Itajaí

Empresa tá fazendo chover bolinha de sabão

Fatma multou a fábrica em 22,5 mil pilas por jogar toda a porcariada no ar; empresa tem 20 dias pra recorrer da carcada

Faz quatro anos que chove sabão em pó nos arredores da rua César Augusto Dalçoquio, bairro Salseiros, em Itajaí. Pelo menos é o que garante a dona de casa Adriana Ondina Matias, 35 anos. A porcariada é lançada no ar pela empresa de detergente Flora, que tem fábrica na rua, perto da casa da moradora. O pó tá caindo em calçadas, carros, plantas, dentro de casa e provocando até alergia na criançada, afirma a denunciante. Sexta-feira à tarde, a fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) multou a Flora em R$ 22.500. A empresa tem 20 dias pra sidefender.

O mecânico Alisson Antônio Zacarias, 32, marido de Adriana, almoça em casa todos os dias. Como ele trampa à tarde, o carro fica estacionado na rua. Dia desses, o sabão pintou o carango, que é preto ...

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O mecânico Alisson Antônio Zacarias, 32, marido de Adriana, almoça em casa todos os dias. Como ele trampa à tarde, o carro fica estacionado na rua. Dia desses, o sabão pintou o carango, que é preto, de branco. “Não estou reclamando só por causa do meu carro, mas a fábrica está poluindo o meio ambiente, e isso não pode ficar assim”, defende Zacarias.

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No jardim de Adriana, as folhas tão secando e morrendo aos poucos por conta do sabão, afirma. O pó que vem pelo ar mancha tudo em que encosta, enferruja fechaduras e mela as calçadas. “Quando chove é incrível, vai enchendo de bolhas de sabão, cai espuma da calha”, conta.

Segundo Adriana, a fábrica de detergente existe há muitos anos no mesmo endereço, mas há quatro foi comprada pelo grupo Flora. A moradora trabalhou no laboratório durante 15 anos e saiu faz sete meses. “Qualquer problema que acontecia eu já avisava à gerência. Eles querem tocar e tocar e não fazem a manutenção. Os filtros não dão conta”, arrisca o palpite.

A aposentada Rosangela Nalovaiko, 53, acredita que a rinite alérgica que a neta de 11 anos vem sofrendo é culpa dos pingos de sabão. “Às vezes, é insuportável. O sabão se junta com o óleo diesel que usam nas caldeiras e vira um nojo”, diz. Pra amenizar o perrengue, Rosangela passa o dia com a casa fechada. Das plantas no jardim, nem adianta mais cuidar.

Empresa levou carcada

Sexta-feira à tarde, técnicos da fundação Estadual do Meio Ambiente (Fatma) vistoriaram a empresa. Eles identificaram que a Flora não tava cumprindo dois itens da licença de operação. Um deles é justamente a análise trimestral de emissão de efluente na atmosfera. “Nós pedimos para ver os relatórios, e eles não tinham”, apontou o engenheiro ambiental da Fatma em Itajaí, Wagner Cleyton Fonseca, 27.

A Flora também não tem plano de recuperação de área degradada. A empresa foi autuada em R$ 22.500. “A Flora tem 20 dias para recorrer aqui na Fatma. Depois, nosso gerente vai julgar se mantém a multa”, explicou Wagner.

Especialista afirma que caso tem que ser levado pra polícia; “é uma questão de saúde pública”, afirma

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Leonardo Rubi Rörig, professor de oceanografia da UFSC e doutor em recursos naturais, garante que as fábricas não podem emitir resíduos visíveis e com cheiro. Pra ele, é evidente a poluição ambiental. “Isto é previsto na legislação estadual e federal. Se uma fábrica libera efluentes visíveis, que causam espumas e têm cheiro, é porque está muito acima do nível permitido”, afirma o sabichão.

Os resíduos liberados pela fábrica de material de limpeza, principalmente os detergentes, são altamente tóxicos para o meio ambiente. “Desde as plantas e bactérias, algas e peixes sofrem sensibilidade e mortalidade, além do incômodo das pessoas”, diz.

A rinite alérgica da neta de Rosangela, por exemplo, pode ter sido sim provocada pelo sabão em pó que ela respira. “Uma coisa é ter detergente em casa, outra é ter em excesso. A população tem que denunciar sim, pois mesmo sem olhar já dá pra ter certeza que é uma atividade irregular”, aponta.

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Pro profe Leandro, a treta com a Flora é caso de polícia. “Quando alguém ameaça a saúde pública, é caso de polícia. Deviam denunciar pra polícia Civil, pois é um crime. É absurdo”.

Empresa jura que segue normas ambientais à risca

Antes de dedurar a treta pro DIARINHO, os moradores tentaram um plá com a empresa. Primeiro, conversaram com funcionários e avisaram que a situação tava crítica. Como nada mudou, o povão enviou e-mail pra gerência da Flora, e uma bagrona da empresa teria aparecido no bairro avisando que nada mudaria e os incomodados que se retirassem. “Não queremos briga, queremos resolver o problema. A gerente [a moradora não soube informar o nome] disse que era uma área industrial e não iam fazer nada. Mas como? Então somos obrigados a comer pó?”, esbraveja Adriana.

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Sexta-feira de manhã, por telefone, um gerente da Flora, que não quis se identificar, garantiu que a empresa segue à risca as normas ambientais e tem todas as licenças pro trampo. Contudo, o bagrão admitiu que uma manga do filtro tinha se soltado. O problema, afirmou, tinha sido resolvido bem rapidinho. “Nós temos um controle no processo, temos uma comissão interna que cuida da parte do meio ambiente. Estamos fazendo trabalho de campo pra ver onde está o problema, pedindo pra que a equipe verifique, mas até agora não foi encontrado”, diz.



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