Itajaí

Pedro Thadeu Silva

Confira o Entrevistão com o engenheiro de telecomunicações Pedro Thadeu Silva

“O petróleo, o ouro negro, é sem dúvida a grande oportunidade de negócio. O grande negócio do momento”

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Ele é um executivo dos novos tempos. Acha que os brasileiros trabalham demais, promove intercâmbios entre empresas privadas, governos e cientistas e defende a exploração de recursos energéticos ...

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Ele é um executivo dos novos tempos. Acha que os brasileiros trabalham demais, promove intercâmbios entre empresas privadas, governos e cientistas e defende a exploração de recursos energéticos com sustentabilidade. Poliglota e com cidadania norte-americana, Pedro Thadeu Silva largou a carreira de dirigente em empresas de alta tecnologia pra virar presidente do Itaesa, um instituto que escarafuncha alternativas energéticas pro mundo continuar tocando suas engrenagens. É essa figura cheia de energia que trouxe pra Itajaí a Equipaindústria, o maior evento do sul do país responsável por reunir sob um mesmo teto toda a cadeia produtiva do petróleo e do gás no Brasil. Nesse Entrevistão concedido aos jornalistas Hyuru Potter e Sandro Silva e sob os cliques do fotojornalista Minamar Júnior, Pedro Thadeu fala das oportunidades que o pré-sal abriu pra toda a sociedade, de grandes empresas a trabalhadores, de jovens a micro empresários. Imperdível pra quem quer conhecer um pouco mais dessa nova corrida do ouro (negro) brasileira e, claro, entrar nessa onda.

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DIARINHO - É comum ouvir falar em cadeia produtiva do petróleo e gás. Mas como ela é formada e como se divide?

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Pedro Thadeu - Cadeia produtiva, na realidade, é uma extensão de produtos, bens e serviços que são utilizados tanto na exploração como na produção e refino do petróleo. Quando você fala em bens, considere que nesta cadeia você utiliza desde um clipe de papel a uma plataforma de extração de petróleo ou um navio tanque. Então tudo é empregado. É óbvio que quando se fala em cadeia produtiva de petróleo e gás, existem as especificações tecnológicas e a tecnologia por trás. Uma determinada arruela, para ser utilizada, por exemplo, na indústria automobilística ou de petróleo e gás, ela tem que obedecer certos quesitos, certos parâmetros tecnológicos de qualidade, de acabamento, mas não deixa de ser uma arruela. Dentro da cadeia produtiva, você tem metal-mecânica, petroquímica, química... Ou seja, é uma cadeia que começa de um simples item até chegar a um produto mais complexo, por exemplo, derivado do petróleo.

DIARINHO - Onde há mais oportunidades para o empresário brasileiro? É no chamado upstream, que é o setor de exploração e produção, ou em áreas como transporte, o refino, a distribuição e a estocagem, setores conhecidos como downstream?

Pedro Thadeu - Minha resposta talvez seja uma pergunta a você. As oportunidades se distribuem de forma equitativa. Talvez as oportunidades de volumes maiores de dinheiro estejam obviamente no upstream, mas as oportunidades para os empresários existem ao longo de toda a cadeia. Como a cadeia é extremamente elástica, que vai de um simples clipe até uma plataforma ou um navio tanque, aí, imagine você que existe oportunidade pra uma ferramentaria, calderaria, pra uma indústria de metais leves, mecânica leve, mecânica pesada, indústria de precisão, telecomunicações. Então, as oportunidades existem ao longo de toda a cadeia. Sem dúvida nenhuma, em upstream você teria investimentos e valores mais vultuosos e no downstream valores menores. Por exemplo, na área de transportes de combustíveis, que faz parte da cadeia. Ali você tem um valor extremamente considerável em termos de dinheiro envolvido. Mas as oportunidades existem e se distribuem. A oportunidade no petróleo e gás existe para o pequeno e micro empresário até o grande empresário. Quais são as empresas que produzem maior volume de negócio? Obviamente, são as grandes empresas, mas em termos de oportunidade, todo mundo tem uma parcela. A oportunidade se distribui de forma geral.

