Margareth e Wanduir são vizinhos na rua Cônsul Carlos Renaux, no bairro Cabeçudas. Segundo ela, o terreno tá desmoronando desde o dia 17 de julho do ano passado, quando Wanduir resolveu quebrar uma edícula e acabou acertando parte da sustentação do muro ao lado. Agora uma árvore caiu e o terreno tá cedendo cada vez que chove, reclama a muié. Nosso terreno tá indo.
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A profe quer que seja refeita a vistoria administrativa pra que seja demonstrado que Wanduir tá extrapolando a taxa de ocupação do solo. Além disso, Margareth afirma que o projeto da obra do vizinho não contempla o recuo de fundos e recuos laterais mínimos exigidos por lei. Até a iluminação de ambientes estaria irregular, na opinião dela. Baseada nisso, Maregareth pediu a cassação dos alvarás da obra, o embargo total da construção e a demolição do que foi construído fora dos padrões estabelecidos por lei. Os alvarás foram conseguidos depois da obra começar. E só foram aprovados, mas não tem nenhum parecer técnico, denuncia.
Mesmo com 80% da construção pronta, Margareth conseguiu, na justa, o embargo da obra do bicheiro, parada há quatro meses. Mas agora a profe quer arrumar o muro e a piscina da sua casa. Quando for sedimentar a terra e encher a piscina, vai desmoronar tudo. E ele [Wanduir] não deixa fazer saída pra água, conta.
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Queriam vista pra praia
O bicheiro Wanduir Correia confirmou a versão da vizinha de que não permite uma saída pra água da piscina. Dá pra fazer pela frente, por dentro do meu terreno ela não vai passar nunca, avisa. No começo, eu mesmo sugeri isso e eles não quiseram, mas agora não vou deixar, conta. Meu pavio é curto, detona.
Eu até me dava bem com eles, garante. O homem diz que a briga toda começou por causa da piscina. Eu queria fazer um pé direito de três metros, e ele [Arthur] dizia não, faz 2,70m, 2,80m pra não tirar a vista dele da piscina. Segundo Wanduir, Arthur e Margareth teriam sabotado o próprio muro só pra tentar embargar a obra e não perder a vista da praia de Cabeçudas. Eles jogavam água de madrugada no muro só pra ele cair, acusa.
Wanduir acredita que o que causou a queda do muro foi a falta de planejamento dos próprios vizinhos. A piscina deles foi mal construída, em cima de um aterro, carca.
A obra de Wanduir tá parada há quatro meses e ele diz não ver motivo pra tanto barulho. Eu estou aqui parado esperando o juiz me deixar voltar a construir minha casa, bufa. Wanduir começou uma reforma na casa que comprou em julho do ano passado, ao mesmo tempo em que iniciou uma construção nos fundos do terreno. As duas obras foram embargadas depois da brigaçada. O que ele [Arthur] tá fazendo é digno de um homem covarde. Na vizinhança ninguém gosta deles, acusa. O DIARINHO tentou ouvir outros vizinhos, mas ninguém quis opinar na briga entre as duas famílias.
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Prefa peixeira não quer se meter, avisa abobrão
O coordenador técnico do Urbanismo peixeiro, Sérgio Ardigó, diz que a prefa não tem como simeter no entrevero. Porém, ele se comprometeu a enviar os documentos pra promotoria pública. A briga entre os dois é por causa de um muro de contenção, porque um muro tá abaixo do outro. Quando seu Wanduir tirou a parede, o terreno veio abaixo. Mas porque não havia contenção, explica. Mas agora é uma discussão entre eles. E não convém ao poder público decidir isso, completa. Segundo Ardigó, o caso só vai ser solucionado quando peritos forem até o local pra analisar a situação. Mas isso, afirma, não é papel do município.
Pras outras cobranças, o coordenador tem respostas na ponta da língua. A moradora questionou a falta de um parecer técnico nos alvarás da obra, que só foram conseguidos depois do início da construção. Sai um carimbo, isso é suficiente. Os pareceres técnicos que ela quer são em relação à contenção do muro. Mas o que os nossos analistas analisaram foi o projeto da obra, justifica. Margareth também pede que a vistoria administrativa seja concluída. Mas, segundo Ardigó, o documento tá mais do que completo. O coordenador insiste que tudo não passa de uma briga entre vizinhos. Eles querem que a vistoria administrativa fale sobre o muro de contenção. Mas isso é entre eles, reafirma.
Todos as análises realizadas pela prefa, conforme explicação de Ardigó, são em relação à obra no geral. E a obra, de acordo com ele, tá regularizada. Inicialmente a construção teria sido embargada por conta da falta de alvará, mas a situação foi regularizada e agora Wanduir só aguarda a ordem do juiz pra terminar de fazer a casa nova e de reformar a antiga. Quem tá errado, não cabe ao município dizer, frisa.
O secretário de Urbanismo de Itajaí, Paulo Praun, concorda com o coordenador. É um caso de dano à propriedade que tem que ser resolvido na justiça entre os proprietários, opina. O abobrão foi acusado de fazer corpo mole pra entregar os documentos que ajudariam Arthur e Margareth a resolver o perrengue, mas argumenta: Na época que ela pediu, a vistoria não tava concluída ainda, cita. De acordo com o secretário, todos os documentos já foram fornecidos, inclusive pro Ministério Público. Se tivesse alguma irregularidade por parte da prefeitura, o Ministério Público teria questionado, diz.
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Por meio de assessoria de imprensa, o MP informou que o inquérito civil instaurado pela promotora Darci Blatt ainda tá em fase de investigação. Se os vizinhos não se entenderem e for comprovado que a prefa negou a documentação, a promotoria pode até abrir um ação civil pública contra os abobrões.