trânsito”, lasca.

Se liga!

Quem é morador de Itajaí sabe muito bem que várias ruas da city estão em obras. Pra evitar que o número de acidentes envolvendo motos aumente ainda mais, os condutores precisam ficar ligados. “Se eu não reduzo a velocidade e não faço uma direção defensiva, eu posso me acidentar”, comenta o instrutor de trânsito Antônio Japiassu Neto, 35 anos de profissão.

O instrutor ressalta que o poder público também tem sua parcela de responsabilidade. “O município deve sinalizar melhor os trechos em obras”, diz. Ele garante que placas indicativas muito em cima dos locais ou a ausência delas atrapalham os condutores.

Limpeza

Vai ser feito um mutirão de limpeza no sábado nas ruas centrais onde os trabalhos já foram concluídos e nas ruas próximas dos locais que ainda estão em obras. “Essas áreas centrais são complicadas, é muito carro estacionado”, justifica Tarcízio Zanelato.

O abobrão reconhece que não somente as ruas ficam sujas, mas outros locais por onde os automóveis passam e carregam a sujeira. Por isso, a limpeza já está programada.

“A medida que as obras vão tocando, a sinalização é colocada. Você tem que deixar uma distância segura pros motorista”, diz o chefão da Codetran, José Alvercino Ferreira. O cara revela que as placas são de responsabilidade da empresa contratada pra realização das obras e o papel da coordenadoria é fiscalizá-las. E isso tem sido feito, de acordo com o Zé da Codetran.

Ano violento

Os números subiram. Itajaí teve um aumento de quase 50% no número de quedas de motos no primeiro semestre de 2011, em relação ao mesmo período do ano passado. As colisões aumentaram em 15%.

• Quedas de motos sozinhas

2010: 48

2011: 97

• Colisões envolvendo motocas

2010: 791

2011: 938 - dessas colisões, duas pessoas morreram