DIARINHO - Oficialmente, o governo, através do ministério das Minas e Energia, tem o discurso de integrar em toda essa cadeia as micros, pequenas e médias empresas. Criou inclusive o Prominp (Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás Natural), que é um programa voltado para isso. Até onde há apenas discurso nisso e o que efetivamente tem sido feito?

Pedro Thadeu - Isso é uma realidade, um fato concreto. Você tem a demonstração disso com a preocupação que existe, por exemplo, na realização do Equipaindustria Multisetorial Petróleo e Gás [Feira de negócios que começou terça-feira e terminou ontem, no centreventos da Marejada], aqui em Itajaí. De um evento paralelo que se chama Rodada e sessão de negócios, que é promovido pelo Sebrae e tem a preocupação da inserção da micro e pequena empresa na cadeia produtiva, mostrando quais são as oportunidades de negócio que existem dentro dessa cadeia. É um modelo complementar e adicional a esse processo, onde então o porte da empresa já não é mais impedimento. Então há sim uma preocupação concreta, real. Mesmo porque os grandes clientes, como a Petrobrás, precisam de produtos que se encontram em todos os patamares da indústria. Nós sempre dizemos o seguinte: o grande empresário precisa do médio empresário, que por sua vez precisa do pequeno empresário, que por sua vez precisa do micro empresário. Dificilmente você vai encontrar uma indústria ou industrial que consiga produzir de zero a mil, todos os itens que ele precisa pra produzir seu bem final. Então, essa preocupação é concreta. Ela não é simplesmente um discurso vazio e existe realmente na prática nessas promoções de negócios que a gente faz.

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DIARINHO – Então vamos mensurar isso. De toda a cadeia produtiva de petróleo e gás, quanto as médias, pequenas e micro empresas representam como fornecedoras de produtos e serviços? Chega perto de 50%?

Pedro Thadeu - Eu diria que sim. Se você considerar que, em termos de micro e pequenas empresas, a população é muito maior do que a de grandes empresas, o volume de negócios representados por micro e pequenas empresas seguramente atinge 50%.

DIARINHO - Além das grandes companhias de petróleo, quais outras empresas teriam interesse em que pequenas e médias empresas possam fornecer?

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Pedro Thadeu - Todas as empresas se beneficiam da micro e pequena empresa. Você não consegue isolar-se. Não consegue dizer que existe uma empresa que seja absolutamente autossuficiente. Perdoe-me estou sendo repetitivo: o grande precisa do médio, que precisa do pequeno, que precisa do micro. Talvez o que a gente devesse considerar é a necessidade de adequação dessas micros e pequenas empresas pra realidade do mercado em que elas pretendam atuar. Então, vejamos, na área de petróleo e gás, existe uma qualificação pra empresa. Existem requisitos técnicos e qualitativos pra essas empresas, então a micro e pequena empresa tem que se moldar para poder se inserir nessa cadeia. Na área de telecomunicações da mesma forma. Também na área de vestuário, têxtil, alimentícia. Então, a preocupação maior é o que essas empresas precisam fazer para se qualificarem e estarem inseridasnesse mercado. A gente percebe isso com a preocupação que as empresas têm com a qualificação de mão de obra de seus profissionais.

DIARINHO - Quais as principais dificuldades enfrentadas pelas empresas de pequeno porte? Burocracia, exigências exageradas dos clientes, falta de capacitação ou mesmo de organização interna?

