A lei municipal que delimita os bairros da cidade em setores administrativos aponta que cinco localidades integram a área do Espinheiros: Boa Vista, Espinheirinhos, Portal I, Portal II, São Roque e Santa Regina. Os limites são a rodovia Jorge Lacerda, BR-101, canal de retificação do rio Itajaí-mirim e, contornando o perímetro urbano, volta ao ponto inicial. O desenvolvimento do bairro não está concentrado num ponto apenas, mas em praticamente toda a área, com ênfase na região mais próxima ao cemitério.
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De acordo com dados estatísticos da prefeitura peixeira, o bairro Espinheiros tem hoje 588 empresas registradas na secretaria Municipal da Fazenda. Estas empresas estão distribuídas em diversos setores, com destaque para as microempresas individuais (MEI), transportadoras, empresas de logística, profissionais liberais e prestadores de serviços. A escolha pela qualidade de vida do Espinheiros justifica o número crescente de MEIs, que podem declarar endereços residenciais no cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas (CNPJ). Este é o caso de Maria Helena Prates Bianco, 47 anos, professora de música. Ela mora no Espinheiros há cinco anos e trocou seu apartamento na Fazenda pela qualidade de vida da zona rural de Itajaí. Eu troquei e trocaria de novo, porque acordar com os passarinhos não tem comparação com a barulheira da Osvaldo Reis, diz a musicista, que nasceu em Joinville.
Mercado imobiliário
A oferta de imóveis novos no bairro Espinheiros é grande, entre casas e apartamentos, além dos terrenos. Os preços variam de acordo com a localização, mas é possível encontrar casas a partir de R$ 100 mil e também apartamentos por mais de R$ 400 mil. Um apartamento novo no loteamento Santa Regina, por exemplo, às margens da rodovia Jorge Lacerda, custa hoje R$ 130 mil. Este imóvel tem dois quartos, uma vaga de garagem, área útil de 51m², com o metro quadrado orçado em R$ 2549.
Já uma casa na rua José Francisco Reis, com os mesmos dois quartos e área de 69 m², está valendo R$ 165 mil, com sala para dois ambientes, cozinha, área de serviço, garagem, murada e com portão eletrônico. As ofertas no Espinheiros são muitas, sem falar das possibilidades de financiamento bancário e programas como o Minha Casa Minha Vida. A verticalização chega aos poucos ao bairro, dentro dos limites impostos pelo plano Diretor de Itajaí, mas as casas geminadas de dois andares ainda são maioria.
Alvin Orsi: o bairro cresceu mais de 90%
Morador de 78 anos mora no Espinheiros desde menininho e tá dicara com o grande crescimento
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A vida pacata de quem mora na zona rural de Itajaí e já tem 78 anos pode ser traduzida na história de Alvin Luiz Orsi. Nascido em Nova Trento e pai de quatro filhas, Alvin mudou-se com a família para Espinheiros com apenas quatro anos de idade. Trabalhou 32 anos na fábrica de cimento, onde se aposentou, e passou a se dedicar exclusivamente à horta, à família e aos animais. Entre couves, alfaces, beterrabas, uvas, chuchus, temperos e muitas ervas, Alvin mostra o bezerro recém-nascido que está tratando no rancho. A pequena lavoura é 100% orgânica, não recebe uma gota de agrotóxico e o controle de pragas é feito à moda antiga, como os fiapos de sacolas plásticas amarradas num fio que espantam os pardais de cima das alfaces.
Quando menino, Alvin conta que havia somente quatro famílias ali: Cordeiro, Orsi, Vieira e Jacques. Teve uma juventude tranquila, estudava num período e no outro cuidava das vacas da família e trabalhava na roça onde plantava cana, milho, mandioca. Os produtos eram vendidos na feira do centro da cidade. Pra chegar lá, só de carroça, num trajeto que levava duas horas pra ir e mais duas pra voltar, isso se não chovesse. No caminho, ele enfrentava muitos trechos alagados, o que transformava a viagem numa verdadeira aventura.
Apesar de levar uma vida tranquila, de ter somente gente da família na vizinhança próxima e amigos fiéis, Alvin se mostra surpreso com o desenvolvimento do bairro, que acredita ter crescido mais de 90% nos últimos anos. O aposentado está bastante incomodado com os congestionamentos de veículos causados pelas poucas vias de acesso, mobilidade que ficou comprometida pelo aumento populacional resultante da ocupação advinda com os novos condomínios. Além dos que já existem, estão sendo construídos mais 500 apartamentos no local, financiados pelo programa Minha Casa Minha Vida. Como consequência, também está aumentando a taxa de criminalidade. Foi-se o tempo em que as famílias podiam dormir de porta aberta. A gente já tá se trancando por dentro. É urgente um posto policial, pois a PM demora pra chegar, acrescenta.
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Outra preocupação de Alvin é com o deslizamento de morros e com a falta de canalização pluvial. Para ele, é preciso que se façam obras de contenção na morraria. O transporte coletivo também é motivo de reclamação dos moradores, pois o bairro cresceu muito e as linhas continuam as mesmas. As voltas são muito grandes, e os ônibus estão sempre atrasados. Os investimentos têm que ser proporcionais ao crescimento da cidade, né?, questiona.
O cemitério do bairro precisa ser ampliado mais uma vez. A afirmação de Alvin Orsi é justificada, também, pelo aumento no número de habitantes. Ele lembra que o atual cemitério foi construído há 65 anos. Antes os corpos eram levados de carroça até o bairro Fazenda. Foram muitas reformas pra ficar do tamanho que está hoje, completa. A primeira mulher a ser enterrada no cemitério estava grávida e foi brutalmente assassinada por um assaltante.
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