Finalmente o antigo prédio onde funcionava o Mariner Plaza Hotel, na esquina da rua Olímpio Miranda Junior com a Lauro Müller, no centro de Itajaí, vai deixar de abrigar fantasmas para se transformar em um novo hotel. O prédio caindo aos pedaços foi arrematado por mais de R$ 4 milhões em um leilão pela multinacional Accor e pela rede de Hotéis Pires, de Balneário Camboriú. A previsão é inaugurar daqui a dois anos. Ali deve abrir uma unidade do Novotel, uma das bandeiras que fazem parte do grupo Accor. A rede está espalhada por 60 países.

Quem passa em frente ao prédio, que ainda mantém a fachada com o antigo nome, já deve ter percebido a movimentação. Desde março, peões fazem a limpeza do prédio, retirando entulhos e demolindo toda a estrutura que ficou comprometid.

Joel Rogério Pires Júnior, 51 anos, da rede Hotéis Pires, explica que o projeto ainda está em fase de aprovação pela empresa Accor, em São Paulo, mas adianta que a reforma completa deve durar cerca de dois anos. “Estamos mexendo aos poucos, porque o prédio tá muito danificado e precisamos demolir os estragos”, diz.

O prédio do antigo Mariner foi arrematado pela Accor e pela rede de Hotéis Pires em maio de 2013, durante um leilão realizado pela 2ª Vara da Justiça do Trabalho de Itajaí. O valor total foi de R$ R$ 4.050.000,00. A estrutura já tinha sido leiloada em 2010, mas o pregão foi cancelado pela dona justa, por causa de problemas no edital.

A venda foi uma decisão da Justiça em resposta a uma ação coletiva proposta em 2007 pelo sindicato dos Trabalhadores em Hotéis da região (Sechobar). Na época, cerca de 400 funcionários do empreendimento estavam sem receber os salários e fizeram até greve. Como não teve acordo e ninguém recebeu, a dona justa mandou vender o prédio para pagar as dívidas trabalhistas, que chegavam a R$ 500 mil.

Um leilão foi feito em agosto de 2010 e o prédio vendido por R$ 4 milhões ao empresário Aldo Sandri, dono do hotel Sandri. O problema é que o antigo dono, Wilson Reese, reclamou que o valor estava abaixo do lance inicial, que era de R$ 8 milhões, e apontou irregularidades no leilão, que não previa o parcelamento dos R$ 4 milhões. Ele recorreu ao Tribunal Regional do Trabalho (TRT) e a dona justa anulou o leilão em abril de 2011.

O hotel ficou jogado às traças durante dois anos, até que fosse novamente leiloado. Willian Pereira, diretor de secretaria da 2ª Vara da Justiça do Trabalho de Itajaí, conta que na época do segundo leilão as dívidas trabalhistas chegavam a R$ 2,5 milhões. Com a venda do prédio, tudo foi pago, mas ainda falta concluir alguns processos referentes ao Fundo de Garantia, pois alguns funcionários não foram localizados ainda.

Novotel

A rede pertence ao grupo Accor. O Novotel é de alto padrão e destinado principalmente a hóspedes que viajam a negócios. A rede também tem um sistema de desenvolvimento sustentável e participa do programa mundial de certificação ambiental do Green Globe.

Hotel foi interditado por apresentar riscos

O hotel Mariner funcionou por muito tempo de forma irregular e se afundou em dívidas. Além das broncas trabalhistas, devia uma fortuna em impostos municipais e permaneceu aberto sem alvará, habite-se, segurança contra incêndio e fora das normas da vigilância Sanitária. Até o ministério Publico instaurou uma ação civil pública em 2005 para investigar o caso.

Em setembro de 2011, a Vara da Fazenda Pública mandou fechar o hotel, por descumprir determinação judicial que obrigava o proprietário a implantar um sistema de prevenção de incêndio. Ele foi lacrado por dois oficiais de Justiça e nunca mais funcionou.

A estrutura ficou tão capenga que parte do gesso do teto da área de embarque e desembarque do prédio desabou em novembro de 2013. Os destroços atingiram apenas um veículo e por pouco não acertaram a cabeça de um pedestre. Na época, a defesa Civil interditou a passagem da área para evitar novos acidentes.