Pedro Thadeu - A resposta é a combinação de todos esses fatores que você destacou. O primeiro passo é o desconhecimento que essas empresas têm do que é necessário, que é demandado no mercado. Muitas vezes, a empresa existe e está no local, o cliente consumidor também está no local e ambos não se conhecem. O empresário comprador tem a necessidade do produto, o indivíduo está presente na cidade, na localidade e não sabe que o outro precisa. O primeiro passo: conscientização. As empresas precisam se conscientizar quais são as demandas. No momento em que há essa conscientização, vamos nos preocupar com o qualificativo, com a qualificação industrial e principalmente com a gestão. As empresas de grande porte hoje se preocupam essencialmente com sustentabilidade, respeito ao meio ambiente etc. Então, as empresas precisam se adequar à capacitação profissional dos indivíduos que trabalham nelas. Se nós pretendemos fornecer um produtor de altíssima tecnologia, tenho que ter indivíduos qualificados dentro do meu corpo industrial e técnico pra poder atender à demanda. A parte burocrática, na realidade, ela existe mas é do ponto de vista de qualificação do profissional, do produto ou da empresa. Eu, para poder comprar da sua empresa, tenho que ter certeza absoluta de que o que você vai vender atende os meus quesitos. Muitas vezes, o pequeno e médio empresário encaram isso como um processo burocrático, quando na realidade é um processo técnico. Essa é a diferença. A burocracia, ela existe como um impeditivo talvez em outros órgãos, mas no mundo industrial essa burocracia é mais considerada nos impeditivos técnicos ou qualificativos do indivíduo ou da empresa. Eu não posso, com a mesma qualidade que você produz um determinado bem para uma indústria de menor complexidade usar esse produto numa exploração de petróleo e gás. Sem demérito pra qualquer indústria. Aquele produto, embora seja um rolamento, não pode ser utilizado da mesma forma que é feito pra uma simples bicicleta numa plataforma. Os riscos são maiores. As condições operacionais são maiores. A preocupação que o empresário tem que ter é entender o que o mercado demanda, como demanda, quais os quesitos técnicos e qualificativos e também o processo de cadastramento para ser o fornecedor etc…

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DIARINHO - As médias, pequenas e micro empresas têm se qualificado para serem fornecedoras de produtos e serviços ou isso ainda está longe de acontecer e as grandes ainda dominam o mercado?

Pedro Thadeu - Movimentos como este que está acontecendo na cidade de Itajaí, hoje, têm como principal objetivo oferecer condições a esses micros e pequenos empresários pra justamente partirem pra esse processo de conscientização e qualificação. As empresas têm se preocupado com a qualificação e busca de oportunidades. Mesmo porque, diante da situação econômica mundial que vivemos, devemos procurar alternativas de crescimento comercial no país. A demanda existe. Ela está aqui. Se o empresário quiser crescer, melhorar a sua condição empresarial e daqueles que colaboram com ele, a condição é simples: se adeque, trabalhe, progrida. Não existe impeditivo pro progresso, pro crescimento tecnológico profissional e de capacitação. Hoje, temos aqui na nossa região, por exemplo, instituições acadêmicas e técnicas de altíssima qualidade que oferecem condições a esses empresários para a qualificação.

DIARINHO - Pra se adaptar a essas condições técnicas e poder fornecer um produto adequado às grandes empresas de petróleo e gás, há a necessidade de um aporte financeiro grande. As pequenas empresas teriam capital para isso?

Pedro Thadeu - Existem programas muito convenientes. Não se trata de propaganda, mas eu vou utilizar como exemplo, sem considerar programas de bancos, um que Petrobrás está apresentando no evento Equipaindustria Itajaí. É um programa chamado Progredir. O que é isso? Eu sou um potencial cliente e quero comprar o teu produto. Você precisa se adequar para me atender. Então eu ofereço uma linha de crédito para que você adeque a sua empresa, o seu processo produtivo para me atender. É lógico que essa necessidade de capital, de investimento, é proporcional ao tamanho do seu empreendimento. Para um microempresário que tenha uma empresa de paisagismo e quer melhorar a sua qualidade pra atender a uma grande demanda, muito provavelmente ele precisa de poucas ferramentas e vai ter um menor custo. Pelo programa Progredir, ele vai a uma instituição financeira com patrocínio pra isso e levanta o capital necessário para atender àquela necessidade. São juros mais interessantes pra essa demanda específica.

