Itajaí

Tardou, mas enfim aconteceu

Durante muitos anos, a ampla maioria da população brasileira sequer tinha noção do que ocorria nos bastidores da República, que apodrece no ventre sem nascer. Não se tinha o conhecimento de que o grande ralo da corrupção está na relação público-privada, quando o estado (em todas suas esferas) vai às compras de produtos e serviços (licitações, contratações).

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Demorou muito tempo até que políticos do mais alto escalão, ministros, senadores, deputados federais, fossem condenados em processos judiciais criminais. Notórios casos amplamente divulgados (e explorados, claro) criaram no imaginário da população uma nova realidade: a de que políticos também vão presos.

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Quebra-se, ao menos no campo da estética, do simbólico, um velho paradigma de que político era “blindado”, intocável. Alguns membros da iniciativa privada, especialmente do ramo de publicidade e propaganda, também foram condenados, e acabaram igualmente presos para cumprirem suas penas.

Mas agora, a notícia é, no mínimo, interessante: presidentes e figurões de algumas das maiores empreiteiras do país foram presos pela polícia Federal em mais uma operação de combate ao crime organizado. As mais altas (e conhecidas) empresas do ramo de venda de produtos e serviços para todas as esferas governamentais brasileiras, notórias construtoras, estão nas capas das sessões policiais.

Quem conhece um pouco da República brasileira tem ciência de que o grande ralo do dinheiro público, para onde escorre o dinheiro da produção brasileira e vai para os esgotos do submundo da corrupção, é uma via de mão-dupla de quem está no poder e de quem quer ganhar dinheiro com ele. Todavia, no imaginário popular, corrupto é o político, o empresário (da alta sociedade) era visto como “cidadão de bem”, quase que como uma vítima da corrupção, quando em verdade, é ator principal dela.

Sinceramente, desde a juventude e as primeiras visões críticas da sociedade brasileira, nunca imaginei que pudesse ver, em pleno horário nobre da televisão, no jornal Nacional, os donos e figurões de tais empreiteiras escondendo os rostos conduzidos pela polícia Federal. É uma mescla de sensações: surpreso, afinal esses, sim, eram os intocáveis; feliz, porque enfim tal cena (adiada) acontece; triste, porque o país não parece ter evoluído; apreensivo, para saber até onde estão querendo chegar ou se é só pirotecnia.

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Obviamente, em primeiro plano, é o atual governo Federal quem sofrerá com as consequências, porque o alvo da operação é a Petrobras, ainda que tenha vários partidos envolvidos. Dizem que as empreiteiras envolvidas financiaram cerca de 70% das candidaturas eleitas e quase todos os partidos foram beneficiados, exceto um ou dois.

Evidente que essa operação, caso seja séria o suficiente, poderá mudar mesmo os rumos do país. Sem criar expectativas demasiadas na fronteira da ilusão, mas como disse, só no campo simbólico, já é bem significativo.

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Caso delações ocorram, a operação e seu processo podem trazer luz ao submundo dessa relação que corrói a República, iluminar o submundo das licitações é uma tarefa adiada, mas que pode trazer bons ventos definitivos para o país. Quem diria, quem diria! Quem sabe, um outro país é possível?

Barbaridades públicas

Leitor (a): Na televisão apareceram os grandes abobrões das empreiteiras famosas presos. Mas se essas empreiteiras forem consideradas “bandidas” elas vão continuar recebendo grana de licitações?

Osawa: Eis uma ótima pergunta. Já há quem defenda que sem tais empreiteiras o país vai parar. Esse discurso não me agrada. Com base na “pressa de crescer”, grandes barbaridades públicas foram cometidas, vide o exemplo da copa do Mundo (licenças, licitações, estudos foram passados por cima). Caso os mais altos executivos dessas empresas forem condenados, e comprovadas suas participações em organizações criminosas, não vejo como o estado “alimentar” suas atividades. A suspensão e rescisão de contratos, mesmo que atrasem as “coisas”, parece-me saída inevitável, caso o gestor queira uma solução séria e coerente.

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ADVERTÊNCIA: As ideias e opiniões expressas nesta coluna não são consultas ou pareceres. O Direito é uma ciência e por esse motivo comporta posicionamentos, ideias, críticas, teses e antíteses. As leis são de domínio público, assim como os posicionamentos dos Tribunais, mesmo assim, para o seu caso específico, sempre procure um advogado habilitado para orientação, saiba mais na OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) mais próxima.




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