Donos do Beto Carrero vão pagar projeto para retomada da obra do parque linear
Moradores terão que ceder oito metros para obra do parque, mas poderão usar até quatro metros das “áreas de marinha”
João Batista [editores@diarinho.com.br]
MPF concordou com a proposta de ajuda da iniciativa privada. Áreas de restinga devem ser respeitadas
(foto: João Batista)
Em nova audiência sobre o impasse do Parque Linear na Orla da Praia da Armação, em Penha, na segunda-feira, a Justiça Federal deu encaminhamentos para uma nova etapa atrás de um acordo entre a prefeitura, a União e donos de imóveis afetados pelas obras.
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O principal avanço é que a empresa Alellys Administradora de Bens, que é parte da ação e que tem como sócio o presidente do Beto Carrero World, Alexandre Murad, propôs indicar e bancar ...
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O principal avanço é que a empresa Alellys Administradora de Bens, que é parte da ação e que tem como sócio o presidente do Beto Carrero World, Alexandre Murad, propôs indicar e bancar a contratação de um escritório de arquitetura para fazer o projeto arquitetônico e urbanístico do parque linear. A empresa deve prestar as informações iniciais sobre a contratação de escritório no prazo de 30 dias.
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O Ministério Público Federal (MPF) concordou com a proposta e a prefeitura aceitou a ajuda da iniciativa privada. O projeto do parque linear deve considerar os estudos iniciais e os recuos dos imóveis já acordados em audiência anterior. A readequação do projeto também deve levar em conta o respeito à legislação ambiental, garantindo a preservação da restinga e a compatibilidade orçamentária pra execução da obra.
Após os 30 dias do prazo para a contratação do projeto de arquitetura, o município terá 45 dias para se manifestar sobre as informações e o que será feito para adequação do parque. A manifestação poderá ser conjunta com os autores da ação. A ideia é que haja a consolidação de uma nova versão do projeto e a homologação de um acordo entre as partes para encerrar o impasse. Ainda poder rolar uma nova audiência de conciliação.
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Também ficou estabelecido que até o dia 20 de maio o município deve apresentar a demarcação das áreas, o que já era pra ter ocorrido neste mês, mas o prazo foi ajustado. As demarcações já ocorreram no local, mas alguns imóveis podem ter diferença de até um metro nas ocupações.
Para resolver a questão, o projeto arquitetônico do parque nestes pontos deve garantir a largura de oito metros do traçado, sem prejudicar a faixa de quatro metros de ocupação particular.
Segundo a Associação de Moradores da Praia de Armação, a contratação de um projeto adequado pra a implantação do parque foi proposta por Alexandre Murad, filho mais velho de Beto Carrero. Ele é presidente do parque Beto Carrero e sócio da Alellys Administradora de Bens junto com a irmã, Kelly Murad, e a mãe, Itel Janke Murad. A obra também poderá receber recursos privados pra sair do papel posteriormente.
Falta segurança
Invasões de imóveis viraram rotina após o início das obras (foto: Arquivo)
Os donos de imóveis também cobram providências da prefeitura pra garantir a segurança das casas da orla.
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A justiça considerou que a preocupação éválida, pois o trecho não conta com iluminação pública e os imóveis ficaram vulneráveis, contando apenas com cercas que foram erguidas após a suspensão das obras.
O acordo final deve considerar medidas de segurança, incluindo a iluminação e o bloqueio da circulação de veículos após a desocupação da área pra implantação do projeto.
O morador Roberto Bajdiuk relata que os imóveis já estão sofrendo com invasões. Ele conta que no final de semana o edifício Caravelas teve todos os apartamentos da frente arrombados durante a madrugada.
Avança o acordo
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A falta de projeto adequado e de licenças para o avanço do parque linear foi um dos pontos que levou à suspensão das obras após a ação dos moradores da orla afetados pelas obras. A questão está sendo discutida na justiça desde 2022. Na audiência na segunda-feira, as partes reafirmaram o interesse num acordo.
A proposta é que os moradores desocupem uma faixa de oito metros para a instalação do parque, podendo ficar nos quatro metros restantes do limite de 12 metros de área de Marinha que faz divisa com os terrenos particulares.
A adequação do projeto vale para o trecho sul do parque, a partir da rua Joaquim Sérgio Tavares, onde as obras seguem suspensas. Os trabalhos poderão ser retomados no trecho norte, na praia do Quilombo, desde que a prefeitura atenda aos requisitos da Secretaria do Patrimônio da União (SPU) e demais órgãos, e observe os critérios pra que as duas partes do projeto tenham “harmonia estrutural e arquitetônica”.
No Quilombo, já existia uma rua junto à orla e as obras iniciadas não afetaram imóveis particulares. Já na praia de Armação, as máquinas abriram caminho sobre área de restinga, derrubaram árvores, invadiram terrenos e destruíram muros e benfeitorias em imóveis à beira-mar, provocando a revolta dos moradores.
O juiz Charles Jacob Giacomini, da justiça federal em Itajaí, avaliou que o processo de conciliação avançou. “A marcha processual alcança uma nova etapa, marcada pela colaboração e pelo esforço de todos voltados para um objetivo comum: a definição do projeto do parque linear para posterior deliberação final das partes e construção de um documento final para homologação judicial”, escreveu.
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