DIARINHO - Quais produtos e serviços mais procurados pelas grandes empresas do setor hoje?

Pedro Thadeu - As demandas são sazonais. Nós estamos falando do grande cliente comprando do pequeno cliente. Se você pegar o mercado como um todo, obrserva-se que precisamos de técnicos, de secretárias, de professores, de engenheiros... Um exemplo típico: o engenheiro de petróleo e gás no Brasil. [É um profissional raro…] É raro e há uma necessidade altíssima. Temos uma carência brutal desse profissional. As escolas estão acelerando rapidamente seu processo de mudança da sua grade de estudos para poder formar profissionais desta área. O plano de investimentos da Petrobrás de 2011 até 2015 contempla um número de 224,7 bilhões de dólares. Somente uma empresa. Imagine o que pode se encaixar nesse universo? Por exemplo: lápis, borracha, papel, válvulas de alta pressão, os dutos pra transporte de petróleo, petroleiros. Quando você pega um petroleiro em construção, imagine o que vai na construção disso? Chapas de aço, porca, borrachinha... absolutamente tudo. Eu diria para você, se eu pudesse sintetizar a minha resposta, que uma das maiores demandas que nós temos hoje, efetivamente é a de recursos humanos. Nós estamos vivendo um momento ímpar. Esse é um recado que eu deixo para os nossos jovens. Este é o momento de oportunidade do jovem procurar a sua qualificação. Sem dúvida nenhuma, todas as profissões são importantes, mas o mercado de petróleo e gás tem uma carência de mão-de-obra qualificada impressionante. Soldadores, técnicos, engenheiros, tecnologia da informação, telecomunicações e até mesmo do indivíduo que vai trabalhar na área administrativa ou nos serviços básicos. As plataformas têm um serviço de hotelaria offshore. São cozinheiros, garçons, arrumadeiras, pessoal de segurança, meio ambiente e saúde. Talvez esta seja uma das maiores demandas e carências que você encontra hoje no mercado, que é a de ter indivíduo qualificado para isso e a oportunidade é agora.

DIARINHO - A Petrobrás, a mãezona, é o melhor caminho para entrar nessa roda de fornecedores de produtos e serviços ou há outras alternativas?

Pedro Thadeu - Existem “enes” caminhos. As próprias empresas que orbitam em torno desse mercado são grandes compradoras. Quando você falou da Petrobrás como mãezona, a expressão é perfeita. Ela é a grande empresa, a grande âncora de petróleo e gás no Brasil. Então seria até um processo natural você dizer: “Se eu puder, eu quero oferecer pro maior, pro grande”. Quando a Petrobrás compra uma plataforma, nessa plataforma você tem um número infinito de subconjuntos que foram necessários para sua construção. E existem outras grandes. A Usiminas, por exemplo, que compra produto pra poder vender. Uma BW offshore, da mesma forma. Então essas grandes empresas precisam comprar. Se eu tiver chance de vender diretamente pra Petrobrás, é lógico que eu quero vender diretamente pra ela. Se eu puder fazer negócio com a mãezona, eu quero fazer negócio com a mãezona. Mas, usando a sua colocação, todo mundo faz parte da família.

DIARINHO - Essa nova crise financeira, que está fazendo tombar gigantes como os EUA e alguns países da Europa, pode afetar o setor de petróleo e gás no Brasil? Como, com qual intensidade e quando começaremos a sentir o efeito?

