Itajaí

Banco é acusado de fazer apartheid

Moça branca que teve a entrada liberada denuncia que senhora negra ficou mofando lá fora. Banco diz que vigia não tem como liberar

Ser barrado na porta giratória do banco é coisa comum. Chaves, celular, moedas nos bolsos ou a fivela metálica do cinto fazem o alerta disparar, e ninguém passa até a barra ficar limpa. Foi isso que aconteceu com a jornalista de pele branquinha, Daniela Kopsch, 26 anos, e uma senhora de pele negra, de nome não identificado. Todas as duas foram brecadas no Itaú da rua Gil Stein Ferreira, em Itajaí. No entanto, a primeira teve a porta liberada diboa pelo segurança, enquanto a segunda teve que esperar uma eternidade pra entrar no banco e usar dos serviços da agência como qualquer outro cidadão. Inconformada por ter sido privilegiada, a jornalista acusa o banco de racismo e solta os cachorros nas redes sociais.

Continua depois da publicidade

A porta giratória agora também é porta seletiva. Só entra quem o guarda quiser. E, de preferência, com ascendência europeia. O episódio que Daniela classifica como humilhante rolou no dia 29 de ...

Já tem cadastro? Clique aqui

Quer ler notícias de graça no DIARINHO?
Faça seu cadastro e tenha
10 acessos mensais

Ou assine o DIARINHO agora
e tenha acesso ilimitado!

A porta giratória agora também é porta seletiva. Só entra quem o guarda quiser. E, de preferência, com ascendência europeia. O episódio que Daniela classifica como humilhante rolou no dia 29 de novembro. Mas, depois de baixar a poeira e esfriar a cabeça, nesta terça-feira ela relatou o episódio pro banco Itaú, através do Facebook.

Continua depois da publicidade

Tudo começou no acesso ao banco. Quando chegou à agência, uma senhora enfrentava aquele momento de esvaziar a bolsa pra passar na porta giratória. Sem sucesso. Em todas as tentativas, a bendita travava. Pra não atravancar o acesso, a senhora deixou Daniela passar na sua frente. O resultado não foi diferente. A porta travou, mas foi imediatamente liberada pelo guardinha. Daniela conta que o vigia perguntou se ela tinha alguma coisa nos bolsos e autorizou a passagem logo que a moça informou não carregar nada.

Depois de algum tempo na fila do caixa, a guria ficou com a pulga atrás da orelha. “Por que eu fui liberada pra entrar na agência e a outra mulher não? Voltei até a porta e vi que ela continuava lá, em pé, esperando. Até aí já havia passado uns 10 minutos desde a minha entrada”, revela. Ela conta que perguntou pro guarda por que a senhora não pôde entrar, e ficou chocada com a resposta. Ele teria explicado que apenas uma funcionária específica poderia liberar a porta e que ela estava ocupada naquele momento. Foi então que Daniela perguntou por que ela não precisou dessa funcionária pra entrar no banco, já que a porta também tinha travado. Ninguém soube responder.

Continua depois da publicidade

Daniela conta que ficou tão furiosa com a situação que caiu em prantos dentro da agência. “Isso é racismo, não tem outra palavra. Fiquei morrendo de vergonha de ser branca e poder entrar, enquanto a outra mulher teve que passar por todo esse constrangimento”, lamenta. Revoltada, Daniela não deixou barato. Foi na página oficial do banco Itaú, relatou toda a história e pediu providências. Como resposta, o banco informou que estava acompanhando o caso.

Ontem, pela manhã, uma ligação no celular parecia que iria esclarecer, de uma vez por todas, essa situação. Era uma funcionária do Itaú. Segundo Daniela, ela não pediu desculpas nem lamentou a situação constrangedora. Pelo contrário, se ateve a explicar o funcionamento da porta giratória e os procedimentos em casos de travamento. A funcionária informou, ainda, que a cliente negra não realizou nenhuma reclamação formal. Nas entrelinhas, Daniela entendeu o recado. “Eles quiseram dizer que eu não tinha nada a ver com isso. Mas eu tenho o direito de reclamar sim. Eu não fui a vítima, mas a privilegiada, e isso me deixou muito triste e humilhada também”, reforça.

Banco diz que não liberou entrada

De acordo com a agente comercial do Itaú de Itajaí, Suelen Marchette, a porta giratória não foi liberada pra Daniela. Se a mulher passou diboa, foi porque não tinha nenhum impedimento. A funcionária garante que os seguranças não têm nenhum recurso pra liberar a porta, por isso, garante que seria impossível privilegiar Daniela. “Isso não aconteceu. Os vigilantes não fazem esse tipo de serviço. Eles não saem liberando a porta, a menos que o gerente vá pessoalmente ao local e autorize”, afirma Suelen. A agente comercial ainda ressalta que a porta não foi liberada imediatamente pra senhora negra porque a gerente da agência estava finalizando um atendimento.

