A operação começou logo no início da manhã e durou até o meio da tarde. Quem passou na frente do cadeião da rua Inglaterra deve ter achado que algum peixe grande fugiu do presídio, de tanto alvoroço que rolava por lá. Além das mais de seis viaturas ao redor do cadeião, policiais militares apareciam no topo da antiga estrutura do presído armados de fuzis. Eram os atiradores de elite mascarados, que davam apoio à ação feita no interior do cadeião.
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Nas celas e corredores do presídio, PMs armados com tonfas (um tipo de cacetete) e bombas de gás lacrimogêneo, e protegidos por capacetes e escudos, faziam a segurança dos agentes prisionais que vasculhavam celas e corredores.
A pistola ou revólver que a direção do presídio desconfiava estar em poder dos presos não foi encontrada. Mas nem por isso o pessoal do Deap e da PM perdeu a viagem. No pente-fino, foram recolhidos nada menos que 22 celulares, 13 carcaças de carregadores de telefone, 18 espetos artesanais feitos com cabos de talheres, plástico ou mesmo madeira, e até um espeto feito com uma agulha de crochê. As otoridades ainda apreenderam dois tocos de serra, 11 buchinhas de maconha e dois tabletes de erva do bob, de aproximadamente 50 gramas cada. Toda a bagulhada encontrada por lá foi encaminhada à delegacia.
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Pra fazer a operação, a PM do Balneário Camboriú trouxe reforços de Itajaí e Navega, inclusive o pessoal do famoso pelotão de Patrulhamento Tático (PPT), preparado pra encarar a porrada com a bandidagem.
Panela de pressão
Além da informação de que havia uma arma de fogo com os detentos, outros problemas justificaram a mega-ação de ontem, afirmou Leandro Kruel, diretor do presídio. Tem todos os problemas de superlotação, tentativa de fugas, brigas internas que geram motivos pra operações como esta, argumentou. O presídio, que tem capacidade para 104 pessoas, atualmente abriga 259 homens e 37 mulheres. Ou seja, tem 192 pessoas a mais do que deveria ter por lá.
Nos últimos dois meses, o cadeião do Balneário foi palco de uma porrada de confusão. Rolou brigaceira entre os presos com quatro feridos graves no hospital, foi encontrada uma pistola, descoberto um túnel, apreendidas maconha e cocaína e, por último, na semana passada, um preso fugiu se escondendo numa lata de lixo.
Dimenores tentam fugir e fazem funcionário do CIP peixeiro de refém
Uma tentativa de fuga no Centro de Internamento Provisório (CIP) de Itajaí, na noite de domingo, terminou com um educador social ferido, informou a polícia Militar. Dois adolescentes de 15 anos aproveitaram a ida ao banheiro para tentar siscapulir. Pelo relatório da PM, eles estavam armados com espetos e fizeram o funcionário do CIP de refém. Hellen Peezatto, coordenadora do centro, admite que rolou uma confusão por lá, mas nega que o educador tenha sido tomado de refém e que foi ferido pelos bandidinhos-mirins.
A PM divulgou que os dois adolescentes teriam rendido dois funcionários por volta das 23h, usando como armas espetos feitos com ferragens das portas das celas. O ataque aconteceu quando a dupla tava sendo levada pro banheiro.
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Os educadores sociais teriam caído na porrada com os guris, que renderam os funcionários. Uma briga teria começado entre os dois aborrescentes e um dos educadores conseguiu escapar para ligar pros tiras enquanto o outro ficou de refém na mão dos menores. Foram os fardados do pelotão de Patrulhamento Tático (PPT) da PM que seguraram a onda dos dois pivetes e resgaram o educador do CIP, que teria sofrido ferimentos leves.
Chefona diz que foi menos
Hellen Peezatto afirma que a história da PM tá mal-contada e que os guris não machucaram ninguém. Ela garante que os moleques, que são de Biguaçu, não tavam armados e o próprio supervisor do CIP poderia ter amenizado a situação se o educador social o tivesse chamado e não a polícia. Mas Hellen admite: eles estão sempre tentando fugir e vão sempre tentar.
Pela versão da coordenadora do CIP, um dos garotos estava sendo levado ao banheiro e a porta do quarto teria ficado aberta, o que facilitou a tentativa de fuga. O educador feriu uma das mãos na porta tentando segurá-los dentro do quarto.
Não houve reféns nem violência, diz ainda Hellen. Não teve confronto, não teve nada. Eles mesmos desistiram e voltaram pro quarto garante a coordenadora, que ainda informa que a dupla de menores será transferida ainda hoje pra Biguaçu.
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