Pedro Thadeu - Se olhamos hoje para o passado, vamos observar que a crise internacional está diretamente ligada com energia e fontes de fornecimento de energia, como petróleo e gás. Você mencionou os EUA, que tem mais de 60% das suas necessidades de energia supridas pelo petróleo e gás. Eles são obrigados a importar. Felizmente, para o nosso querido e amado Brasil, nós já alcançamos a autossuficiência nessa área. E com a descoberta do pré- sal nós seremos, seguramente dentro de alguns anos, um dos grandes exportadores de produto pro resto do mundo. Eu me atreveria a dizer pra você, sem ser economista, que sem dúvida nenhuma nós vamos sofrer os reveses da crise também, mas que nós enfrentaremos com a mesma serenidade que aconteceu na última crise, em 2009. Quando todo mundo imaginava que o Brasil ia embarcar no mesmo processo que o grande país, os EUA, e depois o reflexo na Europa, o Brasil superou com uma certa tranquilidade. Eu acho que foi muito bem. Parabéns a nós, ao povo brasileiro. Eu acredito no seguinte: nós brasileiros descobrimos que como povo, como nação, como país, nós temos uma coisa incrível. Não sou político, não vá publicar isso aí, mas eu não sou político. [Vamos publicar o entrevistão na íntegra]. Mas veja, o nosso país tem um potencial incrível. Nós temos uma população ultrapassando a casa dos 190 milhões de habitantes; nós temos recursos naturais admiráveis; nós temos um povo extremamente trabalhador. Nós temos uma carga de trabalho que é uma das maiores do mundo. No Brasil se trabalha muito. Eu entendo que nós brasileiros temos que ter mais confiança em nós mesmos. É verdade que é uma crise mundial que afeta todos os países, afeta inclusive a grande nação econômica deste planeta, como você disse. Mas, eu diria o seguinte: Continuemos acreditando na nossa força, continuemos executando nossos trabalhos e nós vamos superar a crise.

DIARINHO – O senhor fala de confiança, mas não se estaria sobrevalorizando as descobertas do pré-sal pela Petrobras? A sempre tão falada crise energética, que viria com o esgotamento das jazidas de petróleo, já não bate à porta? Não é hora de uma mudança radical na matriz energética do planeta?

Pedro Tadheu - Veja, uma mudança radical exige novas tecnologias, formas alternativas de energias. E temos que olhar não só a forma de geração e obtenção dessa energia, mas também o custo dela. Você vê já movimentos expressivos nessa área de mudança da matriz energética. Você vê em nosso país, por exemplo, em termos de energia elétrica, que dependemos das hidrelétricas. É a chamada energia limpa. É um dos países com o maior volume de energia limpa do planeta. Aqui no Brasil nós começamos há algum tempo o desenvolvimento no esforço de energia eólica, da energia solar. No entanto, o consumo de energia é tão grande neste planeta, principalmente a energia necessária à movimentação de veículos, que o petróleo ainda é a alternativa mais econômica e mais viável. Cinquenta anos atrás não havia essa preocupação: existe petróleo suficiente, o número de carros é pequeno, a necessidade de petróleo para aquecimento e energia elétrica era pequeno. Mas, o mundo foi crescendo, evoluindo, a demanda começou a aumentar e a preocupação também. Mas a resposta a essa preocupação existe e está acontecendo. Quantos anos nós não sabemos precisar. [Mas já existem estudos que visam realmente essa mudança?] Sem dúvida, existem estudos. Como eu disse, existem movimentos. Você vê projetos interessantíssimos de conciliação de energia eólica com energia solar. Você vê projetos interessantes de energia gerada por hidrelética, solar e eólica. E você vê projetos interessantíssimos sendo implementados com a utilização da força gerada pelas ondas do mar. Então a humanidade, e não é só Brasil, mas o mundo sabe dessa necessidade. Nós não vamos mencionar aqui nem o uso de energia atômica para fins pacíficos, porque alguns países, por exemplo a Alemanha, já pensam em abolir esse tipo de energia em função do desastre acontecido lá no Japão. Mas, que há uma movimentação e está tendo uma mudança, sim. Quantos anos vamos levar? Não sei.

