O proprietário da empresa Oceânica Engenharia e Arquitetura, João Marcos Pereira, rebate as acusações da prefa sobre a má prestação de serviços da firma na instalação do chafariz do Saco da Fazenda, em Itajaí. O empresário diz que entregou o equipamento pronto no início de dezembro, mas afirma que o projeto elaborado pela secretaria de Urbanismo continha sérios erros. O documento não considerava a presença do lodo na baía Afonso Wippel e a necessidade de execução de dragagem. O impacto da ação do vento também não foi considerado. Além disso, o equipamento foi furtado quatro vezes e hoje não tem mais como operar. A geringonça foi licitada em R$ 315 mil.
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O engenheiro ressalta que a Oceânica não elaborou o projeto, foi apenas contratada para executar o que constava no documento entregue pela prefa, assinado pelo engenheiro Joelcir Zatta. Desta forma ...
O engenheiro ressalta que a Oceânica não elaborou o projeto, foi apenas contratada para executar o que constava no documento entregue pela prefa, assinado pelo engenheiro Joelcir Zatta. Desta forma, se o resultado final não foi o esperado, João carca que é por causa das inúmeras falhas no projeto.
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Quando o equipamento foi entregue em dezembro, João conta que a prefa não aceitou a obra como acabada e mandou fazer quatro relocações. O projeto previa a distância de 250 metros da Beira-rio, mas com qualquer ventinho, os jatos fedendo a água suja respingavam nos restaurantes da Via Gastronômica.
Outro perrengue foi a presença de lodo. As bombas não conseguiam processar a lama. De manhã cedo, com a maré alta, o chafariz funciona bem. Mas com a maré baixa, não tem como bombear o lodo. É impossível, afirma. João, que também é engenheiro civil, reforça que era indispensável dragar o local antes da execução da obra.
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O estudo também não previa sinalização náutica nem exigia a pintura das balsas com uma tinta anti-corrosão. João garante que advertiu, na época da execução, que crustáceos do tipo craca poderiam colar no casco e destruir tudo em pouco tempo, mas diz que foi ignorado.
Apesar das falhas, quem se beneficiou com o chafariz foi a bandidagem. De dezembro a março, período em que o treco ficou exposto, a Oceânica registrou quatro boletins de ocorrência por furto. Lâmpadas e cabos do chafariz foram surrupiados. Foi então que a prefa mandou a empresa retirar o equipamento de vez.
João adianta que vai ingressar com uma ação por danos morais e denunciar o caso ao ministério Público e Tribunal de Contas do Estado. A população não gostou do investimento. Agora, a prefeitura quer achar uma saída pra evitar uma sanção por improbidade administrativa, opina.
Quarta-feira, a prefa anunciou que pediria a devolução dos cerca de R$ 280 mil já pagos pelo chafariz, alegando descumprimento do contrato. Sexta-feira, o município informou que não iria mais se manifestar sobre o assunto até a conclusão dos procedimentos internos.
Logo que saiu a licitação para construção do chafariz milionário, em julho do ano passado, especialistas ouvidos pelo DIARINHO já tinham questionado a viabilidade da novidade. Na ocasião, o dotô em recursos naturais, Leonardo Rörig, ressaltou que dificilmente o chafariz iria jorrar água, já que o Saco da Fazenda tá virado num lodo contaminado e recebe esgoto sem tratamento. Ele alertou que as gotículas dos jatos poderiam até provocar doenças no povão.