O comerciante de Itajaí, Auri Pavan, vende fogos de artifício há 30 anos e conta que a venda do bagulho diminui gradativamente. Segundo ele, o volume de vendas caiu pra caramba nos últimos 10 anos, quando a fiscalização se tornou mais rigorosa e as leis mais severas. Antes, colocava-se no caminhão e saía vendendo por aí. Hoje em dia, o transporte precisa ser feito num caminhão específico e é fiscalizado; mudou muito, explica.
No Brasil, a produção, o armazenamento, o transporte e a venda de fogos de artifício são regulamentados pelo exército. Uma lei federal estabelece que os milicos precisam analisar a planta e a localização das fábricas e exigir uma série de laudos específicos e testes dos produtos. As fábricas também não podem ser instaladas nas citys pra evitar tragédia, caso role alguma explosão. Depois de tudo aprovado, a firma recebe um certificado, mas está sujeita à fiscalização periódica, que é de responsa dos fiscais municipais e estaduais da secretaria de Segurança Pública do estado. Na prática, nos municípios da região, a cada renovação de alvará são os vermelhinhos que dão uma bizolhada pra ver se a loja está armazenando o produto de forma adequada.
O comerciante peixeiro acredita que o controle mais rigoroso fez com que o povo passasse a comprar menos foguetes. Hoje está mais controlado, as embalagens são mais fortes, tudo muito mais seguro, afirma. O que antes vendia como água o ano todo, atualmente sai, praticamente, apenas no fim de ano. As vendas aumentam mais de 90% em dezembro, diz.
O que mais sai é a caixa de foguete com 12 tiros e um rojão, que custa, em média, 17 reales. A bateria de 468 tiros de barulho e cores também tem boa saída e custa R$ 180. Também vendem bem nesta época as miudezas pra crianças, revela. Os artefatos conhecidos como buscapé, estalo de salão e árvore de natal custam de três a 15 pilas. Mas nada que se compare a antigamente, conta.
Com a queda drástica, este ano ele decidiu trabalhar apenas de forma consignada: o que não é vendido volta pra fábrica. Pra ele, os acidentes e as grandes tragédias em fábricas paulistanas e cariocas nos anos 90 também deram um apavoro geral no povão. Ele mesmo deixou de estourar foguetes em 1999, quando manuseou de forma errada um artefato, que acabou explodindo bem do lado do ouvido. Hoje, quase 15 anos depois, Auri ainda sente os reflexos do acidente e nunca mais estourou nem bombinha.
Todo cuidado é pouco na hora soltar os fogos
O tenente dos vermelhinhos, Daniel Dutra, alerta que o povão que curte estourar foguete precisa ter muito cuidado, ao manusear os artefatos. Ele indica que o povo compre sempre em lojas que tenham o alvará dos bombeiros pendurado na parede e que sempre respeite as instruções que estão escritas nas caixas do produto.
Se seguir tudo que está escrito, as chances de ocorrer algum acidente são menores, diz. As dicas são claras: o foguete deve ser colocado no chão, na base pronta que vem junto, num lugar aberto e sem ninguém próximo ao local. Depois de atear fogo, o camarada tem que chispar de perto o quanto antes e acompanhar o resultado de longe.
O ideal, segundo o vermelhinho, é sempre respeitar a distância entre 30 e 50 metros do foguete.
Se a bomba não estourar, precisa esperar uns cinco minutos pra conferir de perto e jamais reaproveitar o material. E se comprar os fogos e for guardar em casa, precisa colocar num local seguro, longe de fontes de calor, como fogão e isqueiro, orienta. Outra dica fundamental é jamais encher a cara antes de soltar os fogos e nunca estourar os artefatos no meio da muvuca, pra não ferir ninguém.
Animais sofrem com a barulheira
Quem não gosta nada do barulho dos fogos são os bichinhos de estimação. Estressados com a barulheira, os animais podem apresentar comportamentos até então desconhecidos pelos donos e mesmo fugir de casa. Por isso, a principal dica do veterinário do canil Municipal de Itajaí, Denílson Vargas da Silva, é prender os animais.
Segundo o dotô, cães e gatos ficam desorientados diante de um cenário estressante. A primeira reação do bicho é fugir do perigo. Por isso, mesmo que um bichinho não tenha histórico de fujão, se ele estiver solto no quintal, Denílson assegura que ele vai tentar escapar. O ideal é prender os animais em coleiras. Melhor ainda se eles puderem ficar dentro de casa. Dentro de casa os animais podem ficar soltos. O importante é que o animal não vá pra rua e acabe se perdendo ou mesmo sendo atropelado, orienta.
A segunda dica é para aqueles animais que já apresentam um comportamento mais assustado. Nesses casos, Denílson sugere que os donos fiquem com os bichinhos no colo durante a queima de fogos. Assim, o animal vai se sentir mais confortável e tranquilo. Contudo, o dotô frisa que todas essas dicas visam diminuir o estresse dos animais. Melhor do que todas essas dicas seria não soltar os fogos. Apesar da beleza, esses shows trazem transtornos. Não só cães e gatos se estressam, mas até mesmo crianças pequenas sofrem, pontua.