DIARINHO - Com a Petrobras atingindo o status de quarta ou quinta maior empresa do setor no mundo, hoje não se fala mais publicamente em privatizá-la. Mas, nos bastidores, o que está acontecendo? O que se diz e o que pensa sobre isso?

Pedro Tadheu – Lastimavelmente, eu não estou me recusando ou me esquivando a uma resposta, mas eu diria pra você o seguinte: o instituto do qual eu presido não tem esse trânsito que você está sugerindo. O Itaesa ele se preocupa bastante com as ações voltadas às cadeias de energias renováveis e não renováveis, a projetos, aos eventos que a gente promove no sentido de gerar negócios e consequentemente melhoria de padrão de vida dos trabalhadores. Mas, essa informação de se a Petrobras privatiza ou não privatiza, o que se fala nos bastidores, eu confesso a você literalmente a minha ignorância. Eu não sei.

DIARINHO - E o mercado? O mercado tem falado nisso ou ele esqueceu temporariamente de falar nesse assunto?

Pedro Tadheu - Eu diria pra você o seguinte: talvez, no momento, pro mercado, vamos dizer, não seja a maior preocupação. Não é a maior preocupação no momento. A maior preocupação no momento é aproveitar a oportunidade que está acontecendo com essas descobertas do pré-sal e as consequências que isso tem em relação a sociedade. Como nós falamos anteriormente, que é com o crescimento de emprego, com a demanda de formação de mão de obra etc. Eu entendo que existe um lado político nessa questão, se é privatizado, se não é privatizado. O que é melhor? Eu diria pro você que existem aí cabeças brilhantes, um corpo de profissionais, técnicos e indivíduos que estão queimando seus neurônios agora pra descobrir qual a melhor alternativa. [E o senhor é a favor ou contra a privatização?] [Risos]. A posição do instituto é absolutamente neutro nesse processo. Absolutamente neutra. Veja bem, os negócios continuarão acontecendo. Independentemente de ser privatizado ou não ser privatizado. E quando eu digo negócios eu digo oportunidade reservada à sociedade de modo geral.

DIARINHO - O senhor já atuou em empresas de alta tecnologia, inclusive nos Estados Unidos, e também já foi CEO [chefão de grande empresa] de uma empresa nacional de tecnologia. Dá pra dizer que hoje o Brasil está preparado tecnologicamente pra enfrentar a concorrência externa, isso nas mais variadas áreas do conhecimento? Onde é que estão os nossos méritos e os nosso grandes problemas quando o assunto é tecnologia instalada por aqui e patrimônio humano para desenvolvê-las?

Pedro Tadheu - Eu diria pra você que a tecnologia edeve ser obtida, perseguida, trabalhada através desses recursos humanos que você menciona. Por que que um país detém certa tecnologia e outro não detém? Obviamente porque recursos foram empregados na formação de talentos que pudessem desenvolver essa tecnologia. E já que o assunto é petróleo o e gás, falemos por exemplo da competência adquirida pela Petrobras na exploração em águas profundas. Quando se falava em pré-sal alguns anos atrás, dizia-se que era absolutamente inviável a exploração desse recurso porque não existia tecnologia pra isso e hoje nós temos tecnologia pra isso. O fundamental nessa história é aquilo que eu dizia - e que é a maior carência na cadeia -, é o fortalecimento, o desenvolvimento desses talentos dentro do nosso país. É a educação. É trabalhar em cima da formação dos indivíduos que têm condição de buscar ou trabalhar com a tecnologia.

DIARINHO - E a falta desses talentos pode emperrar o desenvolvimento desse processo?