Primeiro passo para quem sofreu discriminação é registrar um boletim de ocorrência

A assessora de Assuntos Temáticos da secretaria de Relações Institucionais e Temáticas da prefa peixeira, Graziela Gonçalves, ficou dicara com a notícia. Ela diz que depois que o racismo virou crime e pode dar cadeia, as discriminações ficaram mais sutis e, muitas vezes, as pessoas que sofrem o preconceito acabam não percebendo a maldade.

“O racismo opera de várias formas, muitas vezes ocultas. Se não estiver atento, sofre discriminação e não percebe”, explica. Ela diz que, às vezes, a pessoa discriminada é humilde, tem pouca instrução e acaba não compreendendo o que ocorre ou não sabe o que fazer.

Continua depois da publicidade

Graziela explica que o primeiro passo diante de uma discriminação é registrar o boletim de ocorrência em uma delegacia. “A pessoa deve recolher provas e testemunhas”, diz. Além disso, a assessora diz que é importante pedir a representação. “Sem a representação, a denúncia não vai pra frente. Ela pode ser feita na hora do registro do boletim, e aí os acusados serão chamados a depor”, esclarece.

A assessora também diz que é importante dar visibilidade ao fato, procurar a imprensa, os jornais, a televisão e colocar o perrengue na mídia. “Caso contrário, corre o risco de ficar por isso mesmo”, conta.

A coordenadora do grupo feminino Mariama, extensão do movimento negro de Itajaí, Geni Gonçalves, diz que é necessário reagir aos casos de discriminação. “A gente sabe que o nosso estado é racista e enfrentamos situações constrangedoras todos os dias. Por isso, a gente incentiva as pessoas a denunciarem, porque racismo é crime”, comenta.

Pra quem quiser se enturmar e pegar dicas de como reagir em situações vexatórias de racismo, o grupo se reúne a cada 15 dias no salão paroquial da igreja do São João, às 16h. Lá a mulherada coloca as cartas na mesa e dá, inclusive, encaminhamento a casos de discriminação.

Continua depois da publicidade




Conteúdo Patrocinado



Comentários:

Somente usuários cadastrados podem postar comentários.

Clique aqui para fazer o seu cadastro.

Se você já é cadastrado, faça login para comentar.

WhatsAPP DIARINHO

Envie seu recado

Através deste formuário, você pode entrar em contato com a redação do DIARINHO.

×






216.73.216.34

TV DIARINHO


🚢🚗 CHEGADA DE LUXO! O navio Florida Highway atracou domingo em Itajaí com 777 BMWs avaliadas em até ...





Especiais

Corte Interamericana reconhece direito a clima saudável e estabelece obrigações aos países

DIREITOS HUMANOS

Corte Interamericana reconhece direito a clima saudável e estabelece obrigações aos países

Expulsos por hidrelétrica em Goiás, quilombolas lutam há duas décadas por reparação

LUTA POR DIREITOS

Expulsos por hidrelétrica em Goiás, quilombolas lutam há duas décadas por reparação

Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)

ABUSOS EM TERREIRO

Vítimas relatam abusos por lideranças de terreiro de candomblé em Belo Horizonte (MG)

ICMBio não vê racismo em derrubada de terreiro de jarê e punição de agente será ver vídeos

INTOLERÂNCIA RELIGIOSA

ICMBio não vê racismo em derrubada de terreiro de jarê e punição de agente será ver vídeos

Empresas de apostas avançam na festa junina de Campina Grande

São João das Bets

Empresas de apostas avançam na festa junina de Campina Grande



Blogs

Bem chocolatudo

Blog da Jackie

Bem chocolatudo

Amarelon

Blog do JC

Amarelon

Você está tratando o sintoma ou a causa do problema?

Espaço Saúde

Você está tratando o sintoma ou a causa do problema?



Diz aí

Maurício Boabaid estará ao vivo no “Diz aí!”

QUARTA-FEIRA

Maurício Boabaid estará ao vivo no “Diz aí!”

"Eu ouço todo mundo, mas quem toma a decisão final sou eu

Diz aí, Robison Coelho!

"Eu ouço todo mundo, mas quem toma a decisão final sou eu

Prefeito Robison Coelho será entrevistado ao vivo pelo DIARINHO

Diz aí

Prefeito Robison Coelho será entrevistado ao vivo pelo DIARINHO

"Se eu não conseguir reverter, eu não quero nunca mais saber de política"

Diz aí, Alexandre Xepa!

"Se eu não conseguir reverter, eu não quero nunca mais saber de política"

Prefeito de Itapema participa do “Diz aí!” e do "Desembucha"

AO VIVO

Prefeito de Itapema participa do “Diz aí!” e do "Desembucha"



Hoje nas bancas

Capa de hoje
Folheie o jornal aqui ❯






Jornal Diarinho ©2025 - Todos os direitos reservados.