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A tragédia


A morte de uma pessoa, seja quem for, com a idade que tiver, é sempre uma tragédia. Mas embora seja impossível medir e atribuir graus à dor e às desgraças, a morte de jovens, em algum acidente, adiciona, ao sentimento de perda, o sentimento de futuro roubado.

O que dizer então da morte de jovens atletas de um time de futebol que tinha levado o nome de uma cidade (e, por que não, de um estado) a alturas nunca imaginadas? Um desastre que interrompe uma trajetória que era qualificada, pela imprensa esportiva internacional, como parte de “um conto de fadas”. Ascensão sem igual, ano após ano, superando a cada passo tudo o que mesmo os videntes mais otimistas poderiam imaginar.

Não morreram apenas pessoas, cuja ausência enche de dor os parentes e amigos. Estavam naquele avião o sonho, a esperança e a alegria, que foram crescendo e se solidificando a cada jogo, nos corações e mentes de tantos torcedores e admiradores, não só da Chapecoense, mas espalhados mundo afora. Sonho, esperança e alegria, neste caso, não eram coisas etéreas, abstratas, eram sólidos sentimentos, nascidos de um trabalho sério, consistente, sem tramoias, sem jogadas espúrias de bastidores, sem maracutaias. E a dor dessa perda certamente dá à tragédia uma dimensão extraordinária.

Neste momento não tem sentido agarrar-se aos fiapos de informação disponíveis para fingir racionalidade e fugir da dor. Um dia discutiremos as causas do acidente, o histórico da empresa que fretou o avião, as escolhas que os envolvidos fizeram. Mas, hoje é dia de luto. De chorar as mortes. Tanto das pessoas, quanto do sonho. Lamentar que a tantos jovens foi-lhes roubado o futuro. E entristecer-se junto com pais, mães, filhos, irmãos, amigos e demais parentes, a quem foram roubados os entes queridos. Não faz a menor diferença, agora, saber se houve erro humano ou mecânico, principalmente porque nada trará de volta aquele grupo que estava indo em busca de um sonho.

Consola-nos ver tantas manifestações de solidariedade, de respeito, de reconhecimento pelo bom trabalho que Chapecó e sua gente estava fazendo. Pequenos gestos, como o fato dos times de futebol brasileiros terem colocado, como seus avatares na internet, o escudo da Chape. Ou grandes gestos, como o pedido, do Atlético Nacional de Medellín, que seria o adversário na final, de que o título seja entregue ao time catarinense. Nas tais “redes sociais,” uma enorme onda de solidariedade. Os sem-noção de sempre, que postam fotos de cadáveres e tentam “faturar” com a tragédia, foram escanteados pela massa de posts e comentários cheios de dor e admiração, da avassaladora maioria. De todos os times, de todas as tribos, de todas as idades. Brasileiros e estrangeiros demonstram que sabem reconhecer o tamanho da perda. E, em memória dos que faleceram, é importante tentar recriar o sonho, com o mesmo espírito de luta e trabalho em equipe. Força Chapecó. Força Santa Catarina.


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