Pedro Tadheu - Com certeza. Não tenho a menor dúvida. [É um risco potencial isso hoje?] Não. Eu diria o seguinte: foi um risco potencial. Houve um despertar da sociedade de modo geral. O meio acadêmico sempre foi um meio consciente desse investimento nessa área. A gente percebe uma preocupação de todas as esferas. Da esfera governamental e da esfera privada no sentido de formação desses talentos. Há, sem dúvida. Os programas de capacitação hoje são a grande chamada. Capacitação profissional, essa palavra é a palavra da moda. E é a realidade, é a necessidade. É lógico que se você não capacitar você não consegue progredir. Vocês são jornalistas, são homens da informação, se nós continuássemos eternamente na mídia impressa como ficaria a internet? Quer dizer, alguém do seu grupo teve que se capacitar pra produzir o seu jornal on-line.

DIARINHO – O senhor preside o Itaesa, uma ONG que tem como objetivo promover o intercâmbio entre o setor privado, governos, universidades e institutos de pesquisas que tenham ações voltadas pra cadeia produtiva de energias renováveis e não-renováveis. Existe um consenso ou uma relação harmônica entre esses setores ou que se vê são empresários querendo lucrar a qualquer custo de um lado, pesquisadores apontando culpados por crimes ambientais de outro e ainda grupos políticos brigando pelo poder??

Pedro Tadheu - Eu acho que isso aí é consequência do próprio capitalismo. O capitalismo ele tem essa conotação. Os setores se preocupam obviamente com o retorno do investimento, com o ganho que possa haver etc e tal. Eu diria pra você que a nossa preocupação - e deveria ser a preocupação da sociedade como todo - é que a gente trabalhe no sentido de aproximação dessas forças. Ninguém pode excluir a força do capitalismo. Ninguém pode excluir a força do mundo acadêmico. Ninguém pode excluir a força de outros segmentos. O importante nessa hora é cada um entender onde pode haver a colaboração, unir esses recursos. E é esse o trabalho que a Itaesa procura fazer: identificar onde existe o talento, onde existe o potencial de colaboração, colocar junto e fazer acontecer. Eu vou usar novamente o evento de Itajaí. Porque está acontecendo em Itajaí, a gente tem que enfatizar isso. [Vamos entrar no assunto da Equipaindustria já, já!] Mas veja você, quando você vai no Equipaindustria Multisetorial de Petróleo e Gás, você vê o seguinte: você vê uma exposição de bens e serviços. Então, ali, eu tenho empresários interessados, obviamente, em vender e fazer o lucro. Óbvio. Mas você vê um evento patrocinado pelo Sebrae, onde o que é que eu faço? Eu aproximo um sujeito que está fazendo, está produzindo, com a empresa que quer comprar. Então, ali, o que é que eu estou fazendo? Integrando dois interesses. Você quer vender pra alguém, tem um comprador?

DIARINHO – Com o pré-sal há uma espécie de corrida do ouro hoje? Dá pra comparar?

Pedro Tadheu - Sim. Mas lógico, você usou, é o ouro negro. É um bem em demanda. Um produto que o mundo precisa. Existe escassez em algumas regiões e existe abundância em outras regiões. Então, é sim uma corrida do ouro. E repito, há oportunidades de negócio. No passado, nosso país se caracterizava em ser um tremendo exportador na área do café. Então, no passado, a grande riqueza brasileira era o café. Depois nós tivemos o período da borracha. Quando o Brasil era o grande produtor e exportador de borracha. Hoje nós temos um produto que tem demanda e é necessário em todo o planeta, que se chama petróleo. E os negócios estão voltados pra essa área. Nós tivemos a grande corrida na área de informática, quando os computadores custavam fortunas. Hoje em dia a gente compra um computador relativamente barato em condições acessíveis à população. Mas o petróleo, o ouro negro, é sem dúvida nenhuma a grande oportunidade de negócio. O grande negócio do momento.

DIARINHO - Diferente de outros eventos do gênero, a Equipaindustria não é apenas uma feira de exposições. Ela traz cientistas renomados pra botar o dedo na ferida de problemas do setor e também fomenta rodadas de negócios entre grandes empresas e fornecedores de produtos e serviços. Só nessa edição serão 170 negociações. Como nasceu a ideia de fazer algo assim? Se fosse só uma feira também não ganharia dinheiro e daria menos trabalho?

Pedro Tadheu - O Instituto, a preocupação dele não é ganhar dinheiro. Quer dizer, você respondeu a pergunta. Se nós estivéssemos somente promovendo uma feira onde se expõem bens e produtos, nós teríamos só isso mesmo, uma feira. E qual é o grande atrativo de uma feira? No passado a feira era um momento onde o fabricante expunha um produto novo para o mercado, que ele tinha produzido algo que ele não tinha lançado ainda. Com a evolução do tempo, o empresário não pode esperar o acontecimento de uma feira para lançar seu produto. Ele lança e tem que imediatamente colocar à disposição do mercado. Então essa conotação de feira exclusivamente para exposição de bens e serviços foi morrendo com o tempo e ela se transforma no momento em que eu tenho que agregar valor a ela, pra que ela seja interessante para a coletividade. E quando eu digo coletividade pode ser tanto empresarial como uma coletividade social. Então, nós agregamos estes eventos complementares, esses eventos paralelos, justamente para dar uma força ao evento. Ótimo, eu quero ver um produto, conhecer um produto, tocar num produto? Então eu vejo a exposição. Estou em busca de uma oportunidade para fazer negócio? Vou para uma rodada de negócios. Quero conhecer sobre o mercado? Eu vou assistir aos seminários e as palestras.

DIARINHO - Por que a escolha de Itajaí pra sediar as edições da Equipaindustria no sul do país? Curitiba, por exemplo, fica próxima a uma refinaria de petróleo e é uma cidade com maior tradição para receber eventos de negócios.Pedro Tadheu - Primeiro porque eu acredito em Itajaí. Nós acreditamos em Itajaí. [A cidade tá correspondendo a essa confiança?] Muito. É um trabalho que nós iniciamos ano passado, em 2010, quando nós lançamos a primeira edição. Itajaí ocupa uma posição estratégica em Santa Catarina e consequentemente no sul do Brasil. Isso é ponto pacífico. Nós temos aqui em Itajaí uma unidade da Petrobras, um escritório importante da Petrobras. Nós temos aqui a 200 quilômetros da costa dois poços de exploração que muito em breve começam a entrar em produção industrial. Foi anunciado inclusive ontem isso no nosso evento. Itajaí está cercada de um parque industrial e tecnológico muito bom, bastante avançado. Nós temos aqui um reduto acadêmico científico considerável e nós entendemos que Itajaí poderia assumir uma posição estratégica no sul do Brasil. [Há projeções de crescimento do evento?] Minhas projeções concretas são que em breve a gente vai ter que dar uma esticada na coisa lá. Hoje nós ocupamos uma boa área da Marejada. Existe ainda um espaço que nós podemos utilizar dentro do próprio evento, dentro do pavilhão. Mas sim, o nosso sonho é chegar uma hora e dizermos assim: Mas, puxa, isso aqui tá pequeno demais. [A Equipaindustria continuará em Itajaí?] Continuará em Itajaí. Enquanto Itajaí estiver respondendo como está respondendo, continuará em Itajaí.

RAIO-X

Nome: Pedro Thadeu Silva

Naturalidade: Monte Alto (SP); tem cidadania norte-americana

Idade: 58 anos

Estado Civil: Separado

Filhos: Quatro

Formação: Engenheiro de telecomunicações, pós-graduado em administração de empresas

Trajetória profissional: Atuou como engenheiro eletrônico em São Paulo e no Canadá, foi diretor e chegou à vice-presidência da Nova Data, fabricante nacional de computadores, trabalhou 20 anos na área de marketing em empresas de tecnologia da informação nos Estados Unidos e desde 2008 está no Brasil, onde assumiu a presidência do Instituto de Tecnologia Aplicada a Energia e Sustentabilidade Socioambiental (Itaesa).




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